Por D. Lefebvre
O I. D. O. C. ou o Intox
Um dos meios de pressão mais eficaz do clã liberal sobre o Concílio foi I.D.O.C., Instituto de Documentação... a serviço das produções da "inteligência" liberal, que afogou os Padres conciliares com inúmeros textos. Até o final da terceira sessão conciliar, o I. D. O. C. declarou haver distribuído mais quatro milhões de folhas. A organização e as obras do I. D. O. C. foram da Conferência Episcopal Holandesa, e o financiamento havia sido assegurado em parte pelo Padre Werenfrid (por desgraça) e pelo Cardeal Cushing, arcebispo de Boston nos Estados Unidos. O secretariado do Instituto situava-se na Via dell"Amina, em Roma.
Do nosso lado, bispos conservadores, havíamos tratado de contrabalançar esta influência graças ao Cardeal Larraona, que colocou seu secretariado à nossa disposição. Tínhamos máquinas de escrever e mimeógrafos e algumas pessoas, três ou quatro. Fomos muito ativos, mas éramos insignificantes em comparação com a organização do I. D. O. C.. Brasileiros, membros da T. F. P. nos ajudaram com grande abnegação, trabalhando durante a noite rodando os textos que cinco ou seis bispos havíamos redigido. Era o comitê diretor do "Coetus Internationalis Patrum" que eu havia fundado com Mons. Carli, bispo de Segni e Mons. de Proença Sigaud, arcebispo de Diamantina, no Brasil. Duzentos e cinquenta bispos se haviam filiado à nossa organização. ( 4 ) Com o Padre V. A. Berto meu teólogo particular, com os bispos já citados e outros como Mons. de Castro Mayer e alguns bispos espanhóis, redigíamos estes textos que eram impressos durante a noite; de madrugada alguns destes brasileiros iam distribuir nossas folhas nos hotéis e caixas de correio dos Padres conciliares, como fazia o I. D. O. C. com uma organização vinte vezes superior à nossa.
O I. D. O. C. e muitas outras organizações e reuniões liberais, são o indício de que houve uma conjuração neste Concílio, preparada com antecedência desde muitos anos. Eles souberam o que se devia fazer, como fazer e quem devia fazê-lo. Lamentavelmente esta trama teve êxito, o Concílio foi intoxicado em sua grande maioria, pelo poder da propaganda liberal.
Astúcia dos Redatores dos Esquemas Conciliares
Com 250 Padres conciliares do Coetus, havíamos tratado por todos os meios postos a nossa disposição, de impedir que se expressassem os erros liberais nos textos do Concílio. Podíamos assim limitar os danos e trocar algumas afirmações inexatas ou perigosas e agregar alguma frase para retificar proposições tendenciosas ou expressões ambíguas.
Mas devo confessar que não conseguimos purificar o Concílio dos espírito liberal e modernista que impregnava a maioria dos esquemas. Com efeito, os redatores eram os peritos e os Padres manchados com este espírito. Que querem? Quando um documento está em todo seu conjunto redigido com um espírito falso, é praticamente impossível expurgá-lo deste espírito; seria necessário recompô-lo completamente para dar-lhe um espirito católico.
O que pudemos fazer pelas modificações que apresentamos, foi agregar incisos nos esquemas e isto se pode ver muito bem: basta comparar o primeiro esquema da liberdade religiosa e o quinto que foi reeditado. Este documento foi reeditado cinco vezes e cinco vezes voltou ao plenário, e deste modo logramos atenuar o subjetivismo que infestava as primeiras redações. O mesmo para "Gaudium et Spes", onde se vêem os parágrafos que foram agregados, a nosso pedido, e que estão ali, eu diria, como peças colocadas em um vestido velho; não combinam com o conjunto. Não existe mais a lógica da redação primitiva, os adendos feitos para atenuar ou contradizer as afirmações liberais, ficam ali como corpos estranhos.
Não somente nós conservadores, fizemos agregar tais parágrafos, o próprio Papa Paulo VI, como se sabe, fez acrescentar uma nota explicativa preliminar à Constituição sobre a Igreja "Lumen Gentium", para retificar a falsa noção de colegialidade que se insinua no Nº 22. ( 5 ).
