LEITURA ESPIRITUAL, dia 21º
Primeiramente quero lembrar que certas ocasiões, remotas
para muitos, serão próximas ou quase próximas para aqueles que são mais
inclinados ou mais habituados a algum vício, principalmente à impureza; vício
este, que como diz Santo Tomás de Aquino, é de grande aderência. Se não afastam
essas ocasiões, recairão sempre nas mesmas desordens.
Mas, dirá alguém, não me é possível separar-me dessa pessoa,
não deixar aquela casa, sem ter com isso um grande prejuízo. Neste caso esta
pessoa quer dizer que a sua ocasião não é voluntária, mas NECESSÁRIA. Dada a
fraqueza humana, sobretudo nesta matéria de castidade, é evidente que o
confessor não pode acreditar assim tão facilmente. Mas em casos
indubitavelmente constatados, como agir? A pessoa que realmente se achar numa
ocasião necessária, deve empregar dois
meios para transformar a ocasião próxima em remota, e são: 1). oração, pedindo muito a Deus a
fortaleza para não cair, e 2) evitar toda familiaridade com a pessoa com quem
pecava. O confessor deve diferir a absolvição, afim de que o (a) penitente se
aplique a fazer uso destes dois meios que consistem em se recomendar
frequentemente a Deus e a evitar a familiaridade. É preciso que desde a manhã,
ao levantar-se renove o bom propósito de não mais pecar, e suplique ao Senhor,
não só de manhã mas ainda várias vezes no dia, diante do Santíssimo Sacramento,
ante o crucifixo, ou a imagem da santa Virgem, a graça de não recair.
E que significa evitar toda familiaridade? Primeiro, nunca
ficar a sós com a pessoa que foi cúmplice no pecado, nunca lhe falar senão em caso de necessidade,
e, apresentado-se a necessidade não o fazer senão com pesar e o estritamente
necessário. Tornamos a frisar: ambos, devem passar algum tempo, e não muito
breve, sem receber os sacramentos da penitência e da comunhão.
E perguntamos: Se, apesar de todos estes meios, os
penitentes recaírem sempre em seus pecados, que remédio restaria para eles?
Então o único é o que o divino Mestre prescreveu no Evangelho: Se o vosso olho vos escandaliza, arrancai-o
e lançai-o longe de vós. Vale mais perder o vosso olho do que conservá-lo e ir
para o inferno. Assim, em um tal caso, é preciso resolver-se absolutamente,
ou a afastar a todo preço a ocasião, ou a sujeitar-se à eterna condenação.
E, caríssimos, hoje muitos dirão que isto é falta de
misericórdia, é uma interpretação rigorista dos Evangelhos. Respondemos que as
palavras de Jesus foram sempre assim interpretadas pelos Santos Padres da
Igreja. E assim, devemos dizer que agir de modo diverso é monstruosa falta de
caridade. Porque podemos perder tudo neste mundo, mas nunca podemos perder a
nossa alma. É bom e salutar meditarmos
mais na vida dos santos mártires. Pedir uma fé mais viva e um amor mais ardente
a Nosso Senhor. Amém!
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