LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
17º dia de junho
São Paulo resume todo o amor do Coração de Nosso Senhor
Jesus Cristo nesta frase: "Amou-me e
entregou-se por mim". Outra palavra do divino Espírito Santo que
mostra o amor infinito do Salvador pelos homens é esta profecia de Isaías:
"Foi oferecido em sacrifício, porque
ele mesmo quis" (Isaías 53, 7). Temos aqui a causa da Paixão e morte
do amantíssimo Salvador: o amor de seu adorável Coração por todos e por cada um de nós. Caríssimos,
na verdade, só o amor infinito do divino Coração de Jesus pode explicar a
maneira tão dolorosa e humilhante com que Nosso Senhor Jesus Cristo quis
realizar a obra da nossa redenção. Segundo a profecia de Isaías, assim foi
porque "Ele quis". Se, como afirma S. Paulo, entregou-se por mim e
fê-lo voluntariamente, é porque foi movido unicamente pelo amor de seu Coração. Porque, por
efeito da união hipostática da natureza divina à humana, todo ato do Homem-Deus
tinha valor infinito: uma lágrima, uma gota de sangue, uma oração, mesmo um
suspiro seriam suficientes para remir toda a humanidade. Mas como diz muito bem
São João Crisóstomo: "o que bastava para a redenção não bastava para nos
revelar o seu amor". Jesus quis mostrar de um modo bem patente a
imensidade do amor de seu Coração. Sendo Ele a própria inocência quis
VOLUNTARIAMENTE, padecer tristezas, quis ser saturado de opróbrios, humilhações,
dores e angústias. Foi traído, suas faces foram conspurcadas por escarros,
machucadas por tapas e bofetadas, todo seu corpo despedaçado por açoites, sua
sacrossanta cabeça ferida por uma coroa de espinhos penetrantes e que se
tornaram verdadeiro martírio porque enterrados mais fundos por golpes da cana.
Jesus quis que seu Sacratíssimo Coração fosse alvo de todas as humilhações.
Pois, quis ser condenado à morte como malfeitor. E morte na Cruz. E ele mesmo
carregou o madeiro no qual seria pregado e suspenso da terra. Quis permanecer
três horas suspenso e seguro por três pontiagudos cravos. Quis sofrer uma sede
horrível. Quis sofrer assim em todo seu corpo exterior e interiormente. E
também no espírito: a amargura e desolação infinitas.
E nesta cátedra de amor e de misericórdia, quais foram os
sentimentos do Coração amabilíssimo de Jesus? Pediu perdão para os que o
crucificaram, concedeu o Paraíso ao bom ladrão que se arrependeu, deu-nos, na
pessoa do discípulo amado, Maria Santíssima como nossa Mãe. Declarou que tinha
sede, com certeza sede física, mas para significar a sede mística de almas.
Inclinando a cabeça e encomendando o espírito a seu Pai, expirou. "Tudo
estava consumado": com o seu sacrifício, a obra da nossa redenção estava
realmente consumada. O Coração de Jesus desejou ardentemente esta hora do
supremo sacrifício, deste batismo de sangue, para salvar a humanidade. Estava
estendida a ponte entre o paraíso que perdemos e o paraíso que agora podemos
esperar pelos merecimentos infinitos do Coração do Salvador.
Jesus havia dito que Ele era a PORTA, a porta por onde suas ovelhas podem entrar no
Céu. Como tudo isto foi feito pelo amor infinito de Jesus e deste amor é
símbolo o coração, Jesus quis, que já consumada esta obra de supremo amor,
fosse patenteada esta porta e este refúgio; quis mostrar a ternura do seu
Coração, permitindo que fosse aberto o seu lado com uma lança, para dar-nos com
isso a entender que nos ficava aberta a entrada para o seu Coração, aonde
podemos sempre acolher-nos como a sagrado e doce refúgio.
Caríssimos, contemplemos agora, o Salvador cravado na cruz
por nosso amor, com a coroa de espinhos na cabeça, todo o seu corpo coberto de
sangue, com as quatro chagas dos cravos e a da lança. Estas cinco chagas abertas são como outras cinco
bocas que estão pedindo amor como explica Santo Agostinho: "Grava, Senhor,
as tuas chagas no meu coração, para que me sirvam de livro, onde eu possa ler a
tua dor e o teu amor: a tua dor para suportar por Ti toda a sorte de dores; o
teu amor para amar-Te ardentemente e para desprezar pelo teu todos os outros
amores." Disse S. Paulo: "O
amor de Cristo obriga-nos" (2 Cor. V, 14). E assim comenta São
Francisco de Sales: "Verdadeiramente nada move tanto o coração dos homens
como o amor... Ora, sabendo nós que Jesus Cristo, nosso verdadeiro Deus, nos
amou até sofrer por nós a morte, e morte na cruz, não é isto razão para ter os
nossos corações apertados e comprimidos para tirar deles todo o sumo precioso
do amor, com uma violência que, quanto mais forte é, mais deleitoso se
torna?" Amém!
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