LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
"É justo, nota São Gregório, que aqueles que obedecem ,
triunfem de todas as tentações do inferno, pois, submetendo sua vontade aos
outros por obediência, tornam-se superiores aos demônios que caíram por sua
desobediência". Ao assim se expressar este santo deveria ter em mente esta
palavra do Divino Espírito Santo: "O
homem obediente será vitorioso" (Prov. II, 21).
O célebre escritor espiritual Cassiano acrescenta que aquele
que mortifica sua própria vontade destrói todos os vícios, porquanto
"todos os vícios provêm da vontade própria".
"A obediência ao confessor, diz o Padre Perriens, nos faz
também vencer todos os artifícios do demônio, que por vezes, sob pretexto de
algum bem, nos leva a nos expormos às ocasiões perigosas, ou nos faz empreender
certas coisas que parecem santas, mas que podem causar-nos muito mal; por
exemplo: às pessoas piedosas, o espírito maligno faz empreender penitências
imoderadas; perdem a saúde, depois abandonam tudo e tornam a tomar o caminho
largo que seguiam primeiramente. Eis, aí o que acontece a quem age por sua
própria cabeça; mas, quem se deixa guiar pelo confessor, não tem que temer
semelhantes ilusões. Aquele que obedece perfeitamente ao confessor tem certeza,
não somente de salvar-se (se perseverar), mas mesmo de santificar-se. A
santificação consiste em fazer a vontade de Deus como o ensina Santo Tomás de
Aquino. Ora, santa Tereza declara que a obediência ao confessor é o meio certo
de fazer a vontade de Deus. Segue-se daí que aquele que age por obediência ao
confessor, agrada sempre a Deus, seja praticando a oração, a mortificação, a
comunhão, seja omitindo seus piedosos exercícios. Do mesmo modo, ele merece
sempre, seja divertindo-se, seja trabalhando; pois, obedecendo, faz sempre a
vontade de Deus. Assim, continua o Pe. Perriens, a obediência ao nosso
confessor é a coisa mais agradável que podemos oferecer a Deus, e é o meio
seguro de cumprir sua divina vontade".
Santo Henrique Suso assegura que "Deus não nos pedirá
conta do que tivermos feito por obediência". Grande consolo para os
escrupulosos!
Santa Teresa d'Ávila diz: "Que a alma tome seu
confessor por juiz, com a resolução de não mais pensar em sua causa, mas de
confiar nestas palavras de Nosso Senhor: Aquele
que vos ouve, a mim ouve." E a grande Reformadora do Carmelo,
acrescenta que é este o meio certo de fazer a vontade de Deus. Também declara
que foi por este meio, a obediência ao confessor, que ela mesma aprendeu a
conhecer e a amar a Deus. Não temia afirmar que "a obediência é o caminho
mais curto para chegar à perfeição".
São Filipe Néry dizia: "Enquanto se obedece se tem
segurança de não dar conta a Deus do se faz". Por conseguinte, se
praticais assim a obediência, suponhamos que no dia do juízo Jesus Cristo vos
dirija estas perguntas: por que ficastes tranquilo quanto às suas confissões,
por que escolhestes este gênero de vida? Por que comungastes tantas vezes? Por
que deixastes aquelas penitências? Podereis responder: Senhor, assim o ordenou
meu confessor. Então o divino Juiz não poderá senão aprovar o que tiverdes
feito.
Aqui me dirijo especialmente às almas escrupulosas.
Caríssimos, o(a) escrupuloso(a), em particular, é obrigado(a) a obedecer a seu
confessor. Além das razões a acima indicadas, o escrupuloso tem mais esta: que
é incapaz de julgar por si mesmo sua consciência e seus atos; e obedecendo,
está sempre certo de proceder bem. Dois grandes meios para cura desta doença
espiritual: oração e obediência ao confessor. São Domingos, foi tentado de ter
escrúpulo justamente por obedecer ao seu confessor. Nosso Senhor Jesus Cristo
disse-lhe: "Por que temes obedecer a teu diretor? Tudo que ele diz deve
servir para teu bem".
São Bernardo ensina que: "tudo que manda aquele que
ocupa o lugar de Deus, a menos que não seja evidentemente um pecado, deve ser
recebido como se Deus mesmo o ordenasse". Pode alguém pensar: - Mas meu confessor não é um São Bernardo.
Responde o grande escritor espiritual Gerson: "Não dizeis bem, pois vos
confiastes aos cuidados deste homem, não porque seja hábil, mas porque Deus
vo-lo deu por guia; deveis pois obedecer-lhe, não como a um homem, mas como a
Deus". É óbvio igualmente, digo eu, que neste tempo de crise em que muitos
padres progressistas não seguem a doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo,
devemos tomar cuidado! No caso de não haver outro, confesse-se com o
progressista, mas prestar bem atenção nos seus conselhos e ordens no
confessionário. Caso não estejam em acordo com o que a Igreja sempre ensinou,
simplesmente não seguir. E o quanto for possível evitar confessar-se com tais
confessores. Na verdade, se o confessor, sendo fiel à doutrina de Jesus Cristo,
pode fazer um grande bem às almas, também é verdade que o mau confessor pode
fazer um mal enorme. Hoje infelizmente é mister fazer estas advertências, que
antigamente os autores espirituais não precisavam fazer, pelo menos assim tão
insistentemente. O perigo hoje é muito maior, porque a grande e terrível arma
empregada pelos modernistas hodiernos é a ambiguidade. São Bernardo diz:
"a menos que não seja evidentemente um pecado". Mas hoje aconselha-se
o que é pecado nebulosamente disfarçado nas ambiguidades. Os caríssimos
leitores devem já estar adivinhando o porquê destas minhas observações: o
perigo atual de padres modernistas ou neomodernistas aplicarem a já famigerada
"Amoris Laetitia" nas suas ambiguidades que dão azo às más
interpretações. Estas más interpretações não levam apenas a pecados veniais,
mas a pecados mortais gravíssimos, quais sejam os adultérios e os sacrilégios.
Pior: ao estado de pecado de adultério e ao estado de sacrilégios. Uma coisa
(que não deixa de ser grave) é esporadicamente alguém cometer um adultério e
depois se arrepender, se confessar e não pecar mais, e outra coisa imensamente
mais grave, deplorável e ladeira escorregadia para o inferno, é alguém viver no adultério. O mesmo se diga
dos sacrilégios.
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