LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
Em artigos anteriores já tive oportunidade de mostrar como o
Sacramento da Penitência constitui a obra prima da misericórdia divina. Ao tratar dos efeitos da confissão
poderemos constatar ainda melhor esta verdade. É óbvio que todas os
maravilhosos efeitos da confissão se dão quando o pecador está bem disposto. Do
contrário, é claro, este grande remédio, seria transformado pelo pecador, em
veneno, ou, no mínimo o inutilizaria.
PRIMEIRO EFEITO: O perdão de todos os pecados cometidos
depois do batismo. É de fé, pois Nosso Senhor Jesus Cristo disse: "Os pecados serão perdoados àqueles a
quem vós os perdoardes" (S. João XX, 23). Assim, pois, no mesmo
instante em que o confessor diz: Ego te
absolvo...etc., m pecador, por mais criminoso que seja, deixa de ser
pecador diante de Deus: todos os seus pecados são apagados, contanto, como já
acabamos de notar, que ele tenha as disposições necessárias. E, caríssimos, e
necessário ressaltar que os pecados são APAGADOS, e não ENCOBERTOS, como loucamente têm
pretendido os protestantes. S. João Batista dizia mostrando o Salvador: "Eis o Cordeiro de Deus que apaga (tira) os
pecados do mundo" (S. João I, 29). O que é encoberto existe ainda; o
que é apagado é inteiramente destruído.
E absolvição apaga os pecados para toda a eternidade. É o que significam estas palavras das
Sagradas Escrituras: "Deus lançará
todas as nossas iniquidades no fundo do mar (Miquéias VII, 19). "Vós
lançastes meus pecados para traz das vossas costas" (Isaías, XXXVIII, 17).
"Se o pecador fizer penitência, não me lembrarei mais das iniquidades que
cometeu" (Ezequias, XVIII, 21). E isto não uma vez, nem sete vezes,
porém, tantas quantas o pecador se confessar com arrependimento, como o
decretou o Santo Concílio de Trento.
Além disto a absolvição perdoa todos os pecados, por mais numerosos e por mais enormes e
extraordinários que sejam: "TUDO que desligardes na terra, será desligado
no céu" (S. Mateus XVI). Quem diz TUDO não excetua coisa alguma.
Um exemplo: Uma mulher de má vida, atravessando um dia uma
igreja para encurtar seu caminho, viu um grande número de pessoas que entravam
com ânsias, e que pareciam estar à espera de alguma coisa extraordinária.
Curiosa por saber o que se ia passar, tomou lugar como as outras; e aumentando
a multidão ela achou-se logo cercada de tal modo, que lhe foi de todo
impossível retirar-se. Algum tempo depois, um missionário subiu ao púlpito, e
pregou sobre a bondade de Deus para com os pecadores. Ele repetia várias vezes:
"Para todo o pecado há misericórdia, contanto que o pecador se arrependa
dele". Aquela mulher, que tudo tinha escutado com atenção, prendeu-se
principalmente a essas palavras que a tinham tocado. Assim que terminou o
sermão, ela atravessou a multidão aproximando-se do pregador. No momento em que
este descia do púlpito, disse-lhe pressurosa: "é verdade, padre, que para
todo o pecado há misericórdia? - Nada mais certo, respondeu ele; Deus perdoa a
todos os pecadores contanto que se arrependam.
- Mas, replicou a mulher, há várias espécies de pecadores; Deus perdoará
a todos indistintamente? - Sim, respondeu o pregador, contanto que eles
detestem todos os seus pecados. -
Perdoará Deus a mim, que há 15 anos cometo os maiores pecados? - Sem
dúvida, se quiserdes arrepender-vos e não cometê-los mais. - Se
assim é, peço-vos marcar-me uma hora para me ouvir em confissão. - Ouvir-vos-ei hoje mesmo, preparai-vos, que
estarei às vossas ordens daqui a pouco". O missionário voltou alguns
instantes depois, para ouvi-la. A confissão da pecadora durou muito tempo,
terminando só à noite. Antes de retirar-se, ela disse: "Padre, não posso
voltar para casa sem me expor ao perigo de cair nos mesmos pecados. Não poderíeis
procurar-me um asilo para este noite? O missionário mostrou-lhe como isto não
podia em hora tão avançada. Resolveu-se então a mulher a ficar na igreja até o
dia seguinte, sendo que no dia seguinte foi encontrada morta, em uma capela
dedicada â Santíssima Virgem; estava de joelhos, com a face prostrada sobre o
chão molhado das lágrimas que ela tinha derramado. Chorara tão amargamente os
seus pecados, que morrera de dor.
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