LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
É evidente que, para a confissão ter valor, é necessário que
o penitente apresente todas as boas disposições e faça, antes, durante e depois
os atos necessários.
Pois bem! Este sacramento, para ser bem recebido, exige
principalmente cinco coisas da parte do penitente:
1.
A DOR dos pecados cometidos, com O BOM PROPÓSITO
de não mais cometê-los.
2.
A CONFISSÃO inteira das faltas cometidas. Mas,
para que o penitente possa confessar todos os seus pecados, e conceber deles
uma verdadeira dor, deve fazer anteriormente com cuidado O EXAME DE
CONSCIÊNCIA.
3.
A SATISFAÇÃO, ou o cumprimento da penitência
imposta pelo confessor.
Comecemos pelo EXAME DE CONSCIÊNCIA, que é realmente a primeira coisa que o penitente
deve fazer. O que vou escrever sobre este assunto, é inteiramente inspirado nos
escritos de Santo Afonso Maria de Ligório, o maior doutor da Igreja em Teologia
Moral.
Neste ponto, devemos explanar duas questões: 1ª - Como é
preciso fazer este exame? E 2ª - Desde quando se deve fazer?
1. COMO É PRECISO FAZER O EXAME DE CONSCIÊNCIA? Caríssimos,
é preciso fazê-lo COM CUIDADO. Neste particular há quem peca por excesso e quem
peca por falta. Em outras palavras: há quem se examina demasiadamente, e
outros não fazem o suficiente.
Os primeiros são os escrupulosos, que se examinam sempre, e
não estão nunca satisfeitos. Assim preocupados, aplicam-se pouco em conceber
uma verdadeira dor de suas faltas e o bom propósito de corrigir-se; e depois,
estes escrupulosos tornam-lhes odioso o próprio sacramento a ponto de para eles
ir a confissão é equivalente a ir a um martírio.
Na verdade, o exame de consciência para a confissão não
exige um cuidado extremo; basta que se o faça COM CUIDADO, procurando
lembrar-se de todos os pecados cometidos depois da última confissão.
Entretanto, como ensina Santo Afonso, este exame deve ser proporcionado ao
estado da consciência do penitente: se não se confessou desde muito tempo, e
tem caído em várias faltas graves, deve dar-lhe mais cuidado; mas, si se
confessou há pouco tempo, e não cometeu senão pequeno número de faltas, seu
exame exige menos indagações, e assim são suficientes poucos minutos de exame.
Se finalmente, depois de um exame cuidadoso, reste algum pecado do qual não se
lembrou, contanto que tenha um arrependimento geral de todas as faltas
cometidas, este pecado esquecido é perdoado com os outros: somente, se for
lembrado depois, há obrigação de o declarar na confissão seguinte. Não é
preciso se confessar logo que lembrou do pecado que tinha esquecido na
confissão, basta que na confissão seguinte que fizer, conte o pecado que, na
verdade, já está perdoado, mas deve ser submetido ao poder das chaves.
Quando o confessor ordena a uma pessoa escrupulosa que não
repita certas coisas na confissão, ele deve calar-se e obedecer. São Filipe
Nery dizia: "Aqueles que desejam fazer progressos no caminho de Deus devem
obedecer ao seu confessor, que ocupa o lugar de Deus; quem procede assim está
certo de não dar a Deus conta do que faz". E São João da Cruz: "Não
obedecer à decisão do confessor é orgulho e falta de fé". Realmente, porque o Senhor disse aos seus
ministros: "Quem vos ouve a mim
ouve".
Se há consciências escrupulosas, há também as que são laxas.
Os escrupulosos, se obedecem ao confessor, se curam e podem estar seguros,
porque têm facilidade em chegar a possuir a consciência ideal que é a
DELICADA. Assim, a situação dos que têm
consciência laxa, é bem mais perigosa. Pois, cometem pecados mortais sem
número, e esquecem-se facilmente deles, porque não se comovem o suficiente.
Fazem o pecado com a mesma facilidade ( para não dizer naturalidade), com que
se estivessem bebendo um copo d'água. Depois se acusam apenas daqueles que lhes
vêm à mente no momento da confissão, de modo que às vezes não é confessada nem
a metade das faltas. Tais confissões nada valem; melhor seria que não fossem
feitas. Devemos pedir muito a Deus uma consciência reta, certa e delicada!
Nenhum comentário:
Postar um comentário