(Excertos do capítulo
I do Livro "OS DEZ MANDAMENTOS" da autoria de Mons. Tihamer Tóth)
"Em cada Mandamento
quisera sublinhar que devemos cumprir o Decálogo, não só porque a sua infração
é um pecado contra Deus, mas também porque é ainda um pecado contra a natureza
humana, contra uma vida terrena feliz, contra a sociedade. Quero destacar o
pensamento importante de que estas leis são antigas, sim, mas nem por isso
antiquadas: que estas leis não têm apenas três mil anos, mas seis... eu sei lá
quantos milhares! porque são tão antigas como a própria humanidade. Certo é que
o Senhor as codificou a partir dessa data de que temos conhecimento, dando-as
escritas nas tábuas de pedra do Sinai; porém, milhares de anos antes, quando criou
o homem, gravou-as no mais sensível da coração humano, no mais fundo da sua
natureza e, por isso, ainda que tornem a passar novos milhares e dezenas de
milhar de anos sobre a humanidade, e por muito que esta cubra com prodigiosos
inventos da técnica a face da terra, estas leis, as palavras majestosamente
singelas do Decálogo, desafiarão, imutáveis, todos os tempos.
O Decálogo não foi
imposto apenas aos Judeus, ao homem antigo. Porque a proibição de perjurar, de
roubar, enganar, matar, levar vida licenciosa é pedra fundamental, inamovível,
de todas as sociedades e de todas as épocas. (...) Do cumprimento do Decálogo
depende não só a nossa vida eterna, como também a nossa felicidade temporal e,
ou a humanidade permanece fiel aos mandamentos de Deus, ou terá de resignar-se
a nunca mais gozar uma vida humana tranquila, pacífica, feliz e sã. Porque
aquelas dez breves frases, inscritas em antigas tábuas de pedra, dirigem-se a
todos os homens. (...).
Ponho-me a imaginar o que
seria, como se modificaria esta vida terrena, tão triste e tão cheia de lutas
se os homens um dia resolvessem: De hoje
em diante tomaremos a sério o Decálogo.
Soltemos as rédeas da
nossa fantasia: esta noite os homens decidem cumprir, para o futuro, como todo
o rigor, os Mandamentos. Que sucederia?
Vem a aurora... os homens
levantam-se, aqui, além..., após tranqüilo repouso. E, que surpresa! não pedem
primeiro que tudo o café da manhã; mas todos dobram os joelhos junto das suas
camas e, em oração curta, fervorosa, consoladora, saúdam o Senhor! Todos oram:
hoje está em vigor o Decálogo.
Chega a hora do primeiro
almoço e repartem-se os periódicos que cheiram ainda à tinta fresca de
imprensa. Mas, coisa rara! O café nunca foi tão saboroso: nas páginas do Diário
há grandes espaços em branco, principalmente nos lugares antes destinados às
murmurações e aos escândalos. Ah! sim! está em vigor o Decálogo. É proibido
enganar. E por isso é tão boa e pura a lei. É proibido mentir e por isso as
folhas vêm tão vazias...
Termina o primeiro
almoço. Cada qual segue, apressado, para o seu trabalho! Numerosos estudantes
dirigem-se para as suas aulas e todos de bom humor, porque não vão arquitetando
as mentiras que habitualmente dizem aos professores como desculpa de não
saberem as lições - hoje não é permitido mentir! - Em vez dessas
mentiras, vão repetindo, para si, o que levam bem sabido, já que hoje toda a
gente cumpre o seu dever.
Os pais de família
dirigem-se para as repartições. Que
interessante! Hoje, às oito, todos estão no seu posto e os assuntos dos clientes
são despachados com presteza e interesse... Mas... que terão estes homens?
Os operários
encaminham-se para as fábricas; todos empunham as ferramentas e manejam os
maquinismos com vigor e satisfação. Não há um só que se atreva a revoltar-se.
Não dizem mal do fabricante, do rico, do patrão... Ah! sim! Está em vigor o
Decálogo.
A dona de casa dirige-se
ao mercado... Que contentamento! que segurança! Compra um litro de nata e nem
sequer a prova primeiro: tem certeza de que não está azeda. Compra o colorau e
sabe que não vem misturado com pó de tijolo. Compra mel e não há nele mistura,
Deus sabe de que droga. Compra manteiga que não tem margarina. Ao trocar uma
nota do Bando nem sequer verifica o troco. E ninguém regateia, porque hoje é
proibido enganar.
O açougueiro compra um
boi e tem a certeza de que não lhe deram previamente de beber, para pesar mais,
cheio de água. E o que ainda vale mais, quando se retira com a sua compra,
corre atrás dele o vendedor, dizendo: Queira desculpar, enganei-me no troco e
dei-lhe menos do que devia..."
Será preciso continuar a
descrever como seria o mundo se tomássemos a sério o Decálogo?
Regressa o marido de
longa viagem e a esposa, recebe-o com aquela alegria verdadeira que só pode ser
comunicada por uma consciência completamente tranquila e uma fidelidade
conjugal mantida sem desdouro.
Chega o filho da escola e
que felicidade para os pais saberem que cada palavra sua representa a verdade
clara!
Logo à tarde há um
comício. Porém, os oradores, que até agora falavam durante horas, de rosto
contraído, espumando de cólera, não podem falar nem dois minutos, porque hoje
só é permitido dizer a verdade.
Teremos de continuar?
Nessa tarde um grupo de amigas reúne-se para o chá das cinco. Há anos que têm
este costume: hoje, porém, a conversa leva tanto tempo a animar-se! E contudo
faltam ali companheiras habituais de quem se poderia tranquilamente murmurar,
na ausência. Mas, é verdade! hoje não se pode dizer mal de ninguém.
Desapareceram os
policiais da rua; não têm que fazer: hoje não há criminosos.
Dos lugares de
publicidade desaparecem os anúncios e gravuras licenciosas; e os nossos jovens
podem passear tranquilos, esta noite, pelas ruas das grandes cidades; hoje é
proibido seduzir ou impelir alguém ao pecado.
Abrem-se as cadeias; não há
criminosos!
Nas Repartições de
Contribuições... [declarações de renda] oh! quantos homens se comprimem
ali! -
"Peço-lhe que corrija a minha contribuição [declaração]; os meus
rendimentos são justamente dez vezes maiores do que eu tinha
manifestado..."
Assim aconteceria se
cumpríssemos a sério os dez Mandamentos. E se em vez de um dia fosse uma semana
inteira? E se em vez de semanas toda a vida? Que paraíso terreal floresceria
neste vale da lágrimas!
-
Ilusões! Fantasias de poeta! - dir-me-ão.
De modo algum fantasias,
mas sim a vontade de Deus. É vontade de Deus que cumpramos o Decálogo, para
assim garantirmos o equilíbrio da vida terrena. Eu quero crer: a vida temporal,
deste modo, seria o Céu na terra. Continuaria o sofrimento, a doença, a morte. Desapareceria,
porém, da nossa vida, aquela infinidade de tormentos, cuja causa somos nós
unicamente. Desapareceria: e então a vida humana seria suportável,
tranquila - que mais direi? -
seria feliz. Porque não podemos esquecer que Nosso Senhor Jesus Cristo
não é nosso Redentor só por ter libertado as nossas almas do pecado, mas também
por ter dotado a vida terrena do homem com as leis mais a propósito para
dignificar e enobrecer".
AMÉM!
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