LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
O poder de perdoar pecados é, na verdade, um poder divino,
isto é, só Deus pode perdoar pecados. Jesus Cristo perdoava pecados justamente
porque Ele era Deus. Mas quem tem o poder, pode delegá-lo a outrem. Foi o que
Nosso Senhor Jesus Cristo fez. Assim como deu aos Apóstolos o poder de batizar,
celebrar o Santo Sacrifício da Missa, o poder de pregar, deu-lhes também a eles
e aos seus sucessores o poder de perdoar pecados. Por isso é que Jesus disse:
"Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. Tendo dito estas
palavras, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a
quem perdoardes os pecados, ser-lhes -ão perdoados; àqueles a quem os
retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (S. João XX, 21-23).
É um prodígio de misericórdia em nosso favor!
Todos reconhecem que os reis da terra têm o poder de mandar
administrar a justiça em seu nome, quer dizer, de confiar a magistrados o
direito de absolver e de condenar os culpados. Por que recusam a Deus o mesmo
direito? O Rei do Céu terá menos poderes do que suas criaturas?
Evidentemente Deus pode confiar a homens o poder de perdoar
os pecados em seu nome. Ora, é um artigo de fé que Jesus Cristo comunicou este
poder aos padres quando lhes disse: os
pecados serão perdoados a quem vós os perdoardes. O Salvador não disse: os
pecados serão perdoados a quem anunciardes que lhes são perdoados; não; pois,
absolvendo, o padre perdoa verdadeiramente os pecados na qualidade de
substituto de Jesus Cristo, em virtude do poder que lhe foi dado por Nosso
Senhor, que é o principal ministro do Sacramento.
Vamos ouvir agora a Santo Afonso (do seu livro SELVA):
"Perdoar pecados só a onipotência de Deus o pode, como a Santa Igreja dá a
entender em sua orações do 10º domingo depois de Pentecostes: 'Ó Deus que
manifestais, principalmente, vosso poder perdoando'... etc. Ouvindo o Salvador
conceder ao paralitico o perdão de seus pecados, os judeus tinham, pois, razão
de exclamar: Quem pode perdoar os
pecados, senão Deus só? (S. Lucas, V, 21). Pois bem! a graça do perdão, que
só Deus pode conceder por seu poder divino, um homem pode também concedê-la por
estas palavras: Eu vos absolvo dos vossos
pecados; este homem é o sacerdote. Notemos que ele não diz: "Deus vos
absolve"; mas diz: "Eu vos absolvo". Dando a absolvição, ele
fala como Deus, porque Deus lhe comunicou seu poder imenso e infinito para
perdoar.
Se Jesus Cristo descesse a uma igreja e se assentasse em um
confessionário para administrar o sacramento da penitência, enquanto um
sacerdote estivesse assentado em um outro confessionário, é de fé que, quando o
divino Redentor e o padre dissessem: Ego te absolvo a peccatis tuis, os
penitentes ficariam absolvidos igualmente, tão bem por um, como pelo outro.
Prova evidente de que o confessor ocupa o lugar de Jesus Cristo. Na verdade o
sacerdote tem o poder das chaves; isto significa que ele pode livrar do inferno
o pecador bem disposto, torná-lo digno do céu, e de escravo do demônio fazê-lo
filho de Deus; e Deus mesmo é obrigado a concordar com a sentença do padre,
recusando ou concedendo o perdão, conforme o sacerdote recuse ou conceda a
absolvição, suposto que o penitente seja digno dela. De modo que "o juízo
de Deus está entre as mãos do padre," diz S. Máximo de Turim. A sentença
do padre precede, acrescenta S. Pedro Damião, e Deus a subscreve".
Vamos ouvir S. João Crisóstomo: "Criaturas que vivem
sobre a terra são chamadas ao exercício de um poder que Deus não deu nem aos
anjos, nem aos arcanjos. Não foi a estes que Ele disse: O que vós ligardes
sobre a terra será ligado no céu, e o que vós desligardes sobre a terra será
desligado no céu. Os príncipes da terra têm o poder de ligar, mas somente os
corpos, ao passo que os laços de que dispõem os sacerdotes atingem à alma e vão
até os céus; o que os padres fazem aqui na terra, Deus o confirma no céu, e o
mesmo Senhor confirma a sentença de seus servos. Ele lhes deu por assim dizer a
onipotência no céu. Ele disse: Os pecado serão perdoados àqueles a quem os
perdoardes e serão retidos àqueles a quem os retiverdes. Haverá um poder
superior a este? O Pai deu a seu Filho o poder de tudo julgar (S. João V, 22).
E vejo o Filho confiar este mesmo poder aos seus sacerdotes". Vamos ver no
próximo post que isto é uma grande honra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário