quinta-feira, 16 de julho de 2020

O ESCAPULÁRIO DE NOSSA SENHORA DO CARMO



Quero falar aqui do escapulário reduzido, o que se compõe de dois pedacinhos de lã de cor marrom e que hoje quase sempre vêm acompanhados com as imagens do Sagrado Coração e da de Nossa Senhora do Carmo.

Através deste escapulário que deve ser trazido sempre pendente do pescoço e, com ele, deve-se morrer, o devoto de Nossa Senhora, não só se consagra a Ela diante do altar, demonstrando assim o seu íntimo amor à Mãe de Deus, mas também, através do escapulário, está sempre declarando publicamente este seu amor à sempre Virgem Maria. Ainda que a essência da devoção deva ser interior, é claro que aquela pessoa que recebe o escapulário e o traz ao pescoço com devoção, mostra, outrossim, que se gloria de trazer o hábito da Mãe de Deus, de lhe pertencer, de a respeitar como Rainha, e de a amar como Mãe.

Ademais, enquanto as nossas práticas piedosas são subordinadas a tempos e a lugares, a devoção do escapulário é de todos os lugares e momentos. Trazendo sempre este meu  hábito, pequeno no tamanho mas grande no significado e nos privilégios, em qualquer parte que eu esteja, qualquer que seja a minha ocupação, Maria Santíssima vê sempre pendente do meu pescoço a prova autêntica do meu apego ao seu culto e do meu amor a Ela.  Em toda parte e sempre a honro, e lhe dirijo súplicas, porque em toda parte e sempre o meu escapulário lhe fala por mim, me recomenda à sua ternura, e lhe diz que a amo e que lhe confio toda minha vida, todos os meus empreendimentos, e, especialmente a salvação de minha alma. O meu escapulário está sempre lembrando a Maria Santíssima que ela peça ao seu divino Filho que transforme a água da minha tibieza no vinho do amor fervoroso a Deus; que alcance para mim junto ao seu Filho a graça de fazer sempre o que Ele manda.
Vamos, com a graça de Deus, meditar um pouco sobre os privilégios do escapulário, ou seja, sobre as três graças inapreciáveis:  defender-me nos perigos durante minha vida;  ajudar-me a bem morrer; e proteger-me depois da morte no purgatório.

1 - DEFENDER-ME NOS PERIGOS: e sobretudo naqueles perigos que ameaçam a minha salvação. Sabemos que, como ensina S. Pedro, o demônio, nosso adversário, anda em torno de nós, rugindo e procurando nos devorar, isto é, perder nossa alma. O demônio é invejoso e homicida desde o início do mundo. Mas, a Santíssima Mãe de Deus sempre foi sua inimiga e sempre lhe esmaga a cabeça. Portanto, se Maria Santíssima me protege, que tenho eu que recear? Estou seguro debaixo do seu manto maternal. Que consoladora certeza! Caríssimos, conheceremos um dia, todos os dardos envenenados que o demônio lançou sobre nós, mas que Maria Santíssima os quebrou antes. Conheceremos também um dia todas as tentações, cuja veemência ela terá diminuído, em atenção a este penhor do meu amor para com ele; quantas vezes, depois das minhas quedas, me terá preservado do desalento mais funesto que estas mesmas quedas.

