Leituras: Primeira Epístola de São Pedro Apóstolo 3, 8-15.
Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus 5, 20-24:
Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!
Tive a inspiração de resumir o sermão que Santo Agostinho fez sobre o Evangelho deste 5º Domingo depois de Pentecostes.
O Santo Evangelho cuja leitura acabamos de ouvir, muito nos fez tremer, se temos fé. Não tremem aqueles que não têm fé. Na verdade, para se chegar a segurança na vida sem fim, deve-se tremer agora nesta vida que tem fim. E nós trememos. E como não tremer quando se ouve a própria Verdade dizer: "Quem chamar a a seu irmão 'louco', será réu do fogo da geena". Por outro lado diz São Tiago na sua Epístola: "Nenhum homem é capaz de domar a sua língua" (Tiago III, 7 e 8).
Que faremos então, irmãos meus? Se Jesus disse: "Quem chamar a seu irmão 'louco' será réu do fogo eterno" e se a Sagrada Escritura também diz: "O homem não tem capacidade de domar a sua língua", logo estamos todos condenados? De modo nenhum! Porque diz também o Espírito Santo na Bíblia Sagrada: "Senhor, Vós fostes nosso refúgio de geração em geração" (Conf. Salmo 89, 1). Vossa ira é justa, ó Senhor! A ninguém mandais injustamente para o fogo eterno. Entendemos, caríssimos, que, se o homem não tem capacidade para domar a sua língua, deve se refugiar em Deus para domá-la. Tomemos o exemplo dos próprios animais que nós homens domamos. Nem o cavalo, nem o camelo, nem o elefante, nem a serpente, nem o leão se domam a si mesmos. Para domá-los, lança-se mão do homem. Logo, para domar o homem. é mister recorrer a Deus. Refugiemo-nos n'Ele!
Sim, Senhor, "Vós fostes nosso refúgio". Sem dúvida, Deus nos domará se nós nos refugiarmos n'Ele. Se nos deixarmos domar por Ele. O homem doma um leão que não é obra de suas mãos; e não há de domar a ti quem te tirou do nada pelo poder de Suas mãos? Olhai, caríssimos, para os animais ferozes. Ruge um leão e nós trememos. Contudo, o homem se sente capaz de domá-lo. Não pela força física, mas pela inteligência. Nisto o homem é mais forte que o leão, porque foi feito à imagem de Deus. Assim o homem, que é imagem de Deus, doma a fera. E não domará Deus a Sua imagem, que é o homem?
Em Deus, pois, está nossa esperança; sujeitemo-nos a Ele e imploremos Sua misericórdia; ponhamos n'Ele nossa confiança; e, tanto nos doma, amansa e nos faz perfeitos quanto nos submetemos a Ele e n'Ele nos refugiamos. Ás vezes Deus, nosso Domador, também lança mão do chicote e da vara. São as provações e humilhações a que nos submete. Tu, ó homem, domas um cavalo para que uma vez manso te seja adjutório, conduzindo-te sobre ele. E, no entanto, quando morre, tu o abandonas às aves. No entanto, quando Deus te doma é para dar-te uma recompensa, que não é outra senão Ele mesmo. Depois de uma morte passageira, ressuscita-te, devolvendo a ti a carne sem faltar sequer um cabelo. Até os cabelos de vossa cabeça estão todos contados, disse Jesus. Ele te ressuscita, para te colocar entre os anjos para sempre. Ali já não necessitas mais de ser domado, porque serás posse deste mesmo Pai, infinitamente doce. Então será Deus tudo em todos. Não haverá então infelicidade que nos prove, senão felicidade que nos satisfaça plenamente. Só Deus será nosso pastor; nosso Deus será nossa bebida; nosso Deus será nossa glória; nosso Deus será nossa riqueza. Toda variedade de bens que andas buscando aqui na terra, tê-los-á todos juntos n'Ele, em Deus. Buscai, caríssimos, não os bens, mas o Bem supremo que contém em Si todos os bens.
Nosso Deus e Redentor e Pai nos doma, castiga e às vezes emprega até o chicote, mas tudo isto é para nos entregar uma herança que será Nosso mesmo Pai. Com este fim nos corrige, e ainda há quem murmura e chega até a blasfemar! Um blasfemo, porém, não açoitado, não encontrará um Juiz irado? Não é, porventura, preferível que Deus te açoite, ó homem, mas te receba por filho, do que não te castigue mas te abandone?
Digamos, pois, ao Senhor, Nosso Deus: "Senhor, Vós fostes nosso refúgio de geração em geração. Na primeira geração e na segunda, Vós fostes nosso refúgio. Refúgio para que nascêssemos, quando ainda não existíamos; refúgio para que renascêssemos, quando éramos pecadores; refúgio para nos sustentar, quando fugíamos de Vós; refúgio para nos levantar e guiar, quando éramos vossos filhos; sempre fostes nosso refúgio. Não voltaremos a deixar-Vos quando nos haveis curado de nossos males, quando haveis domado nossa carne, nosso orgulho, nossa ira e assim nos enriquecido de vossos bens; bens estes que nos dais entre carícias para evitarmos as fadigas do caminho. E quando nos corrigis, açoitais e bateis, é para que não nos afastemos do caminho. Vós, ó Senhor, serás nosso refúgio! Amém!
Nosso Deus e Redentor e Pai nos doma, castiga e às vezes emprega até o chicote, mas tudo isto é para nos entregar uma herança que será Nosso mesmo Pai. Com este fim nos corrige, e ainda há quem murmura e chega até a blasfemar! Um blasfemo, porém, não açoitado, não encontrará um Juiz irado? Não é, porventura, preferível que Deus te açoite, ó homem, mas te receba por filho, do que não te castigue mas te abandone?
Digamos, pois, ao Senhor, Nosso Deus: "Senhor, Vós fostes nosso refúgio de geração em geração. Na primeira geração e na segunda, Vós fostes nosso refúgio. Refúgio para que nascêssemos, quando ainda não existíamos; refúgio para que renascêssemos, quando éramos pecadores; refúgio para nos sustentar, quando fugíamos de Vós; refúgio para nos levantar e guiar, quando éramos vossos filhos; sempre fostes nosso refúgio. Não voltaremos a deixar-Vos quando nos haveis curado de nossos males, quando haveis domado nossa carne, nosso orgulho, nossa ira e assim nos enriquecido de vossos bens; bens estes que nos dais entre carícias para evitarmos as fadigas do caminho. E quando nos corrigis, açoitais e bateis, é para que não nos afastemos do caminho. Vós, ó Senhor, serás nosso refúgio! Amém!
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