segunda-feira, 13 de abril de 2020

COVID-19 E OS 3 NOVÍSSIMOS


"Conduzi-la-ei à soledade e lhe falarei ao coração" (Oséias II, 14).

Devemos aproveitar este isolamento social forçado pelo Covid-19 para fazermos algumas reflexões. Porque, na verdade, o homem, e hoje mais do que nunca, vive habitualmente mergulhado numa atmosfera de fascinação por bagatelas e por erros. Eis o que diz o Divino Espírito Santo: "A fascinação das frivolidades escurece o bem" (Sab. IV, 12).

Não teria dúvida em colocar já de frente a fascinação dos políticos. A corrida, "per fas et per nefas", pelos votos para se elegerem e ganhar dinheiro com mais facilidade e, pior ainda, para muitos (com honrosas exceções) afim de terem maior facilidade de roubar da nação. Não é por acaso que estes tais querem acabar com a abençoada Lava Jato.

 Ademais devemos enumerar mais algumas destas bagatelas: as preocupações materiais, os costumes do mundo, as exigências do corretamente político, o luxo, as modas e mil outros agentes que absorvem a atenção, de modo que os homens a custo chegam a conjecturar que, além do presente, existe um outro mundo, o da ETERNIDADE. E, no entanto, como diz a Bíblia, "o homem irá para a casa de sua eternidade" (Eclesiastes, XII, 5).

E almas que pareciam piedosas, estão sendo levadas para o mesma trilha dos mundanos, embora através de coisas aparentemente insignificantes, como por exemplo: o respeito humano, o afeto por demais sensível a uma pessoa, a um objeto; o enredo das ocupações, as pequenas invejas, a inconstância de caráter, o espírito de crítica, a preocupação em bisbilhotar a vida dos outros, enfim mil pretensões, etc. Todas estas coisas e outras semelhantes distraem as melhores almas da única coisa verdadeiramente necessária: a salvação da alma. A vida de um cristão é a vida de Jesus; mas o Divino Salvador não poderá ocupar uma alma absorvida e dissipada pelo exterior. Assim sendo, quer para os mundanos, quer para os cristãos piedosos (aqueles para que acordem, estes para que não durmam) torna-se necessário fazer contínuas e profundas reflexões sobre o que a vida tem de sério e sobre aquilo que vem depois dela. E o conselho é dado pelo próprio Espírito Santo, conselho este, que neste artigo, pela graça de Deus, procuro seguir: "Lembra-te dos teus novíssimos e nunca jamais pecarás" (Eclesiástico VII, 40). Se alguém, "quod Deus avertat", quiser assumir a atitude da avestruz, sinto muito, mas nada poderei fazer. Ao menos terei cumprido a minha missão.

Vamos, então, à meditação... As três coisas que acontecerão por último a cada um de nós são: a morte, o juízo e a eternidade (a feliz no Céu ou a infeliz no Inferno).

A vida do homem comparada à eternidade não é mais que um instante. É breve o tempo do homem na terra. Quem já tiver vivido 60 anos (já no grupo de risco do Covid-19) poderá julgar o quão depressa passaram estes anos. Voaram. E no entanto, com quase total certeza, estas pessoas já têm menos futuro que passado. Como diz s Sagrada Escritura em Sabedoria XI, 23: "O mundo inteiro é diante de ti (ó Senhor) como um pequeno grão na balança, e como uma gota de orvalho que cai na terra antes da aurora".

Todos as pessoas que tão avidamente procuram o lucro e o prazer, e os povos mesmo que tanto se encarniçam para conquistarem um predomínio no mundo, são menos que um grupo de formigas a disputarem a posse de um pedaço de folha seca. Diz ainda o Salmo 89, 9: "Os nossos anos serão considerados como um teia de aranha".  Coitadinha da aranha, passa a noite tirando de sua substância os fios de sua teia; chega a manhã a dona da casa, com uma vassourada a desfaz e mata a aranha. Assim, os mundanos, os avarentos, consomem a sua vida na procura do dinheiro e dos prazeres durante a noite de sua existência (que, para muitos é realmente uma noite, pois, nas trevas do pecado) e, de repente, chega a morte com sua gadanha e destrói tudo. Na verdade, caríssimos, o mal não é morrer, mas sim morrer mal. Que a própria morte nos ensine a viver bem! Façamos agora o que gostaríamos de ter feito durante a vida quando esta estiver a acabar. Caríssimos, só Jesus pode ajudar-te para além do morte, só Ele é fiel até ao fim.

