Quero falar aqui do escapulário reduzido, o que se compõe de
dois pedacinhos de lã de cor marrom e que hoje quase sempre vêm acompanhados
com as imagens do Sagrado Coração e da de Nossa Senhora do Carmo.
Através deste escapulário que deve ser trazido sempre
pendente do pescoço e, com ele, deve-se morrer, o devoto de Nossa Senhora, não
só se consagra a Ela diante do altar, demonstrando assim o seu íntimo amor à
Mãe de Deus, mas também, através do escapulário, está sempre declarando
publicamente este seu amor à sempre Virgem Maria. Ainda que a essência da
devoção deva ser interior, é claro que aquela pessoa que recebe o escapulário e
o traz ao pescoço com devoção, mostra, outrossim, que se gloria de trazer o hábito
da Mãe de Deus, de lhe pertencer, de a respeitar como Rainha, e de a amar como
Mãe.
Ademais, enquanto as nossas práticas piedosas são subordinadas
a tempos e a lugares, a devoção do escapulário é de todos os lugares e
momentos. Trazendo sempre este meu hábito, pequeno no tamanho mas grande no
significado e nos privilégios, em qualquer parte que eu esteja, qualquer que
seja a minha ocupação, Maria Santíssima vê sempre pendente do meu pescoço a
prova autêntica do meu apego ao seu culto e do meu amor a Ela. Em toda parte e sempre a honro, e lhe dirijo
súplicas, porque em toda parte e sempre o meu escapulário lhe fala por mim, me
recomenda à sua ternura, e lhe diz que a amo e que lhe confio toda minha vida,
todos os meus empreendimentos, e, especialmente a salvação de minha alma. O meu
escapulário está sempre lembrando a Maria Santíssima que ela peça ao seu divino
Filho que transforme a água da minha tibieza no vinho do amor fervoroso a Deus;
que alcance para mim junto ao seu Filho a graça de fazer sempre o que Ele
manda.
Vamos, com a graça de Deus, meditar um pouco sobre os
privilégios do escapulário, ou seja, sobre as três graças inapreciáveis: defender-me nos perigos durante minha
vida; ajudar-me a bem morrer; e
proteger-me depois da morte no purgatório.
1 - DEFENDER-ME NOS PERIGOS: e sobretudo naqueles perigos
que ameaçam a minha salvação. Sabemos que, como ensina S. Pedro, o demônio,
nosso adversário, anda em torno de nós, rugindo e procurando nos devorar, isto
é, perder nossa alma. O demônio é invejoso e homicida desde o início do mundo.
Mas, a Santíssima Mãe de Deus sempre foi sua inimiga e sempre lhe esmaga a
cabeça. Portanto, se Maria Santíssima me protege, que tenho eu que recear?
Estou seguro debaixo do seu manto maternal. Que consoladora certeza!
Caríssimos, conheceremos um dia, todos os dardos envenenados que o demônio
lançou sobre nós, mas que Maria Santíssima os quebrou antes. Conheceremos
também um dia todas as tentações, cuja veemência ela terá diminuído, em atenção
a este penhor do meu amor para com ele; quantas vezes, depois das minhas
quedas, me terá preservado do desalento mais funesto que estas mesmas quedas.
