É só olhar para a atitude dos Apóstolos antes e depois.
Antes, ou seja, na Paixão de Jesus, e depois que receberam o Espírito Santo.
E vamos começar por
S. Pedro, o chefe dos Apóstolos. Na véspera da Paixão de Jesus, Pedro promete
seguir a Jesus até à morte. Mas, logo naquela noite, à voz duma criada, nega o
divino Mestre; mente, jura, fazer imprecações dizendo que não conhece aquele
homem. Se envergonha de Jesus a tal ponto que nem pronuncia Seu Santíssimo
Nome! Vamos vê-lo agora no dia do Pentecostes. Anuncia Cristo a milhares de
judeus; mais, lança-lhes em rosto, em linguagem cheia de ousadia o terem-No
crucificado; prova a sua Ressurreição, exortando-os a fazerem penitência e a
receberem o Batismo (Cf. Atos II, 23, 24 e 39). Vemos que não é mais aquele
apóstolo tímido que receia o perigo e "fica de longe"; é, ao
contrário, a testemunha que proclama diante de todos, com palavras corajosas,
que Jesus Cristo é o Filho de Deus. É outro, nem parece ser a mesma pessoa de
50 e poucos dias antes! O que aconteceu? É que a virtude do Espírito Santo
transformou-o; o amor que consagra a Jesus é agora forte e generoso. O próprio
Nosso Senhor tinha predito esta transformação, quando disse aos Apóstolos,
antes da Ascensão: "Ficai em Jerusalém até serdes revestidos da luz do
alto".
Vejamos agora a atitude não só de Pedro mas também de todos
os Apóstolos: Poucos dias depois da descida do divino Espírito Santo sobre
eles, pregam aos judeus e estes se comovem com as suas palavras, com os
milagres que operam, com as conversões que fazem invocando o nome de Jesus. Os
príncipes dos sacerdotes e os saduceus que mataram a Jesus, chamam os
discípulos e proíbem-lhes pregar o Salvador. Responderam: "Não podemos
obedecer às vossas ordens, não podemos deixar de dar testemunho do que vimos e
ouvimos" (Atos IV, 18-20). Sabemos que na noite da Paixão todos eles
tinham abandonado a Jesus e fugiram; e, mesmo depois da Ressurreição de Jesus
"ficaram escondidos numa casa, com as portas e janelas fechadas, com medo
dos judeus", como agora, isto é depois da vinda do Espírito Santo, falam
assim com tanta coragem? É porque o Espírito Santo é o Espírito de verdade, o
Espírito de amor, o Espírito de força.
Agora os Apóstolos se entregam aos suplícios porque, pela
vinda do Espírito Santo, o seu amor a Jesus é muito mais forte do que antes. E
os judeus, vendo que eles não se importavam com a proibição, chamam-nos aos
tribunais. Pedro, em nome de todos, declara que devem "obedecer antes a
Deus do que aos homens" (Atos V, 29). Os judeus querendo vencer aquela
constância, açoitaram os Apóstolos, antes de os soltar. Mas, após aquele
suplício humilhante eles "estavam cheios de alegria por terem sido
julgados dignos de sofrer opróbrios pelo nome de Jesus" (Atos V, 41). Essa
alegria nos sofrimentos e nas humilhações vinha justamente do Espírito Santo,
pois, Ele é o Espírito de CONSOLAÇÃO.
Jesus Cristo que é o Filho de Deus feito homem, também é
consolador: "Vinde a mim, vós todos, que estais aflitos, e eu vos
consolarei" (S. Mat. XI, 20). E como ensina S. Paulo, Ele é um Pontífice
que sabe compadecer-se dos nossos sofrimentos, porque Ele próprio foi também
sujeito à dor" (Hebr. IV, 15). Este divino Consolador, porém, devia
desaparecer das vistas carnais dos discípulos, porque subiu para os Céus. Por
isso, pedia ao Pai que lhes enviasse OUTRO Consolador, igual a Ele, Deus como
Ele. Este outro Consolador é o Espírito Santo.
Porque é o Espírito de verdade, este Consolador acalma as
necessidades da nossa inteligência; porque é o Espírito de amor, satisfaz os
desejos do nosso coração; porque é o Espírito de força, sustenta-nos nos
combates e lágrimas na conquista da Pátria do repouso eterno.
Rezemos com a Santa Igreja: "Ó Consolador por excelência, doce hóspede da alma, doce
refrigério!" Amém!
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