Lamentavelmente os liberais praticaram este mesmo sistema nos textos dos esquemas: afirmação de um erro, de uma orientação perigosa, ou de uma ambiguidade, tendo imediatamente antes ou depois, afirmação em sentido contrário, destinada a tranquilizar os Padres conciliares conservadores.
Assim fizeram na Constituição sobre a Liturgia "Sacrosanctum Concilium", escrevendo no Nº 36, 2: poderá se dar maior destaque à língua vernácula "confiando às Assembleias Episcopais o cuidado de decidir adotar a língua vernácula ou não adotar" (cf. Nº 36, 3); os redatores dos textos assim abriram as portas à supressão do latim na liturgia. Para atenuar esta pretensão, tiveram o cuidado de escrever, no nº 36, 1: o uso da língua latina, salvo caso especial, será conservado nos ritos latinos. Tranquilizados com esta afirmação, os Padres admitiram sem problemas as outras duas.
Igualmente na declaração sobre a liberdade religiosa "Dignitatis Humanae", cujo último esquema havia sido rechaçado por numerosos Padres, Paulo VI fez acrescentar um parágrafo dizendo, em resumo: "esta Declaração não contém nada que seja contrário à tradição" ( 6 ). Mas todo o conteúdo é contrário à Tradição! Alguém dirá: leia, está escrito... Mas isto não impede que seja tudo contrário à Tradição. ( 6a ). Esta frase foi acrescentada pelo Papa no último minuto, para forçar aqueles, em particular os bispos espanhóis, que se opunham ao esquema. Com efeito, desgraçadamente a manobra surtiu efeito e em vez de 250 "não" houve somente 74, por causa de uma pequena frase: "não há nada contrário à Tradição". Afinal de contas, sejamos lógicos! Não trocaram nada no texto, é fácil apor uma etiqueta de inocência! Procedimento espantoso! Nada mais direi sobre tais maquinações e organizações. Passemos a falar sobre o espírito do Concílio.
Notas: ( 4 ) - Cf. Ralph Wiltgen, op, cit. pg. 147.
( 5 ) - Cf. Ralph Wiltgen, op, cit. pg. 224, seg.
( 6 ) - "Dignitatis Humanae", nº 1 in fine, cf. cap. 27.
(6a) - É claro! A palavra do Santo Padre tranquilizaria se se tratasse de circunstâncias em que entrasse a Infalibilidade; o que claramente não era o caso: primeiro por ser um Concílio Pastoral, e segundo em se tratando de uma simples Declaração em que o Papa não empenhava a sua Infalibilidade. Fico imaginando o seguinte: Se a quinta redação já é o que é, o que deve ter sido a primeira!!!?
Observação: Os testemunhos de D. Lefebvre sobre o Concílio Vaticano II são valiosíssimas porque ele participou do Concílio, conta o que viveu lá. E, depois, é um homem de virtude, aliás reconhecida até pelo Papa João Paulo II: "Um homem de piedade e de fé".
Além disso, D. Lefebvre cita frequentemente o Padre Ralph Wiltigen "O RENO SE LANÇA NO TIBRE". Eis o que o autor diz no prefácio de seu Livro: "Na minha qualidade de padre, jornalista poliglota e membro da Sociedade Missionária, Internacional e Inter-Racial Sociedade do Verbo Divino, tinha inúmeras ocasiões de entrar em contato direto com os Padres Conciliares. Eles não demoraram em descobrir a imparcialidade de meus noticiários, o que me permitiu obter informações de primeira mão, tanto da parte dos conservadores como dos liberais. De fato, as correntes minoritárias procuraram muitas vezes entrar em contato comigo e me forneceram informações com exclusividade. Para escrever a presente história tive acesso a todos os documentos oficiais comunicados aos Padres Conciliares, durante as quatro sessões. Além disso pude tomar conhecimento de cartas particulares ou oficiais, das atas das sessões e de numerosos documentos difundidos pelas Conferências Episcopais. Minha permanência em Roma durante toda a redação desta obra revelou-se extremamente útil, pois me permitiu obter, depois do Concílio, informações suplementares."