2 - NOSSA SENHORA PROMETE SALVAR-ME: "Aquele que morrer revestido deste hábito, será preservado das chamas eternas". Estas palavras significam que Maria Santíssima nos garante o Céu. Eis as suas palavras na bula do Papa João XXII, conhecida pelo nome de SABBATINA: "Tempus bene vivendi; Locum bene agendi; constantiam bene perseverandi". Em Português: tempo de bem viver, ocasião e meio de fazer boas obras; constância para perseverar na justiça, isto é, na prática das virtudes e no estado de graça. "Tudo o que a Igreja pede para ti, quando te admite na minha confraria - disse Nossa Senhora na aparição ao Papa João XXII - te será dado a meu rogo: tempo de bem viver, ocasião e meio de fazer boas obras, constância para perseverar na justiça. Ainda quando tenhas a desgraça de incorrer no desagrado de meu Filho ofendendo-O, não te abandonarei, se vir pendente do teu pescoço o sinal da minha aliança. Tirarei para ti dos tesouros divinos uma graça tão eficaz, que comoverá teu coração e o transformará. A não ser que, resistindo obstinadamente a todos os esforços da minha ternura, me obrigues a expulsar-te da minha família, e a privar-te do meu escapulário, a minha bondade para contigo chegará a tal ponto, que, purificado pelos sacramentos ou pelo ato de contrição, te livrarás das penas eternas, se morreres tendo este santo hábito ao pescoço". É bom sabermos que o Papa Bento XIV e um grande número de outros papas, entenderam que deviam preconizar estes favores e exortaram os fiéis a trazer o escapulário; podemos citar os seguintes papas: Alexandre V, Clemente VII, Paulo III, S. Pio V, Gregório XIII, Paulo V, Clemente X, Inocêncio XI, etc.

3 -  MARIA SS. PROMETE PROTEGER-ME EFICAZMENTE NO PURGATÓRIO E ABREVIAR A SUA DURAÇÃO. Visitará, segundo a sua promessa, os confrades do Carmo na triste morada, onde acabarão de expiar as suas faltas; como duvidar que este visita lhes leve refrigério, luz e paz? Além disso ela o declara: "Quando tiverem deixado o século presente e entrado no purgatório, eu descerei, como sua terna Mãe, ao meio deles no sábado seguinte à sua morte; livrarei aqueles que lá encontrar, e os conduzirei à montanha santa, à feliz morada da vida eterna". Estas palavras estão também na bula "SABBATINA" do Papa João XXII.

Caríssimos, vejamos agora como praticar esta devoção do escapulário para merecermos tão insignes favores de nossa Mãe do Céu? Para alcançar o privilégio de uma boa morte é necessário entrar nesta confraria, recebendo e trazendo o escapulário, e tê-lo pendente do pescoço na hora da morte. Para gozar do privilégio da bula SABBATINA,  além das condições precedentes, exige-se que o confrade guarde a castidade própria do seu estado, reze o pequeno Ofício da Santíssima Virgem ou faça abstinência de carne nas quartas-feiras e sábados (evidentemente também nas sextas-feiras pelo mandamento da Igreja); caso não puder, por justa causa, fazer esta abstinência, reza-se no dia um terço por comutação; e, quando não puder nunca fazer abstinência da carne, então, deve rezar todos os dias, sete Padres-Nossos e sete Ave-Marias. Devemos observar ainda que a antiga Congregação das Indulgências , 12 de agosto de 1840 e depois em 22 de junho de 1842 etc. permite que os sacerdotes que impõem o escapulário deem outras comutações.

Caríssimos, o santo hábito da Virgem Imaculada prega-me a inocência e a fuga de todo o pecado. Ele está sempre me exortando a regular os meus passos, a velar sobre todas as minhas ações, a purificar todas as minhas intenções, a nada omitir de tudo quanto pode contribuir para a minha santificação e para a edificação do próximo. Mas, pergunta-se: se alguém tiver a fraqueza de faltar com estas condições ou, pelo menos, com alguma delas, como por exemplo a castidade segundo o próprio estado, como fazer? Ou estaria tudo perdido? Se alguém tiver esta desgraça, peça a Jesus através de Sua Mãe Santíssima, a graça de fazer uma santa confissão, e continue vigiando, fazendo penitência e rezando para alcançar a graça da perseverança.

Ó Maria Santíssima, seja sempre o vosso hábito o meu adorno e a minha defesa. Esteja eu dele revestido na hora da morte; seja para mim agora uma veste de justiça, para se transformar um dia em veste de glória e imortalidade feliz. Amém!

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