quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O ESPÍRITO DO CONCÍLIO - ( II )

Por D. Lefebvre

  Tendência ao Indiferentismo Religioso

  Quando se afirma que toda religião é caminho para Deus, ou que o Estado não está qualificado para fazer um juízo sobre a verdade desta ou daquela religião, são ditas coisas que combinam com a heresia chamada indiferentismo: indiferentismo do indivíduo ou do Estado, com relação à verdadeira religião. 

  É inegável que o Concílio apresenta este indiferentismo ou uma tendência para ele. Exaltando a consciência individual, os valores espirituais e os valores das outras religiões (Nostra Aetate nº 2, Unitatis Redintegratio nº 3, Dignitatis Humanae nº 4) alimenta-se o indiferentismo individual. Proferindo incongruências inauditas, como faz Mons. De Smedt, sobre a incompetência do Estado para julgar a verdade religiosa e reconhecer o verdadeiro Deus, propaga-se o indiferentismo do Estado, seu ateísmo. 

  Estão aí os frutos deste espírito e destas doutrinas deletérias: nenhum católico hoje sustenta que nos países católicos o Estado ainda deva reconhecer a verdadeira religião, ajudá-la com suas leis e inclusive impedir a propagação das falsas religiões. Já ninguém o faz!

  Em 1966 a Colômbia era ainda um país 95% católico, graças ao Estado que impediu, pela Constituição, a propagação das seitas protestantes, o que significou uma grande ajuda para a Igreja Católica. Protegendo a Fé dos cidadãos, estas leis e estes chefes de estado terão contribuído para levar para o céu milhões de indivíduos, que gozarão da vida eterna graças a estas leis sem as quais não a teriam conseguido. Mas agora na Colômbia, isto acabou. Esta lei fundamental foi suprimida a pedido do Vaticano, na aplicação da liberdade religiosa do Vaticano II! Atualmente as seitas pululam e estes pobres homens estão desarmados ante a propaganda da seitas protestantes, cheias de dinheiro e meios, que trabalham sem cessar para doutrinar os analfabetos. Não invento nada. Por acaso, isto não é uma verdadeira opressão protestante e maçônica para as consciências? A isto chega a pretendida liberdade religiosa do Concílio!

  Tendência ao Naturalismo

  Se lermos o capítulo V da "Gaudium et Spes" sobre as relações internacionais, as organizações internacionais, a paz e a guerra, não encontraremos quase nenhuma referência a Nosso Senhor Jesus Cristo. Pode por acaso o mundo se organizar sem Nosso Senhor Jesus Cristo, ter paz sem o "Príncipe da Paz"? É impossível! Em troca o mundo está afundando na guerra e na subversão, antes de tudo porque está afundado no pecado. É preciso primeiro dar-lhe a graça de Jesus Cristo e convertê-lo em Nosso Senhor. Ele é a única solução para o problema da paz no mundo. Sem Ele, fala-se no vazio.

  Mons. Hauptmann, reitor do Instituto Católico de Paris, presidiu a comissão de redação deste texto. Esta comissão se reuniu com protestantes, na Suíça, tendo por objetivo que este capitulo pudesse agradar e chegar ao mundo internacional. Como querem que tudo isto seja sobrenatural, marcado verdadeiramente por Nosso Senhor Jesus Cristo?

  Limitarei a isto minha enumeração. Não digo que neste Concílio tudo seja mau, e que não haja alguns belos textos que mereçam ser meditados; mas afirmo, com as provas na mão, que há documentos perigosos e inclusive errôneos, que apresentam tendências liberais modernistas, que inspiraram as reformas, que agora deitam a Igreja por terra. 

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