Gostaria de acrescentar que o Padre Ralph Miltigen sabia muito bem o latim. Isto certamente o ajudou muito, já que tudo no Concílio (ou quase tudo, não sei) foi discutido em latim e os documentos oficiais são todos escritos em latim. Se cada um fosse falar no seu idioma aí sim seria uma Babel. Permitam-me uma comparação: Quem estivesse no Concílio e não soubesse latim, deveria ficar como pintainho chocado em pata, na beira do lago vendo sua "mãe" nadando tranquilamente. Os clérigos devem saber bem o latim, tanto quanto a sua língua pátria.
Dizem que D. Helder Câmara não ficou satisfeito pelo fato de o concílio ainda ter sido feito em latim. Teria dito: "No próximo Concílio o latim já terá morrido e estará sepultado". Esperamos que as iniciativas do Papa Bento XVI a favor do estudo do latim, faça com que no próximo Concílio o latim não ofereça nenhuma dificuldade, pelo menos para os Padres do Concílio. Amém! Os modernistas odeiam o latim porque os dogmas não mudam e são expressos em latim que também não muda. D. Lefebvre no artigo acima mostra a tática que os modernistas usaram para acabar com o latim na liturgia.
Língua é um fenômeno à parte: A língua morta (como o latim) está sempre viva e não se decompõe. A língua viva está sempre morrendo porque está sempre se decompondo. Quantas discussões por causa de linguagem! A Babel parece nunca acabar! E os dialetos e gírias!!! Babel e mais Babel!! Viva o Latim!!! "Defunctus adhuc loquitur". Perdoem-me a digressão!.
O que pudemos fazer pelas modificações que apresentamos, foi agregar incisos nos esquemas e isto se pode ver muito bem: basta comparar o primeiro esquema da liberdade religiosa e o quinto que foi reeditado. Este documento foi reeditado cinco vezes e cinco vezes voltou ao plenário, e deste modo logramos atenuar o subjetivismo que infestava as primeiras redações. O mesmo para "Gaudium et Spes", onde se vêem os parágrafos que foram agregados, a nosso pedido, e que estão ali, eu diria, como peças colocadas em um vestido velho; não combinam com o conjunto. Não existe mais a lógica da redação primitiva, os adendos feitos para atenuar ou contradizer as afirmações liberais, ficam ali como corpos estranhos.
Não somente nós conservadores, fizemos agregar tais parágrafos, o próprio Papa Paulo VI, como se sabe, fez acrescentar uma nota explicativa preliminar à Constituição sobre a Igreja "Lumen Gentium", para retificar a falsa noção de colegialidade que se insinua no Nº 22. ( 5 ).
Lamentavelmente os liberais praticaram este mesmo sistema nos textos dos esquemas: afirmação de um erro, de uma orientação perigosa, ou de uma ambiguidade, tendo imediatamente antes ou depois, afirmação em sentido contrário, destinada a tranquilizar os Padres conciliares conservadores.
Assim fizeram na Constituição sobre a Liturgia "Sacrosanctum Concilium", escrevendo no Nº 36, 2: poderá se dar maior destaque à língua vernácula "confiando às Assembleias Episcopais o cuidado de decidir adotar a língua vernácula ou não adotar" (cf. Nº 36, 3); os redatores dos textos assim abriram as portas à supressão do latim na liturgia. Para atenuar esta pretensão, tiveram o cuidado de escrever, no nº 36, 1: o uso da língua latina, salvo caso especial, será conservado nos ritos latinos. Tranquilizados com esta afirmação, os Padres admitiram sem problemas as outras duas.
Igualmente na declaração sobre a liberdade religiosa "Dignitatis Humanae", cujo último esquema havia sido rechaçado por numerosos Padres, Paulo VI fez acrescentar um parágrafo dizendo, em resumo: "esta Declaração não contém nada que seja contrário à tradição" ( 6 ). Mas todo o conteúdo é contrário à Tradição! Alguém dirá: leia, está escrito... Mas isto não impede que seja tudo contrário à Tradição. ( 6a ). Esta frase foi acrescentada pelo Papa no último minuto, para forçar aqueles, em particular os bispos espanhóis, que se opunham ao esquema. Com efeito, desgraçadamente a manobra surtiu efeito e em vez de 250 "não" houve somente 74, por causa de uma pequena frase: "não há nada contrário à Tradição". Afinal de contas, sejamos lógicos! Não trocaram nada no texto, é fácil apor uma etiqueta de inocência! Procedimento espantoso! Nada mais direi sobre tais maquinações e organizações. Passemos a falar sobre o espírito do Concílio.
