LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
Os males acometidos contra as almas podem ser considerados
doenças. E neste caso, qual é o médico? É o confessor. Devemos, ainda
considerar que as enfermidades espirituais são muito mais funestas do que as
corporais, porque podem conduzir a morte eterna. Assim, os fiéis devem procurar
o remédio para suas paixões, para as suas más inclinações, para os seus vícios,
enfim, para seus pecados, no confessionário. Ali está um pai, como já vimos,
mas está também o médico das almas. Foi Nosso Senhor Jesus Cristo quem
estabeleceu o sacerdote para ser o médico das almas.
Caríssimos, que missão sublime esta do confessor! Dizia
Jesus Cristo: "Não são aqueles que
passam bem que têm necessidade de médico, são os doentes" e acrescentava: "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores". Nosso
Senhor enviou o confessor para curar aqueles que têm o coração contrito (Cf. S.
Lucas IV, 18). Jesus Cristo, Médico incomparável, Ele restitui a vista aos
cegos, a audição aos surdos, a palavra aos mudos, a saúde aos doentes, e mesmo
a vida aos mortos.
O médico tem quatro deveres a cumprir para com o doente:
1.
Deve procurar bem conhecer sua moléstia.
2.
Quando a conhece, deve dar ao enfermo sábios
conselhos para induzi-lo a se tratar e a evitar tudo quanto é prejudicial.
3.
Deve prescrever-lhe remédios eficazes e apropriados
à moléstia.
4.
Deve com bastante frequência examinar ao seu
doente para certificar-se se suas prescrições são executadas, se os remédios
produzem efeito, se não é preciso prescrever outros.
Ora, aí estão precisamente os
deveres do confessor em sua qualidade de médico das almas. Vejamos hoje, os
dois primeiros destes quatro deveres do confessor como médico das almas:
·
1º - Deve
procurar conhecer bem as moléstias de seu penitente: O confessor
primeiramente deve indagar a origem e a causa das enfermidades espirituais de
seu penitente. Para conhecer a gravidade do mal, ele deve informar-se dos
hábitos viciosos, das ocasiões que o fazem cair no pecado; deve saber desde que
tempo está sujeito a este vício, em que lugar, em que circunstância, com que
espécie de pessoas caíra nele. É claro que os penitentes já devem explicar
isto, mas, se o não fazem, o confessor com muita prudência e delicadeza,
procura ajudar os seus doentes espirituais. Isto porque esses conhecimentos lhe
são necessários para saber quais os avisos e quais os remédios que deve dar ao
penitente. E assim, este não deve nem estranhar nem achar ruim que o confessor
lhe interrogue sobre estes pontos. O bom confessor que ainda não conhece bem
seu penitente, tem obrigação de fazer estas perguntas, e o penitente deve, por
sua vez responder com sinceridade, porque isto é indispensável para a cura da
sua alma. Nós gostamos dos médicos que
fazem muitas perguntas porque demonstram que realmente se preocupam com a nossa
saúde. O mesmo devemos pensar ao relação aos médicos das nossas almas, que são
os nossos confessores.
·
2º - Assim
tendo todo conhecimento necessário, o confessor dá sábios conselhos para
induzir o penitente a se tratar e a evitar tudo quanto é prejudicial: Portanto,
depois destas perguntas (que explicamos logo acima no nº 1) o confessor, bem
instruído da origem e da gravidade do mal, passará a dar os avisos sérios e com
mansidão, primeiro porque é médico e segundo porque é pai. Na qualidade de
médico o confessor é obrigado a fazer advertências. Deve mostrar aos penitentes
carregados de maiores iniquidades, a malícia dos seus pecados, as funestas
consequências a que eles arrastam, os castigos que eles merecem, os pesares
amargos que experimentarão por causa
deles na hora da morte, as graças preciosas que desprezam, a triste sorte que
os ameaça na eternidade. Mas, os penitentes não devem se assustar, pois o
confessor deve também, a exemplo do bom Samaritano, misturar o óleo com o vinho
para curar as feridas, isto é, deve misturar a doçura à severidade, e mesmo a
doçura deve exceder a severidade. O confessor sabe que no confessionário, mais
do que em qualquer outro lugar, vale a sentença de São Francisco de Sales:
"Pegam-se mais moscas com uma gota de mel, do que com um barril de
vinagre". Não esqueçamos nunca que, no confessor, a qualidade de médico está
sempre inerente à de pai. Se fosse pai segundo o sangue como acontece no
Oriente, seria mais difícil, mas é pai espiritual, é pai pela bondade, e talvez
seria melhor dizer que alma do confessor é "mãe"! Amém!
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