2 - NOSSA SENHORA PROMETE SALVAR-ME: "Aquele que morrer
revestido deste hábito, será preservado das chamas eternas". Estas palavras
significam que Maria Santíssima nos garante o Céu. Eis as suas palavras na bula
do Papa João XXII, conhecida pelo nome de SABBATINA: "Tempus bene vivendi; Locum bene agendi; constantiam bene
perseverandi". Em Português: tempo de bem viver, ocasião e meio de
fazer boas obras; constância para perseverar na justiça, isto é, na prática das
virtudes e no estado de graça. "Tudo o que a Igreja pede para ti,
quando te admite na minha confraria - disse Nossa Senhora na aparição
ao Papa João XXII - te será dado a meu rogo: tempo de bem viver, ocasião e meio de fazer
boas obras, constância para perseverar na justiça. Ainda quando tenhas a
desgraça de incorrer no desagrado de meu Filho ofendendo-O, não te abandonarei,
se vir pendente do teu pescoço o sinal da minha aliança. Tirarei para ti dos
tesouros divinos uma graça tão eficaz, que comoverá teu coração e o
transformará. A não ser que, resistindo obstinadamente a todos os esforços da
minha ternura, me obrigues a expulsar-te da minha família, e a privar-te do meu
escapulário, a minha bondade para contigo chegará a tal ponto, que, purificado
pelos sacramentos ou pelo ato de contrição, te livrarás das penas eternas, se
morreres tendo este santo hábito ao pescoço". É bom sabermos que o
Papa Bento XIV e um grande número de outros papas, entenderam que deviam
preconizar estes favores e exortaram os fiéis a trazer o escapulário; podemos
citar os seguintes papas: Alexandre V, Clemente VII, Paulo III, S. Pio V,
Gregório XIII, Paulo V, Clemente X, Inocêncio XI, etc.
3 - MARIA SS. PROMETE
PROTEGER-ME EFICAZMENTE NO PURGATÓRIO E ABREVIAR A SUA DURAÇÃO. Visitará,
segundo a sua promessa, os confrades do Carmo na triste morada, onde acabarão
de expiar as suas faltas; como duvidar que este visita lhes leve refrigério,
luz e paz? Além disso ela o declara: "Quando tiverem deixado o século
presente e entrado no purgatório, eu descerei, como sua terna Mãe, ao meio
deles no sábado seguinte à sua morte; livrarei aqueles que lá encontrar, e os
conduzirei à montanha santa, à feliz morada da vida eterna". Estas
palavras estão também na bula "SABBATINA" do Papa João XXII.
Caríssimos, vejamos agora como praticar esta devoção do
escapulário para merecermos tão insignes favores de nossa Mãe do Céu? Para
alcançar o privilégio de uma boa morte é necessário entrar nesta confraria,
recebendo e trazendo o escapulário, e tê-lo pendente do pescoço na hora da
morte. Para gozar do privilégio da bula SABBATINA, além das condições precedentes, exige-se que
o confrade guarde a castidade própria do seu estado, reze o pequeno Ofício da
Santíssima Virgem ou faça abstinência de carne nas quartas-feiras e sábados
(evidentemente também nas sextas-feiras pelo mandamento da Igreja); caso não
puder, por justa causa, fazer esta abstinência, reza-se no dia um terço por
comutação; e, quando não puder nunca fazer abstinência da carne, então, deve
rezar todos os dias, sete Padres-Nossos e sete Ave-Marias. Devemos observar
ainda que a antiga Congregação das Indulgências , 12 de agosto de 1840 e depois
em 22 de junho de 1842 etc. permite que os sacerdotes que impõem o escapulário
deem outras comutações.
Caríssimos, o santo hábito da Virgem Imaculada prega-me a
inocência e a fuga de todo o pecado. Ele está sempre me exortando a regular os
meus passos, a velar sobre todas as minhas ações, a purificar todas as minhas
intenções, a nada omitir de tudo quanto pode contribuir para a minha
santificação e para a edificação do próximo. Mas, pergunta-se: se alguém tiver
a fraqueza de faltar com estas condições ou, pelo menos, com alguma delas, como
por exemplo a castidade segundo o próprio estado, como fazer? Ou estaria tudo
perdido? Se alguém tiver esta desgraça, peça a Jesus através de Sua Mãe
Santíssima, a graça de fazer uma santa confissão, e continue vigiando, fazendo
penitência e rezando para alcançar a graça da perseverança.
Ó Maria Santíssima, seja sempre o vosso hábito o meu adorno
e a minha defesa. Esteja eu dele revestido na hora da morte; seja para mim
agora uma veste de justiça, para se transformar um dia em veste de glória e
imortalidade feliz. Amém!
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