LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
Antes da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo a confissão
existia mas não como sacramento, porque todos os Sacramentos foram instituídos
pelo Divino Salvador. No Antigo Testamento existia, mas apenas como meio dado
ao pecador para obter o seu perdão. Para se livrar da confissão seria, pois,
preciso abafar a voz da natureza; ela clama a todos os culpados que não há
perdão sem arrependimento e não há arrependimento sem acusação da falta
cometida. Quem não reconhece sua falta e a confessa é porque dela não se arrepende.
E assim, não pode ser perdoado.
Adão e Eva foram os primeiros pecadores e os primeiros
penitentes; eles se confessaram, desculpando-se, é verdade, mas nisso eles
fizeram o que fazem ainda tantos cristãos que se acusam lançando a culpa sobre
os outros. Adão disse: "a mulher que Vós me destes por companheira
apresentou-me o fruto da árvore proibida e eu comi. Eva disse: " a
serpente me enganou e eu comi" - Eu comi, eis aí a confissão. (Cf. Gênesis
III, 12).
Davi confessou sua culpa ao profeta Natan: "Eu
pequei" (2 Reis XII, 13).
O filho pródigo, apresentado por Jesus Cristo como modelo de
arrependimento, acusa seus erros dizendo: meu pai, eu pequei contra o céu em
vossa presença (S. Lucas XV, 18). O bom ladrão na cruz fez uma confissão
pública: "quanto a nós recebemos o
que mereceram as nossas obras" (S. Lucas, XXIII, 41).
A confissão era formalmente prescrita pela Lei Mosaica: "Anunciai isto aos filhos de Israel - disse
o Senhor a Moisés - quando um homem ou uma mulher cometerem um dos pecados que acontecem de
ordinário aos homens, eles confessarão a falta que cometeram" (Num.
LV). Estas últimas palavras: "as
faltas que cometeram" demonstram evidentemente uma confissão particular e
bem determinada. Esta confissão devia-se fazer ao sacerdote como atestam o
Levítico capítulo V, e a tradição judaica; fazia-se ao ouvido do sacerdote e não
era conhecida senão por ele.
"Quando Jesus Cristo veio ao mundo, diz um autor, ele achou a
confissão estabelecida e, impondo aos fiéis a obrigação de se confessar, não
deu uma lei nova, não fez senão confirmar e aperfeiçoar uma lei já existente,
ele que veio, não destruir a lei, mas
aperfeiçoá-la (S. Mateus V, 17). Algo semelhante ao que aconteceu com o
matrimônio. Assim como Jesus Cristo elevou o matrimônio à dignidade de sacramento,
também elevou a confissão à mesma dignidade, ligando-lhe graças especiais,
tornando-a parte essencial do sacramento da penitência. É isto que explica
porque o preceito da confissão não excitou murmuração alguma entre os judeus e
os gentios. Estavam habituados; nada lhes parecia mais natural; uma tradição
constante e universal fazia sentir a necessidade indispensável da
confissão".
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