LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA, dia 22º
Se o pecador não se confessar dos pecados mortais de que tem
lembrança, não recebe o perdão. Falo dos pecados lembrados, porque, esquecendo
involuntariamente um pecado, desde que a pessoa tenha um arrependimento geral
de todas as ofensas feitas a Deus, este pecado esquecido será perdoado; mas, se
a pessoa se lembrar dele depois, deve então confessá-lo.
No caso, porém, de a pessoa deixar voluntariamente de
declarar um pecado mortal, então deve acusar-se desta omissão, e renovar além
disso a confissão de todos os outros pecados já declarados; pois, a confissão
foi nula e sacrílega.
Santa Teresa d'Ávila, que vira o inferno, não deixava de
repetir aos pregadores: "Pregai, pregai contra as más confissões; pois, é
pelas más confissões que a maior parte dos cristãos se condena".
Caríssimos, é, na verdade, vergonhoso cometer o pecado, mas
não é vergonhoso livrar-se dele pela confissão. Aqui podem-se aplicar as
palavras das Sagradas Escrituras: "Há vergonha que leva ao pecado, e há vergonha
que traz consigo glória e graça" (Eclesiástico, IV, 25). Devemos fugir
da vergonha que nos torna inimigos de Deus pelo pecado, mas não da que, pela
confissão do pecado cometido, alcança a graça de Deus e a glória do céu.
Que vergonha houve para os santos convertidos e penitentes,
quando fizeram a confissão de seus grandes e inúmeros pecados? Assim: Santo
Agostinho, Santa Maria do Egito, Santa Margarida de Cortona, etc.? Foi pelas
suas confissões que adquiriram o céu, onde agora gozam de Deus. Quando Santo
Agostinho se converteu, não contente de confessar os seus pecados, ele os
consignou em um livro, para os tornar conhecidos de todo o mundo.
Santo Antônio de Lisboa (de Pádua) conta que um bispo viu um
dia o demônio ao lado de uma mulher que se dispunha à confissão, e lhe
perguntou o que fazia ali. O espírito maligno respondeu: "Estou
restituindo o que roubei; quando tentei esta mulher para pecar, tirei-lhe a
vergonha; agora, lha restituo, a fim de que não tenha coragem de confessar o
pecado". S. João Crisóstomo diz o seguinte: "Deus deu a vergonha para
o pecado, e a confiança à confissão. O demônio faz tudo ao contrário: liga ao pecado a confiança, e à confissão a vergonha".
Cuidado com o demônio mudo, muito cuidado com ele! Faz como
o lobo: este toma a ovelha pelo pescoço, para que ela não possa gritar; e,
segurando-a assim, a arrasta e a devora. Do mesmo modo age o demônio com certas
almas: toma-as pela garganta, impedindo-as de declarar o seu pecado. e, por este
meio, leva-as para o inferno.
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