LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
Santo Ambrósio (séc. IV) dizia: "Segundo a declaração
de Nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que tem o poder de ligar tem também o de
desligar. É um direito reservado exclusivamente aos padres. Os verdadeiros
padres são os que a Igreja ordena. Aquele que recebeu o Espírito Santo pela
ordenação, recebeu o poder de ligar como o de desligar os pecadores. Porque
está escrito: recebei o Espírito Santo, os pecados serão remitidos a quem os
remitirdes e retidos a quem os retiverdes. Deus prometeu a todos a sua misericórdia,
e deu a todos os seus padres o direito ilimitado de conceder perdão (De
poenit., c. 2). Deus conhece tudo, mas espera
a vossa confissão, não para vos castigar, mas para vos perdoar"
(Procec.).
Orígenes, (+ 254), disse: "Declararei a minha iniquidade.
Já dissemos, mais de uma vez, que por essas palavras devemos entender a confissão dos pecados. Assim, vede o
cuidado que a Escritura toma em dizer-nos que não se devem esconder os pecados
no coração. Assim como se procura alívio vomitando a bílis que sobrecarrega o
estômago, assim os que escondem os pecados no coração ficam como sufocados e
não podem ser curados senão pela acusação de suas faltas: é uma espécie de
vomitório salutar. Examinai somente, com cuidado, qual será aquele a quem ides
de preferência confessar os vossos
pecados. Escolhei, antes de tudo, um médico a quem possais expor as vossas
enfermidades espirituais, que saiba chorar e sofrer convosco, e segui
exatamente todos os conselhos que ele vos der" (Hom. em Os. 37).
Vamos ouvir agora um bispo do século 3º e que foi a honra da
Igreja da África, São Cipriano: Ele louva os que, culpados de pecados por
pensamento, vão confessar-se aos
ministros de Deus, com dor e simplicidade, descobrindo os segredos de sua
consciência (Cf. O. De Lapsis).
Tertuliano (séc. II): "Muitos evitam confessar os seus
pecados porque têm mais cuidado com a sua honra do que com a sua salvação.
Imitam esses doentes que, acometidos de um mal secreto, o escondem ao médico,
deixando-se assim morrer, Será, pois, preferível condenar-vos escondendo os
vossos pecados, do que salvar-vos
confessando-os? (De Poenit. c. 10).
São Clemente, sucessor de S. Pedro, dizia no 1º século:
"Aquele que tem cuidado com sua alma, não tenha vergonha de confessar os seus pecados afim de
obter o perdão. S. Pedro, acrescentava ele, mandou descobrir aos Padres até os
maus pensamentos. Enquanto estamos sobre a terra, convertamo-nos, pois, uma vez
na eternidade, não poderemos mais confessar-nos
nem fazer penitência" (In Epist. 2 ad Cor.).
Enfim escutemos S. João Evangelista, ele que recebeu
diretamente da boca do próprio Filho de Deus a instituição do Sacramento da
Penitência: "Se confessarmos os
nossos pecados, Deus, que é justo e fiel, nos perdoará" (1 João, I,
9). Por estas palavras, diz Santo Afonso, deve-se entender a confissão sacramental. Segundo o mesmo
santo Doutor da Igreja, vemos na Escritura os primeiros cristãos acusando-se
aos pés dos Apóstolos. Os cristãos efésios, que tinham abraçado a fé, e, por
conseguinte, recebido o batismo, assustados com os castigos infligidos aos
profanadores do nome de Jesus, vinham, diz S. Lucas, em grande número, confessar e declarar a Paulo o que
tinham feito, não seus milagres, como diz tolamente Lutero, mas sim seus
pecados e ofensas, como diz a versão siríaca, e como o exige o contexto: e vários, que se entregaram a vãs
curiosidades, trouxeram seus livros e os queimaram em presença de todos (Atos,
XIX, 18). - A confissão existe, pois, desde o tempo dos Apóstolos.
Caríssimos, onde está, pois, o poder que levou os fiéis, há
20 séculos a confessarem aos sacerdotes as suas faltas e pecados? Ele se acha
nestas palavras que Jesus Cristo disse aos apóstolos e aos seus sucessores no
sacerdócio: "Os pecados serão
remitidos a quem os remitirdes, e serão retidos a quem os retiverdes".
Conclusão: Portanto, caríssimos, a Confissão vem de Deus,
foi Nosso Senhor Jesus Cristo que a instituiu: Confira S. João XX, 21 a 23.
Está muito claro, e por isso, os Santos Padres, os Concílios, enfim toda
Tradição da Igreja sempre o reconheceu. E é bom notarmos que este sacramento só
existe na verdadeira Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Igreja, Una,
Santa, Católica, Apostólica e Romana.
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