LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
Todos os pecados, todas as desordens que perturbam e
desonram as famílias, todos os crimes enfim que tendem a subverter a sociedade
vêm do coração. É mister, pois, purificar e curar o coração humano, se
quisermos salvar a humanidade, isto é, as famílias e toda a sociedade. Mas
como? Que poderá exercer esta obra maravilhosa? As leis humanas quando boas,
podem, sem dúvida, opor algum obstáculo à torrente impetuosa das paixões, mas
não são suficientes para estancar-lhes a fonte. Podem, por exemplo, agir sobre
as ações públicas como, por exemplo a pedofilia e a pornografia. Infelizmente
hoje as leis humanas mais favorecem crimes do que os condena. É o caso do
aborto, das uniões adúlteras ou sodomitas. Mas mesmo as leis humanas boas não
podem atingir as ações secretas e ocultas, e ainda menos sobre seus princípios,
que são os pensamentos e os desejos. Só à Religião de Nosso Senhor Jesus Cristo
é reservado este poder; e a Igreja fá-lo através da confissão.
No segredo do tribunal sagrado, no confessionário, o coração
se desvenda completamente. Ali, o padre, confidente íntimo do penitente,
examina as chagas desse coração doente, e tira dele tudo que está gangrenado.
Substitui o mal pelo bem, o erro pela verdade, as afeições desregradas por
inclinações santas. Enfim, com sábios conselhos, acautela esse coração tão
fraco de novas recaídas.
Nada mais apto para impedir o mal em sua origem, do que a
confissão! E na falta de confessores, ninguém tem o poder nem o meio de o
fazer. É o que dizia Monsenhor Gaume: "Nem o pai, nem a mãe, nem o amigo
conhecem a última palavra do coração de seus filhos ou de seus amigos; há
segredos que o homem não pode e não quer revelar senão a Deus. Como são cegos,
para não dizer mais, os pais que afastam seus filhos da confissão, e creem
poder obter o monopólio de sua confiança! Ah! eles não sabem absolutamente como
o coração do homem é formado". E ouçamos o filósofo Marmontel: "Que
melhor preservativo para as más inclinações da adolescência, do que o uso da confissão todos os meses!".
Só a vergonha que acompanha a humilde acusação de um falta,
é capaz de reter o homem na borda da abismo: "Eu não farei isto, porque
terei de confessá-lo". Quantas infidelidades, quantas desordens a
confissão não tem impedido! Quantas almas estariam eternamente perdidas se não
se confessassem ou passassem a não fazê-lo mais! Caríssimos, o demônio mudo
perde muitas almas afastando-as da confissão.
Portanto, quem quer viver bem ou converter-se depois de uma
vida má, que deve fazer? - Deve procurar a confissão. Por isso o demônio mudo,
afim de conseguir que alguém se entregue às suas paixões, procura afastar esta
pessoa da confissão.
Quem quiser convencer-se destas verdades, basta ver a época
da sua vida em que abandonou a confissão. Foi, então, neste tempo que se tornou
mais puro e mais virtuoso? Sem a mínima dúvida, não foi. Pelo contrário, foi
quando quis entregar-se às suas más inclinações. Caríssimos, o mundo mesmo sabe
proclamar em alta voz o que se deve pensar a respeito das pessoas de bem que se
confessam todos os meses. O próprio mundo vê sem dificuldade, que estes são
católicos exemplares.
É bom, no entanto, estar sempre lembrando, que a confissão
produz seus salutares efeitos, quando bem feita. Fazer mal a confissão, é sim,
transformar um remédio em veneno. Que Deus nos livre de tamanho mal e perigo
para a salvação! Amém!
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