LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
Caríssimos, peço que não julguem ser fruto de puro
sentimentalismo o que agora vou escrever. A alegria que vem de uma santa
confissão, máxime de uma confissão geral bem feita, é algo que sobrepuja todo
entendimento humano, é divino, é sobrenatural. Quantos e quantas que antes da
confissão choravam de tristeza, após a confissão, choravam de alegria! E digo
mais: esta alegria inefável, enche também o coração do confessor. Basta
pensarmos no seguinte: uma alma sair das garras do demônio e ser colocada nas
mãos de Deus, Nosso Pai e Senhor! Deixar o caminho que conduzia ao inferno e
passar a trilhar o que conduz ao céu. Vale a pena estendermos as nossas
reflexões sobre tema tão agradável ao coração humano!
Caríssimos, como exprimir os transportes de alegria que
experimenta uma alma pecadora, no momento em que o padre, em nome do Rei dos
céus, lhe diz: Eu vos absolvo, que Deus
a abençoe, vai em paz! Ela experimenta uma felicidade que as delícias da terra
nunca lhe puderam dar. A alma pensa: não estou mais nas cadeias do demônio; sou
filha de Deus, o céu tornou-se minha herança!
Demos aqui a palavra a Mons. Giraud: "Admirai, a
transformação deste homem, outrora pecador e hoje penitente; era triste e
pensativo, e, se algumas vezes parecia sorrir, esse sorriso era forçado e
traduzia lágrimas; os mais suaves sentimentos da vida, os prazeres da amizade,
os amores da família, estavam corrompidos por uma dor secreta; uma palavra de
religião, uma lembrança da morte, da eternidade, o lançava numa profunda
melancolia. Vede-o agora ao sair do tribunal da penitência. Que encanto! Que
alegria! Chora, e acha suavidade em chorar; seu coração se desfaz em delícias,
seu bom gênio voltou-lhe com a graça. Desde que ama seu Deus tornou-se mais
amável para com o próximo! Parece ter tornado a uma nova existência e renascer
para uma vida mais suave. Sua fronte carregada de desgosto se esclarece e
brilha, seu sono agitado torna-se tranquilo, seu coração oprimido abre-se e
derrama, como um vaso cheio, a alegria que não pode conter. Ainda há pouco
duvidava das verdades da fé, agora crê em tudo, descansa com amor na religião
que perdoa. Temia a confissão como um suplício, agora ele a aprecia, a abençoa,
a pratica sem esforço. Vinde, pois, ó pecadores, experimentai esse remédio
salutar. Provai e vede; que a primeira amargura não vos afaste; a amargura está
na superfície, mas a doçura reside no fundo do cálice. "Provai e vede, o quanto é suave!" (Salmo XXX, 8)."
Vou contar-vos um fato: Um protestante entrou um dia em uma
igreja católica, na ocasião em que os fiéis se apressavam em volta do
confessionário. Ficou tão maravilhado da felicidade que ao sair do tribunal
sagrado lhes resplandecia no rosto, que exclamou: é esta a verdadeira Igreja, é
aqui que se realiza a palavra do Evangelho: "os pecados serão perdoados
aos que vós os perdoardes". Já havia lido João XX, 22-24. Só a Igreja
romana, exclamou ele, perdoa os pecados, como está claro na Bíblia; ela é,
pois, a única Igreja de Jesus Cristo". Apressou-se a abjurar a heresia
afim de poder gozar também as santas alegrias da confissão.
Não sei se é impressão minha, mas os protestantes em geral (É claro que ha exceções) não aparentam aquela alegria franca que brota do íntimo da alma. É talvez, a falta da
confissão. Eles dizem que pedem perdão diretamente a Jesus. Aliás, dizem que
basta confiar que Jesus é o Salvador! Mas ouviram alguma voz vinda do céu que
lhes garantia o perdão? No fundo devem reconhecer que só a Religião católica
segue integralmente o que Jesus deixou e disse: "Recebei o Espírito Santo,
a quem perdoardes o pecados serão perdoados"... "Quem vos ouve a mim
ouve".
Caríssimos, há sempre o receio de se dizer aos doentes que
se devem confessar; na confissão não se lhes fala senão o mais tarde possível.
quase sempre quando já é tarde. Ah! a confissão não faz morrer; ela é mais
salutar do que se pensa. A paz da alma influi muito sobre a saúde. A confissão
acalma as agitações tão penosas da consciência, dissipa o temor tão horrível do
futuro, suaviza os sofrimentos pela resignação, transforma os pensamentos
tristes e acabrunhadores em pensamentos cheios de esperança e de consolação. Já
fui Capelão em hospitais, já atendi milhares de doentes, e posso afirmar que,
pela graça de Deus, muitos se recuperaram logo após receber os sacramentos.
Daí, eu, que no começo encontrava tanta dificuldade em poder atender os doentes
que estavam em quartos particulares, depois de alguém tempo, os parentes e até
os médicos católicos iam me procurar para eu dar os sacramentos.
Tissot, não o célebre escritor espiritual católico, mas o
célebre médico protestante, tratava de uma senhora estrangeira, cuja doença
chegou a um ponto assustador. Conhecendo a gravidade de seu estado e
atormentada pelo pesar de deixar tão cedo a vida, entregou-se a violentas
agitações e aos transportes do desespero. O médico Tissot julgou que este novo
abalo lhe abreviasse o termo da vida e, embora protestante, segundo seu
costume, preveniu que não tardassem a administrar à doente todos os socorros da
religião que só a Católica possui. Então é chamado um padre. A doente o escuta,
e recebe como o único bem que lhe resta, as palavras de consolação que saem da
sua boca. Ela se acalma, se ocupa de Deus e de seus interesses espirituais, e
recebe os sacramentos com grande edificação. No dia seguinte o médico a
encontra calma, e admira-se que já não tenha febre e que os sintomas mudassem
para melhor; breve a doente ficou curada. O médico Tissot costumava repetir
este fato e exclamava com admiração: "Tal é o poder da confissão entre os
católicos!" Amém!
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