LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
Nosso Senhor Jesus
Cristo disse: "Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz; não vo-la dou como a
dá o mundo" (S. João XIV, 27). O demônio faz o pecador crer que só será
feliz se seguir o mundo com suas concupiscências, fazendo o pecado. Mas o diabo
é o pai da mentira. Nosso Senhor Jesus Cristo é a verdade, Ele é alegria
infinita. Estar com Jesus, diz o Livro da Imitação de Cristo, é um doce
Paraíso; e estar sem Jesus é um terrível inferno. Pois bem! Se a alma perdeu
esta alegria infinita que é Jesus, é a confissão bem feita que lhe restituirá a
paz de Jesus, que é um dom tão importante que, como diz São Paulo,
"sobrepuja todo entendimento humano". Porque Jesus Cristo é Deus e,
portanto, infinito, e nós somos criaturas, e, portanto, limitados.
Toda felicidade vem de Deus, que é fonte de todo o bem.
Unido a Deus pela graça, o homem é feliz; mas, separado de Deus pelo pecado, é
soberanamente infeliz. Assim dizia o profeta Jeremias II, 19: "Sabei e vede, como é amargo ter
abandonado o Senhor". Com o pecado nasce na alma um verme roedor que
se chama remorso de consciência. O rei Davi explica a vida infeliz que levou
enquanto se achava em estado de pecado:
"Minhas lágrimas serviram-me de alimento, porque, dia e noite, eu ouvia
uma voz interior que me fazia esta censura: onde está o teu Deus?"
(Salmo 41, 4). Mas parece, dizem muitos, que as pessoas do mundo são
felizes...! Mas é a paz do mundo; e esta é enganadora. O fato de os mundanos
procurarem sem cessar divertimentos e prazeres, é justamente porque nunca estão
satisfeitos. Pelo contrário, basta um momento de sossego, logo sentem o espinho
do remorso. Santo Agostinho dizia: "O pecador é infeliz porque sente o
remorso; e os que já não o sentem mais, são mais infelizes ainda, porque
certamente senti-lo-ão eternamente". Realmente, o remorso é um meio da
misericórdia divina levar o pecador ao arrependimento e daí à confissão. Mas
com tanto pecar, a consciência pode se tornar cauterizada, é aí já não sente
mais o remorso, e tanto pior.
O único remédio contra os remorsos é a confissão bem feita;
somente ela, instituída por Deus para perdoar os pecados, pode dar ao homem a
certeza divina de seu perdão, estando ele bem disposto. Ouvi a este respeito o
protestante Naville: "Parece-me, diz ele, que é bastante entrar em si
mesmo para compreender como a Igreja romana, com as graças de que ela dispõe e
a sua divina autoridade, se vê apoiada pelas necessidades mais íntimas da nossa
alma. Quem não voltou um olhar de inveja para o tribunal da penitência! Quem
não desejou na amargura do remorso, na incerteza do perdão divino, ouvir de uma
boca que o pode dizer com o poder de Jesus Cristo: 'Vai em paz, teus pecados de
são perdoados'."
Acrescentaremos, caríssimos, com o conde de Maistre:
"Que há de mais natural do que o movimento de um coração que se chega a
outro coração para nele derramar um segredo? O infeliz, despedaçado pelo
remorso ou pela dor, tem necessidade de um amigo, de um confidente que o
escute, o console e algumas vezes o dirija. O estômago no qual está depositado
um veneno e que entra em convulsões para o vomitar, é a imagem perfeita de um
coração onde o inimigo infiltrou a sua peçonha: sofre, debate-se, contrai-se
até que ache um coração amigo, ou ao menos assaz benévolo, para ser o
confidente de sua desgraça".
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