quinta-feira, 2 de março de 2017

ABSOLVIÇÃO RECUSADA


Caríssimos, Jesus deu aos sacerdotes o poder de perdoar ou não perdoar. O confessor tem obrigação de recusar a absolvição a quem não está arrependido, a quem por exemplo, apesar das advertências paternais do sacerdote, não quer de modo algum deixar a ocasião próxima fumegante de pecado. Só para dar um exemplo: alguém divorciado(a) da(o) verdadeira(o) esposa(o), vive com outra(o) e não quer se separar e deixar a vida adúltera. O confessor deve fazer de tudo para converter esta pessoa que está no adultério, e, não o conseguindo, nega-lhe a absolvição e consequentemente veda-lhe a comunhão. O confessor deve dizer a esta pessoa impenitente que ela está em perigo de condenação, está na ladeira escorregadia do inferno, e, se comungar, estará comendo sua própria condenação.

É muito duro para o confessor, ver-se obrigado a chegar a este extremo! A maior alegria do sacerdote é celebrar o Santo Sacrifício e salvar almas no confessionário. Mas o sacerdote zeloso, deve dizer para Jesus Cristo: - Mestre, fiz o que pude com a vossa graça; agora continuarei rezando e fazendo alguma penitência para conversão deste pecador(a).

Mas, caríssimos, infelizmente, há certos cristãos que murmuram e se irritam quando não recebem a absolvição. Esquecem que o confessor é seu pai, mas é também seu juiz. Conceder muito facilmente a absolvição seria favorecer a desordem em lugar de impedi-la, pois muitos pecadores não compreendem a gravidade do pecado e a necessidade de romper com a má ocasião, senão quando a absolvição lhes é adiada. Além disto, para o pecador indisposto, a absolvição longe de ser um bem seria um mal e em vez de justificá-lo, não faria senão torná-lo mais indigno e mais criminoso diante de Deus. Infeliz do confessor que desse a absolvição, sabendo que deveria em consciência recusá-la! Profanaria o sangue de Jesus Cristo.

Então, que deve fazer o pecador a quem foi recusada a absolvição? São quatro coisas:

1.       Não deve desesperar, pois a recusa da absolvição não tem por fim a perda do pecador, mas antes sua emenda e sua salvação. Quando o confessor se vê obrigado a negar a absolvição, ele faz isto lembrado da palavra do Senhor: "Eu não quero a morte do pecador".
2.       É preciso que se converta deplorando suas faltas, pondo em prática os avisos do confessor, e procurando tornar-se digno o mais depressa possível da misericórdia de Deus segundo aquilo que lemos em Ezequiel, XXXIII, 11: "Quando eu disser ao ímpio: Vós morrereis certamente; se ele fizer penitência, viverá e não morrerá". Aqui é oportuno lembrar que penitência deve ser primeiramente interior, e em consequência desta, devem haver as penitências exteriores. Como diz o Divino Espírito Santo pela boca do profeta Joel: "Deveis rasgar os vossos corações". Daí, de nada adiantaria o pecador fazer até grandes penitências exteriores se não estivesse arrependido interiormente, o que significa ter vontade decidida de deixar as ocasiões do pecado.
3.       Deve orar muito. Sem a oração é impossível arrepender-se, sair do pecado, resistir às tentações; mas Deus nunca recusou sua graça e sua misericórdia àquele que a implora.
4.       É-lhe preciso principalmente a humildade. Pobres pecadores, reconhecei  os vossos erros e Deus terá piedade de vós: "Deus não repele o coração contrito e humilhado" (Salmo 50). Diz São Gregório: "O orgulhoso traz em sua fronte o selo da reprovação". O s humildes, porém, embora tenham sido os maiores pecadores do mundo, são marcados com o selo da predestinação ao Céu. Isto por que?  É que: "Deus resiste ao soberbos, e dá sua graça aos humildes" (1 Pedro, V, 5). "Eu pequei antes de ser humilhado", dizia Davi; depois exclama: "Foi-me bom ter sido humilhado" (Salmo 118, 67-71). Caríssimos filhos espirituais, dizei com Jó: "Eu pequei, ofendi verdadeiramente a Deus, e não tenho sido castigado como o merecia" (Jó, XXXIII, 27).
5.       Se com tais sentimentos, fordes, caríssimos, procurar o confessor, ele vos receberá de braços abertos, e exclamará feliz como o pai do filho pródigo: "Meu filho estava perdido, e ei-lo achado; estava morto, ei-lo ressuscitado" (S. Lucas, XV, 24). Reconhecereis então que o confessor, bem longe de ser vosso inimigo, é ao contrário o vosso mais devotado amigo. Reconhecereis que ele, se vendo obrigado a negar a absolvição, usou da verdadeira misericórdia; se desse, porém, a absolvição sem estardes bem dispostos, aí sim, teria cometido um ato de monstruosa impiedade. Vereis, portanto, que ele vos amava mesmo quando pecador, com os sentimentos do bondoso São Francisco de Sales, que não temia dizer: "Eu amo os homens maus e não há senão Deus que os ame mais do que eu". Amém!


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