domingo, 21 de julho de 2019

OCASIÃO NECESSÁRIA E ABSOLVIÇÃO


LEITURA ESPIRITUAL, dia 21º

Primeiramente quero lembrar que certas ocasiões, remotas para muitos, serão próximas ou quase próximas para aqueles que são mais inclinados ou mais habituados a algum vício, principalmente à impureza; vício este, que como diz Santo Tomás de Aquino, é de grande aderência. Se não afastam essas ocasiões, recairão sempre nas mesmas desordens.

Mas, dirá alguém, não me é possível separar-me dessa pessoa, não deixar aquela casa, sem ter com isso um grande prejuízo. Neste caso esta pessoa quer dizer que a sua ocasião não é voluntária, mas NECESSÁRIA. Dada a fraqueza humana, sobretudo nesta matéria de castidade, é evidente que o confessor não pode acreditar assim tão facilmente. Mas em casos indubitavelmente constatados, como agir? A pessoa que realmente se achar numa ocasião necessária,  deve empregar dois meios para transformar a ocasião próxima em remota, e  são: 1). oração, pedindo muito a Deus a fortaleza para não cair, e 2) evitar toda familiaridade com a pessoa com quem pecava. O confessor deve diferir a absolvição, afim de que o (a) penitente se aplique a fazer uso destes dois meios que consistem em se recomendar frequentemente a Deus e a evitar a familiaridade. É preciso que desde a manhã, ao levantar-se renove o bom propósito de não mais pecar, e suplique ao Senhor, não só de manhã mas ainda várias vezes no dia, diante do Santíssimo Sacramento, ante o crucifixo, ou a imagem da santa Virgem, a graça de não recair.

E que significa evitar toda familiaridade? Primeiro, nunca ficar a sós com a pessoa que foi cúmplice no pecado,  nunca lhe falar senão em caso de necessidade, e, apresentado-se a necessidade não o fazer senão com pesar e o estritamente necessário. Tornamos a frisar: ambos, devem passar algum tempo, e não muito breve, sem receber os sacramentos da penitência e da comunhão.

E perguntamos: Se, apesar de todos estes meios, os penitentes recaírem sempre em seus pecados, que remédio restaria para eles? Então o único é o que o divino Mestre prescreveu no Evangelho: Se o vosso olho vos escandaliza, arrancai-o e lançai-o longe de vós. Vale mais perder o vosso olho do que conservá-lo e ir para o inferno. Assim, em um tal caso, é preciso resolver-se absolutamente, ou a afastar a todo preço a ocasião, ou a sujeitar-se à eterna condenação.


E, caríssimos, hoje muitos dirão que isto é falta de misericórdia, é uma interpretação rigorista dos Evangelhos. Respondemos que as palavras de Jesus foram sempre assim interpretadas pelos Santos Padres da Igreja. E assim, devemos dizer que agir de modo diverso é monstruosa falta de caridade. Porque podemos perder tudo neste mundo, mas nunca podemos perder a nossa alma.  É bom e salutar meditarmos mais na vida dos santos mártires. Pedir uma fé mais viva e um amor mais ardente a Nosso Senhor. Amém!

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