VIRTUDES PARA UMA FAMÍLIA CRISTÃ
"Irmãos: revesti-vos como eleitos de Deus, santos e amados, de
entranhas de misericórdia, benignidade, humildade, modéstia e paciência,
suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos mutuamente, se alguém tiver
queixas contra o outro; assim como o Senhor vos perdoou, perdoai-vos também.
Mas sobre tudo isto: tende a caridade que é o vínculo da perfeição; e reine em
vossos corações a paz de Cristo, para a qual fostes chamados em um só corpo; e
sede agradecidos. Habite em vós abundantemente a palavra de Cristo, em toda a
sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros com salmos, hinos e
cânticos espirituais, cantando em vossos corações, com a ação da graça, louvores a Deus. E tudo quanto
fizerdes por palavras ou por obra, fazei tudo em nome do Senhor Jesus Cristo,
dando graças por Ele a Deus Pai. Mulheres, estai sujeitas a vossos maridos,
como convém ao Senhor. Maridos, amai vossas mulheres, e não sejais ásperos para
com elas. Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao
Senhor. Pais, não provoqueis à indignação os vossos filhos, para que se não
tornem pusilânimes" (Colossenses, III, 12-21).
Nestas exortações de S. Paulo temos os elementos
indispensáveis para a felicidade das nossas famílias. Assim, o Apóstolo, às opiniões do modernismo, destruidor dos mais
sagrados vínculos, opõe os preceitos e virtudes criadores de uma felicidade e
de uma paz ainda possíveis neste mundo. Aí está o segredo da paz familiar. Nosso
Senhor Jesus Cristo afirmou que os filhos das trevas são mais prudentes nos
seus negócios que os filhos da luz nos seus. Só para dar dois exemplos: O
comerciante, aos clientes oferece prontamente suas mercadorias, ocultando a sua
irritação quando as desprezam e sem ofender-se quando as recusam. Que
"misericórdia"; que "paciência"; que "benignidade";
que 'humildade"; que "perdão das ofensas"; que "que
sorrisos de amabilidade!". O político, a todos acolhe com amabilidade,
tolerante com quem o importuna e prestimoso com quem lhe pede auxílio. O comerciante faz tudo isto como se fosse um
santo, mas não: é só para ganhar dinheiro. (Não quero com isto negar que há
comerciante santo também). O político parece praticar virtudes heroicas, mas,
na verdade, pensa só em conseguir votos, e consequentemente: honra e sobretudo,
dinheiro. (Também aqui não pretendo negar que possa existir político santo: é
difícil, mas para Deus nada é impossível).
Mas, caríssimos, qual destes motivos compara-se ao grande
bem na paz familiar? Dádiva do céu, ela transforma o lar em um vestíbulo do
paraíso, as agruras da vida em oásis de bênçãos. A paciência, a humildade, a
benignidade, a misericórdia, ensinam aos cônjuges a arte de se suportarem uns aos outros. Sigam
os cônjuges os conselhos de São Paulo supracitados, e as divergências que
pareciam separá-los virão a soldar ainda mais o vínculo matrimonial. Saibam os
cônjuges perdoar-se mutuamente. Enquanto um momento de silêncio restituirá a
bonança; um revide protrairá a tempestade por longos dias e semanas inteiras.
Tal como Jesus generosamente perdoou nossos graves crimes, perdoem-se os
esposos, com igual generosidade, as discrepâncias de temperamento e de caráter.
A caridade é o liame destinado a unir os fiéis entre si e
com Deus. Nesta união consiste toda a perfeição cristã. O amor da paz deveria
inspirar todos os sentimentos dos esposos como convém a membros de um só corpo.
O lar verdadeiramente cristão deveria estar sempre agradecido a Deus pelos
favores d'Ele recebidos. Os ensinamentos e máximas de Nosso Senhor Jesus
deveriam ser a bússola em toda a sua conduta e empreendimentos. De um lar
cristão são banidas e execradas as máximas do mundo. "Exortai-vos uns aos outros por meio de
salmos, hinos e cânticos espirituais", insiste o Apóstolo, assim
apontando-nos na oração a maior garantia de paz para o lar. A oração é ao mesmo
tempo, fonte de onde haurimos as energias necessárias para os momentos trágicos
que não faltam na existência de cada indivíduo, como não faltam na vida de toda
família. Repudiando os maus conselhos de um mundo colocado no Maligno, busquem
os esposos na Santa Religião e no seu Deus o conforto que anima, e da prece
fervorosa de um coração que sofre sairá a arma vitoriosa que tudo suporta.
"Onde quer que dois ou três se acharem reunidos em meu nome - diz Jesus
Cristo - estarei eu no meio deles" (S. Mateus XVIII, 20). Na verdade,
nunca um lar se sente mais unido como quando todos os componentes se voltam
para Deus repetindo todos a mesma prece divina: "Pai Nosso que estais no
céu". O lar, porém, que ignora a oração encaminha-se para o
desmoronamento, enquanto o lar que ora, que reza todos dias o Santo Terço, sela
com o nome de Deus e a intercessão de Sua Mãe Santíssima, a sua união e garante
a sua felicidade. Seguindo, pois, os conselhos do Apóstolo São Paulo, não será
difícil aos nossos lares realizar aquela felicidade que fará das famílias
cristãs outros tantos vestíbulos do céu.
Para terminar, lembremos algo sobre a MISERICÓRDIA. O Rei
Davi era um homem santo. A própria Bíblia mostra-o para os outros reis, como um
modelo de fidelidade a Deus. Mas, num momento de ociosidade e fraqueza cometeu
o gravíssimo pecado de adultério e, em consequência o homicídio, outro pecado
muito grave. Deus, através do profeta Natan, abriu-lhe os olhos e tocado de
sincero arrependimento exclamou: "Pequei". Davi chorou a vida toda estes seus graves
pecados. Não perdia oportunidade de fazer penitência e escreveu o Salmo 50, Miserere. Eis apenas alguns versículos
deste belíssimo salmo de penitência: "Tem piedade de mim, ó Deus, segundo
a tua misericórdia; segundo a multidão das tuas clemências, apaga a minha
iniquidade" (vers. 1-3); "O meu sacrifício, ó Deus, é um espírito
contrito, não desprezarás, ó Deus, um coração contrito e humilhado" (vers.
19).
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