LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
É óbvio, mas nunca será demais lembrar que os efeitos
maravilhosos da absolvição sacramental, só existirão quando a confissão for bem
feita. E, com a graça de Deus, vamos hoje meditar em mais um importantíssimo
efeito da confissão: o pecador, recuperando a graça santificante, passa a
merecer novamente, isto é, volta a fazer obras que têm merecimento sobrenatural
para a vida eterna.
Na verdade, a confissão bem feita comunica-nos a graça
santificante, como já meditamos em postagem anterior. Ora, esta graça é que nos
torna capaz de fazer obras meritórias. A
alma morta pelo pecado grave não pode se mover e dar frutos salutares para a
vida eterna. Dizemos na Teologia que as obras embora boas que se praticam
enquanto o pecador ainda está no estado de pecado mortal, são obras
"MORTAS". E estas nunca ressuscitarão. Mas as obras boas que uma
pessoa tenha praticado enquanto estava na graça de Deus, estas obras, digo, são
meritórias para o céu, são sobrenaturais. Todas, no entanto são perdidas com o
pecado mortal. São obras chamadas na Teologia de "MORTIFICADAS".
Estas é que são ressuscitadas pelas absolvição sacramental. E além disso, como
veremos agora, a partir daí, isto é, recuperada que foi a graça santificante, a
alma volta a merecer sobrenaturalmente, ou seja, passa novamente a fazer obras
meritórias que têm valor para o céu.
Esta graça santificante é, na expressão do próprio Jesus
Cristo, "aquela fonte de água viva
que jorra para a vida eterna" (S. João, IV, 14). O filho adotivo de
Deus, que dirige suas obras a Deus, dá a estas obras um valor sobrenatural e
divino, que as torna dignas do céu, porque são obras da graça do Espírito Santo
que habita em nós. Quando uma alma está na graça de Deus e a pessoa oferece
suas ações a Deus, estas obras são divinizadas. E Deus as aceita e as julga
dignas de uma recompensa eterna, sendo que cada uma produz em nós, segundo o
Santo Concílio de Trento, "um aumento de graça nesta vida e um igual grau
de glória na outra".
Conta-se que um dia, S. Francisco de Assis, chegando às
portas da cidade de Senna, aí fincou seu bordão e no mesmo instante esse pedaço
de pau seco, criou raízes, cobriu-se de folhas, de flores e frutos. A alma no
estado de pecado mortal é uma árvore morta que não pode produzir frutos para a
vida eterna. Ninguém pode ressuscitar os mortos senão Deus e aqueles a quem
Deus comunica o seu infinito poder. Pois bem, Deus deu ao confessor o poder
admirável de dar a vida às almas mortas pelo pecado mortal, por meio da
absolvição sacramental. A graça santificante que as almas recuperam então, como
uma seiva divina torna-as capazes de produzir obras sobrenaturais e meritórias.
"Eu sou a vinha, disse Jesus, e vós sois as varas. Aquele que permanece
em mim e eu nele, produz muito fruto" (S. João XV, 5).
Caríssimos, que tesouro de merecimentos pode ajuntar uma
alma em estado de graça! A cada instante, em cada uma de suas ações, em cada
uma de suas afeições, a alma pode adquirir uma glória eterna. Todo ato de amor
que ela pratica merece um paraíso à parte. Ah! se os pecadores compreendessem
bem esta verdade, não ficariam um só instante em estado de pecado. Este é aquele tesouro que Nosso Senhor Jesus
Cristo manda a gente juntar lá no céu, tesouro este que o ladrão da morte não
rouba, a traça não rói nem a ferrugem consome!
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