Notas: ( 4 ) - Cf. Ralph Wiltgen, op, cit. pg. 147.
( 5 ) - Cf. Ralph Wiltgen, op, cit. pg. 224, seg.
( 6 ) - "Dignitatis Humanae", nº 1 in fine, cf. cap. 27.
(6a) - É claro! A palavra do Santo Padre tranquilizaria se se tratasse de circunstâncias em que entrasse a Infalibilidade; o que claramente não era o caso: primeiro por ser um Concílio Pastoral, e segundo em se tratando de uma simples Declaração em que o Papa não empenhava a sua Infalibilidade. Fico imaginando o seguinte: Se a quinta redação já é o que é, o que deve ter sido a primeira!!!?
Observação: Os testemunhos de D. Lefebvre sobre o Concílio Vaticano II são valiosíssimas porque ele participou do Concílio, conta o que viveu lá. E, depois, é um homem de virtude, aliás reconhecida até pelo Papa João Paulo II: "Um homem de piedade e de fé".
Além disso, D. Lefebvre cita frequentemente o Padre Ralph Wiltigen "O RENO SE LANÇA NO TIBRE". Eis o que o autor diz no prefácio de seu Livro: "Na minha qualidade de padre, jornalista poliglota e membro da Sociedade Missionária, Internacional e Inter-Racial Sociedade do Verbo Divino, tinha inúmeras ocasiões de entrar em contato direto com os Padres Conciliares. Eles não demoraram em descobrir a imparcialidade de meus noticiários, o que me permitiu obter informações de primeira mão, tanto da parte dos conservadores como dos liberais. De fato, as correntes minoritárias procuraram muitas vezes entrar em contato comigo e me forneceram informações com exclusividade. Para escrever a presente história tive acesso a todos os documentos oficiais comunicados aos Padres Conciliares, durante as quatro sessões. Além disso pude tomar conhecimento de cartas particulares ou oficiais, das atas das sessões e de numerosos documentos difundidos pelas Conferências Episcopais. Minha permanência em Roma durante toda a redação desta obra revelou-se extremamente útil, pois me permitiu obter, depois do Concílio, informações suplementares."
Gostaria de acrescentar que o Padre Ralph Miltigen sabia muito bem o latim. Isto certamente o ajudou muito, já que tudo no Concílio (ou quase tudo, não sei) foi discutido em latim e os documentos oficiais são todos escritos em latim. Se cada um fosse falar no seu idioma aí sim seria uma Babel. Permitam-me uma comparação: Quem estivesse no Concílio e não soubesse latim, deveria ficar como pintainho chocado em pata, na beira do lago vendo sua "mãe" nadando tranquilamente. Os clérigos devem saber bem o latim, tanto quanto a sua língua pátria.
Dizem que D. Helder Câmara não ficou satisfeito pelo fato de o concílio ainda ter sido feito em latim. Teria dito: "No próximo Concílio o latim já terá morrido e estará sepultado". Esperamos que as iniciativas do Papa Bento XVI a favor do estudo do latim, faça com que no próximo Concílio o latim não ofereça nenhuma dificuldade, pelo menos para os Padres do Concílio. Amém! Os modernistas odeiam o latim porque os dogmas não mudam e são expressos em latim que também não muda. D. Lefebvre no artigo acima mostra a tática que os modernistas usaram para acabar com o latim na liturgia.
Língua é um fenômeno à parte: A língua morta (como o latim) está sempre viva e não se decompõe. A língua viva está sempre morrendo porque está sempre se decompondo. Quantas discussões por causa de linguagem! A Babel parece nunca acabar! E os dialetos e gírias!!! Babel e mais Babel!! Viva o Latim!!! "Defunctus adhuc loquitur". Perdoem-me a digressão!.
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