LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
O poder de perdoar pecados é um poder divino. É o que
estamos demonstrando.
Este poder sublime, Nosso Senhor Jesus Cristo deu-o aos seus
Apóstolos no dia de sua Ressurreição. As portas da casa, onde os discípulos se
tinham reunido, estavam fechadas, tal o medo aos judeus; e Jesus, aparecendo no
meio deles, disse-lhes: "A paz seja convosco. Dito isto, mostrou-lhes as
mãos e o lado. Alegraram-se, pois os discípulos ao ver o Senhor. Ele disse-lhes
novamente: A paz seja convosco. Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio
a vós. Tendo dito estas palavras, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei
o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão; e àqueles
a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (S. João, XX, 19 a 23).
O Santo Concílio de Trento acrescenta: Se alguém disser que
por estas palavras ("recebei o
Espírito Santo... etc.) do Salvador não se deve entender o poder de perdoar ou
reter os pecados pelo sacramento da Penitência, seja anátema (C. T. ss. XIV,
Cânon 3).
Devemos provar que este poder é permanente na Igreja, ou
seja, deve durar até o fim do mundo. Porque o fim que Nosso Senhor Jesus Cristo
se propôs dando à Igreja o poder das chaves é de livrar os fiéis dos laços do
pecado e de lhes abrir as portas do céu. Está claro que este poder deve durar
enquanto existir pecado para perdoar e tanto quanto durar a Igreja. Ora, sempre
haverá pecados que perdoar; porque tal é a fragilidade humana que ninguém há
que durante a vida não cometa faltas graves ou leves. O poder de absolver não
será menos necessário nos últimos séculos do que o foi no primeiro. Demais a
Igreja tem o promessa da imortalidade ou indefectibilidade que garante a sua
existência até a consumação dos séculos. Logo, o poder que ela recebeu para
perdoar os pecados é permanente e não acabará senão no fim do mundo.
Devemos considerar, outrossim, que Jesus Cristo deu aos seus
Apóstolos e a seus legítimos sucessores duplo poder: o de ligar e desligar as
consciências e o de perdoar e reter os pecados; em outras palavras, Ele os fez
juízes das consciências. Jesus deixou, como diz o Concílio de Trento, aos
padres, seus vigários, como presidentes e juízes aos quais os fiéis devem
confessar os pecados mortais que tiverem cometido, afim de que, em virtude do
poder das chaves, eles pronunciem a sentença que perdoa ou retém os pecados. É
claro que os padres não poderiam julgar sem conhecimento de causa. Daí, vem que
os penitentes devem enumerar na confissão todos os pecados mortais de que se
reconhecem culpados. Este poder judiciário não o podem exercer arbitrariamente;
eles devem, antes de pronunciar a sentença, conhecer a causa de cada um. Vamos
falar sobre isto, se Deus quiser, na próxima leitura espiritual.
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