Caríssimos, a primeira tábua de salvação é o santo Batismo.
Em se tratando do batismo de adultos, como era mais freqüente e comum nos
primórdios do Cristianismo, por causa da conversão dos pagãos, o batismo, digo,
elimina o pecado original (mas não a concupiscência) e perdoa todos os pecados
e penas temporais por eles devidas. Mas o Batismo não se reitera, ou seja, só
se recebe uma vez. Assim sendo, se os homens fossem capazes de ter a felicidade
de não pecar mais, e, portanto, conservassem a inocência, não seria necessário
outro sacramento para perdoar pecados. Mas Deus conhecendo nossa fragilidade e
prevendo as nossas quedas, em sua infinita misericórdia, estabeleceu um remédio
para fazer reviver os fiéis que recaíssem sob o poder do demônio ao cometer o pecado. Este remédio é o sacramento da
Penitência, que, por isso, mesmo é chamado a segunda tábua de salvação. E, como
teremos ensejo de meditar em outras postagens, este sim, pode ser repetido, não
só sete vezes como pensava São Pedro, mas setenta vezes sete, isto é, sempre,
desde, é claro, que o penitente esteja sempre sinceramente arrependido e faça a
confissão com todas as condições requeridas; o que teremos ocasião também de
ainda meditarmos.
Quero, caríssimos, lembrar aqui, de passagem apenas, que a
Penitência pode ser considerada como VIRTUDE, e como SACRAMENTO. Como virtude
moral leva a alma a detestar o pecado, por ser uma ofensa a Deus, e de formar o
firme propósito de evitá-lo para o futuro, e de satisfazer à justiça divina. É
sobrenatural, interior, universal, isto é, abrangendo todos os pecados mortais,
e é máxima, ou seja, por ela detestamos o pecado acima de tudo, pois é o mal
absoluto.
A Penitência como Sacramento foi instituído por Nosso Senhor
Jesus Cristo em forma de julgamento, para perdoar pela absolvição sacramental
os pecados cometidos depois do batismo, aos fiéis que os confessarem com
verdadeira contrição.
A virtude da penitência é indispensável desde o pecado de
Adão e sê-lo-á até o fim do mundo para a reconciliação com Deus. Assim, para
obter-se o perdão dos pecados foi e será sempre necessário, e indispensável
como meio para a salvação, que se detestem os pecados, que se tenha firme
propósito de não mais os cometer e de satisfazer desta forma à divina Justiça
ofendida. Antes de Nosso Senhor Jesus Cristo, nenhum pecador podia obter o
perdão senão pela virtude da penitência. Mas, depois que Jesus Cristo elevou a
virtude da penitência à dignidade de sacramento, a simples virtude da
penitência não basta, como no Antigo Testamento, para perdoar os pecados, mas é
necessário, como meio indispensável para a salvação, receber o sacramento, ao
menos em desejo, como já foi explicado. Assim, quando sinto verdadeira dor de
minhas faltas com a firme vontade de não mais cometê-las para o futuro, e de
satisfazer à divina Justiça, tenho a virtude da penitência. Se em seguida,
penetrado dos mesmos sentimentos, for confessar ao sacerdote, com sua
absolvição, recebo o sacramento da penitência.
Caríssimos, como devemos lamentar a ignorância daqueles que
pretendem receber o sacramento da Penitência, sem ter nenhum espírito de
penitência!!! Às vezes, talvez mais do que a ignorância, é a tibieza, a rotina,
o costume, a formalidade o responsável motivo de confissões nulas. E é bom
notar desde já, quando o pessoa tem consciência de que não possui a virtude da
penitência, e mesmo assim, mais por que tudo mundo está indo se confessar, e
vai também, neste triste caso, a confissão, além de nula, é outrossim sacrílega,
porque é um abuso de uma coisa santa qual é o Sacramento. Que Deus nos livre de
tal coisa tão grave e tão desastrosa! Amém!
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