sábado, 28 de janeiro de 2017

O CONFESSOR OCUPA O LUGAR DE JESUS CRISTO

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA

O poder de perdoar pecados é, na verdade, um poder divino, isto é, só Deus pode perdoar pecados. Jesus Cristo perdoava pecados justamente porque Ele era Deus. Mas quem tem o poder, pode delegá-lo a outrem. Foi o que Nosso Senhor Jesus Cristo fez. Assim como deu aos Apóstolos o poder de batizar, celebrar o Santo Sacrifício da Missa, o poder de pregar, deu-lhes também a eles e aos seus sucessores o poder de perdoar pecados. Por isso é que Jesus disse: "Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. Tendo dito estas palavras, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes -ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (S. João XX, 21-23).

É um prodígio de misericórdia em nosso favor!

Todos reconhecem que os reis da terra têm o poder de mandar administrar a justiça em seu nome, quer dizer, de confiar a magistrados o direito de absolver e de condenar os culpados. Por que recusam a Deus o mesmo direito? O Rei do Céu terá menos poderes do que suas criaturas?
Evidentemente Deus pode confiar a homens o poder de perdoar os pecados em seu nome. Ora, é um artigo de fé que Jesus Cristo comunicou este poder aos padres quando lhes disse: os pecados serão perdoados a quem vós os perdoardes. O Salvador não disse: os pecados serão perdoados a quem anunciardes que lhes são perdoados; não; pois, absolvendo, o padre perdoa verdadeiramente os pecados na qualidade de substituto de Jesus Cristo, em virtude do poder que lhe foi dado por Nosso Senhor, que é o principal ministro do Sacramento.

Vamos ouvir agora a Santo Afonso (do seu livro SELVA): "Perdoar pecados só a onipotência de Deus o pode, como a Santa Igreja dá a entender em sua orações do 10º domingo depois de Pentecostes: 'Ó Deus que manifestais, principalmente, vosso poder perdoando'... etc. Ouvindo o Salvador conceder ao paralitico o perdão de seus pecados, os judeus tinham, pois, razão de exclamar: Quem pode perdoar os pecados, senão Deus só? (S. Lucas, V, 21). Pois bem! a graça do perdão, que só Deus pode conceder por seu poder divino, um homem pode também concedê-la por estas palavras: Eu vos absolvo dos vossos pecados; este homem é o sacerdote. Notemos que ele não diz: "Deus vos absolve"; mas diz: "Eu vos absolvo". Dando a absolvição, ele fala como Deus, porque Deus lhe comunicou seu poder imenso e infinito para perdoar.

Se Jesus Cristo descesse a uma igreja e se assentasse em um confessionário para administrar o sacramento da penitência, enquanto um sacerdote estivesse assentado em um outro confessionário, é de fé que, quando o divino Redentor e o padre dissessem: Ego te absolvo a peccatis tuis, os penitentes ficariam absolvidos igualmente, tão bem por um, como pelo outro. Prova evidente de que o confessor ocupa o lugar de Jesus Cristo. Na verdade o sacerdote tem o poder das chaves; isto significa que ele pode livrar do inferno o pecador bem disposto, torná-lo digno do céu, e de escravo do demônio fazê-lo filho de Deus; e Deus mesmo é obrigado a concordar com a sentença do padre, recusando ou concedendo o perdão, conforme o sacerdote recuse ou conceda a absolvição, suposto que o penitente seja digno dela. De modo que "o juízo de Deus está entre as mãos do padre," diz S. Máximo de Turim. A sentença do padre precede, acrescenta S. Pedro Damião, e Deus a subscreve".


Vamos ouvir S. João Crisóstomo: "Criaturas que vivem sobre a terra são chamadas ao exercício de um poder que Deus não deu nem aos anjos, nem aos arcanjos. Não foi a estes que Ele disse: O que vós ligardes sobre a terra será ligado no céu, e o que vós desligardes sobre a terra será desligado no céu. Os príncipes da terra têm o poder de ligar, mas somente os corpos, ao passo que os laços de que dispõem os sacerdotes atingem à alma e vão até os céus; o que os padres fazem aqui na terra, Deus o confirma no céu, e o mesmo Senhor confirma a sentença de seus servos. Ele lhes deu por assim dizer a onipotência no céu. Ele disse: Os pecado serão perdoados àqueles a quem os perdoardes e serão retidos àqueles a quem os retiverdes. Haverá um poder superior a este? O Pai deu a seu Filho o poder de tudo julgar (S. João V, 22). E vejo o Filho confiar este mesmo poder aos seus sacerdotes". Vamos ver no próximo post que isto é uma grande honra. 

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