A morte é a porta que se abre para a eternidade. Por ela saímos de um mundo conhecido, para um desconhecido, de um que dura pouco para um que nunca acabará. Em se tratando, portanto, da eternidade, todo cuidado é pouco. 

Mas o mais terrível é o que vem logo após a alma sair do corpo; o juízo particular.  Diz S. Paulo em Hebreus X, 31: "É coisa horrenda cair nas mãos de Deus vivo". É óbvio que o Apóstolo fala dos inimigos da cruz de Cristo. Santa Teresa d'Ávila exclamava: "Como será agradável ser julgada pelo melhor dos amigos!".

Mal o Juíz (Jesus Cristo) se apresentar, a alma verá à luz da mais viva claridade, toda a sua vida na infinidade dos pormenores que ela teve. Oh! o primeiro encontro com Jesus e Seu primeiro olhar. Logo depois da tríplice negação de Pedro, Jesus olhou para ele. O Apóstolo saiu dali e chorou amargamente! O que não deverei eu agora fazer para que nesse momento do juízo o olhar de Jesus, o seu primeiro olhar me seja benévolo. Até de uma palavra ociosa terei que dar contas. Mas também receberei o galardão mesmo por um copo d'água que eu tiver dado a alguém por amor a Jesus. Por fim será dada a sentença. Para os pecadores, a sentença será logo seguida do inferno.

O inferno é a privação de Deus, do Bem Supremo, a privação de todo o bem, de tudo aquilo de que a alma tem fome e sede e, portanto, é a acumulação de todos os males. O inferno é a obstinação no mal, que nem o remorso dilacerante é capaz de sanar; é a inveja, a raiva, o desespero. "Vai, maldito, para o fogo eterno" dirá Jesus ao condenado.Cada sentido sentirá eternamente o seu castigo conforme a gravidade e o número dos pecados. O inferno é a sociedade dos demônios e de tudo o que a terra produziu de mais criminoso, de mais cruel, de mais vil, de mais abominável. E por toda a eternidade. 

Para os justos, o Juízo será logo seguido do Céu.
O Céu é a posse eterna do Bem Supremo; é a plenitude do gozo desse bem infinito, substancial; é a acumulação de tudo o que pode fazer o homem feliz. O Céu são as delícias inefáveis dos sentidos, é a recompensa de cada pequeno sacrifício, de cada ato de virtude. O Céu, são as delícias do coração, abismado num oceano de amor. É a companhia de Jesus, nosso irmão e maior amigo, é a companhia dos anjos, de Nossa Senhora, Mãe de Jesus. Enfim, é a sociedade de tudo o que há de mais puro, de mais santo; de mais amante, de mais amável: dos parentes e amigos desta terra. É toda a família de Deus reunida na Sua Casa. E como será esta casa? S. Paulo viu-a e voltando à terra só pode exclamar: "Olho jamais viu, ouvido jamais ouviu, jamais penetrou no coração do homem o que Deus preparou para aqueles que O amam" (1 Cor. II, 9).

Quero pertencer a Jesus para sempre! Desapareça da minha vista o mundo com suas pompas, riquezas e vaidades! Oh! Jesus, eu vos amo! Quero amar-vos sem limite! Entrego-me à Vossa Bondade, ao Vosso amor! Ó Maria, também vos amo porque o Pai vos preparou para ser a esposa do Espírito Santo e a Mãe de Jesus. Vós trouxeste-nos Jesus, levai-nos a Ele. Amém!

Um comentário:

  1. Padre sua benção!
    Se possível poderia me ajudar a vencer os escrúpulos, ou me orientar a respeito.

    Por caridade.

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