LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
1. É PREJUDICIAL: A
confissão geral para os escrupulosos, podemos dizer que é prejudicial. As almas
escrupulosas são obrigadas a sujeitar-se, neste ponto, às decisões do seu
confessor.
2. É INÚTIL às pessoas que já as têm feito várias vezes com
todo o cuidado conveniente, e que continuam a fazer bem as suas confissões
ordinárias.
3. É ÚTIL: Salvo raras exceções, podemos dizer que a
confissão geral, mesmo que não fosse necessária, é útil a todos os fiéis,
principalmente àqueles que nunca a fizeram. Quem já a fez bem feita, sobretudo
no tempo mais propício que é o Retiro, e depois ficou inteiramente tranqüilo,
não precisa fazer senão confissão extraordinária, ao seja, a partir da
confissão geral bem feita. É o que fazem as pessoas que todos os anos têm a
graça de participar do Retiro. Só no primeiro retiro se faz a confissão geral.
Os santos recomendam a confissão geral nas épocas mais importantes da vida, por
exemplo: na primeira comunhão, em tempo de missão, no retiro, antes de entrar
para a vida religiosa, e, principalmente no leito de morte.
Caríssimos, nada mais vantajoso que a confissão geral,
quando é feita com cuidado e preparada com reflexão e oração, sobretudo quando
feita no Santo Retiro. Para várias pessoas é o começo e o fundamento de vida
melhor. Uma senhora, fazendo retiro, escreveu a sua confissão geral. Ora, no
momento em que acabava de meditar no inferno e estava muito comovida com o
pensamento dos suplícios eternos, lançou os olhos sobre o papel em que tinha
escrito todos os pecados da sua vida. `A vista de tantas faltas, exclamou:
"Oh! quanta lenha para o fogo eterno! Não haveria meio de a
destruir?" Esta reflexão determinou-a a renunciar para sempre às
frivolidades do século e a levar vida retirada e edificante.
Além disso, a confissão geral repara as negligências e os
defeitos que se deixam passar tão facilmente nas confissões ordinárias, alivia
essas mil inquietações e essas dúvidas que por vezes assaltam a consciência;
anima a alma adormecida no serviço de Deus, vivendo na tibieza e na frouxidão;
enfim, redobra o ardor daqueles que trabalham para a sua perfeição. S. Carlos
Borromeu costumava fazê-la todos os anos. S. Francisco de Sales, entre outros
elogios que faz da confissão geral, diz: "Ele nos inspira salutar confusão
da nossa vida passada, e nos faz admirar os rasgos da misericórdia de Deus, que
nos excitam a amá-Lo e a servi-Lo com mais fervor".
A confissão geral é muito particularmente uma fonte de paz
para o hora da morte. Oh! que consolação para um moribundo ter feito bem as
suas contas em plena saúde! O homem sensato tem cuidado de prover a tempo o seu
futuro. No reino de Aragão, um fidalgo da corte foi lançar-se aos pés de um
missionário, e lhe disse: "Padre, eu queria fazer uma confissão
geral". O padre lhe perguntou qual o motivo que o induzia a essa
resolução. "Ah! respondeu ele suspirando: não devo morrer? Então, depois
de ter levado uma vida tão criminosa, como poderia eu morrer tranquilamente sem
ter feito uma confissão geral com todo o cuidado possível? Se espero, continua
ele, o último momento, minha mulher, meus filhos, as ocupações, o temor da
morte, a moléstia, tirar-me-ão a presença de espírito: que imprudência a minha,
deixando para fazê-la no meio de tantas penas e embaraços! Consenti que eu
aproveite uma tão boa ocasião".
Caríssimos, procedamos como este homem sensato. Se ouvirmos
a voz de Deus, não endureçamos o nosso coração. Aquele fidalgo, ouviu a
inspiração da graça, e esta não foi vã para ele. Segui-a imediatamente. Façamos
o mesmo! E assim a confissão geral será para nós, como afirmam os santos, um
segundo batismo, uma quitação de todas as nossas dívidas para com a justiça
divina, um passaporte em regra para a entrada no céu. Amém!
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