LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
Na verdade, o demônio
costuma embaraçar as almas escrupulosas inspirando-lhes o temor de pecar, se
fizerem o que diz o confessor. É preciso vencer esta tentação, ou, melhor
dizendo é preciso vencer estas vãs apreensões. Desde que o confessor aconselhe
alguma coisa, todos os doutores e todos os mestres da vida espiritual ensinam,
comumente, que é preciso vencer o escrúpulo e obedecer. Aquele que obedece
caminha sempre seguro. "Nunca um verdadeiro obediente se perdeu", diz
S. Francisco de Sales. E acrescenta: "É preciso contentar-se com saber que
se pratica o bem obedecendo ao pai espiritual, sem indagar as razões". Um
padre dizia: "Mesmo quando o confessor se enganasse, o penitente não se
engana obedecendo e caminha com segurança".
É ao confessor que compete decidir se uma pessoa é
escrupulosa ou não. Todos os escrupulosos
pretendem que seus escrúpulos não são escrúpulos, mas verdadeiros
pecados. O demônio os engana assim para tornar-lhes odiosa a vida espiritual,
para fazê-los abandonar a oração, a comunhão, para conduzi-los pelo caminho
largo, e mesmo para fazê-los perder a cabeça. Também, uma pessoa escrupulosa
que não obedece está perdida.
Eis aí porque os teólogos ensinam que, quando um confessor
ordena agir com liberdade e vencer seus escrúpulos, não somente se pode, mas
mesmo se deve obedecer. Demais São João da Cruz declara que "não crer na
decisão do confessor, é orgulho e falte de fé". É isto que o escrupuloso
deve temer, e não imaginários pecados.
O Padre Tanquerey, grande teólogo, fala sobre os inconvenientes
do escrúpulo: "1º - Quando alguém tem a desdita de se deixar dominar pelos
escrúpulos, são deploráveis os efeitos que eles produzem no corpo e na alma.
Vamos resumir:
a) Enfraquecem
gradualmente e desequilibram o
sistema nervoso: os temores, as angústias incessantes exercem uma ação
deprimente sobre a saúde do corpo; podem converter-se numa verdadeira obsessão.
b) Cegam o espírito e
falseiam o juízo: perde-se pouco a pouco, a faculdade de discernir o que é
pecado do que não o é; o que é grave do que é leve.
c) A indevoção do
coração é muitas vezes consequência do escrúpulo; à força de viver na
agitação e confusão torna-se o escrupuloso medonhamente egoísta, entra a
desconfiar de toda gente, até de Deus, que começa a olhar como demasiado
severo; queixa-se de que o Senhor nos deixe nesse infeliz estado, acusa-o
injustamente: é evidente que a verdadeira devoção, em tal estado, é impossível.
d) Vêm por fim os
desfalecimentos e as quedas. O escrupuloso gasta as energias em esforços
inúteis sobre ninharias, e depois já não tem força para lutar em pontos de
grande importância. Daí vem os desfalecimentos. E não encontrando alívio na
piedade, vai procurá-la noutras partes, o que, às vezes, é perigoso.
O escrupuloso deve rezar pedindo a Deus a cura desta doença
espiritual. Neste ínterim, Deus quer que a alma tire algum proveito: Deve
aceitar este sofrimento como uma provação. Assim deve aproveitá-lo para
purificar a alma e deve chegar a uma grande pureza de coração. Também ajuda na
aquisição da humildade e da obediência. O escrupuloso se corrigindo tem
facilidade de chegar a possuir uma consciência delicada, o que é um grande dom
de Deus.
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