sábado, 30 de janeiro de 2016

LEITURA ESPIRITUAL - Dia 30 de janeiro

Do amor de Deus


  Diz o Apóstolo São João: "Deus é amor, e quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus nele" (1 João. IV, 16). 
  Não podemos esquecer, no entanto, que o amor tem seus tempos de prova, com seus momentos de consolação; e esta vida transitória deve ser o contínuo exercício de amor, ou a consumação dum grande sacrifício de amor, cujo prêmio será uma vida eterna ou um amor imutável.
  Todos os caracteres da caridade, enumerados por São Paulo, nos recordam a ideia de sacrifício; e o mesmo amor infinito não pôde manifestar-se plenamente a nós senão por um sacrifício infinito. "Deus amou de tal modo o mundo, que deu por ele seu Filho único" (S. Jo. III, 16).
  E nosso amor para com Deus não pode tão pouco manifestar-se senão por um sacrifício, não igual, o que é impossível, mas semelhante pelo dom de todo o nosso ser ou uma perfeita obediência de nosso espírito, de nosso coração e de nossos sentidos à vontade d'Aquele que tão extremosamente nos amou.
  Então se verifica aquela união inefável que, na sua última hora pedia Jesus Cristo a seu eterno Pai operasse entre Ele e a criatura resgatada. Enquanto a natureza viver ainda em nós, alguma coisa nos separa de Deus e de Jesus, e o amor de Jesus Cristo urge que acabemos o sacrifício e pronunciemos aquela última palavra que o mundo não compreende, mas que regozija o céu: "Tudo está consumado". Quando pronunciarás tu, minha alma, esta palavra decisiva? 
  O amante fiel permanece firme na tentação. Tanto na prosperidade como na adversidade, é sempre igual seu amor para com Jesus. O que ama a Nosso Senhor com amor generoso põe sua glória em Deus e não nos Seus dons.
  Mas, não te julgues perdido, se alguma vez te acontecer sentir, para com Jesus, menos amor do que desejarias. O verdadeiro sinal de virtude sólida e de grande merecimento é combater os movimentos desordenados da alma, e desprezar as sugestões do demônio. Por isso não te perturbem as imaginações que te ocorrem de qualquer espécie que sejam. Conserva teu firme propósito de servir a Deus e vive na intenção reta de Lhe agradar. Está certo que o inimigo antigo, de todos os modos se esforça para sufocar os teus bons desejos e apartar-te dos exercícios devotos: como é honrar os Santos, ter compunção dos pecados, guardar teu coração, formar propósito firme de emenda e progredir na virtude. O demônio sugere-te mil pensamentos maus para te causar enfado e turbação, para te apartar da oração e das santas leituras. Aborrece-lhe a humilde confissão dos pecados, e, se pudesse, faria que deixasses de comungar. Não lhe dês crédito, nem faças caso dele ainda que muitas vezes te arme laços para te seduzir. Diga-lhe, como Jesus, vai-te daqui satanás, retira-te de mim. Antes quero sofrer e morrer que consentir na tua malícia. E não devemos dar mais atenção a ele. Digamos com todo fervor: "Graças e louvores se deem a todo momento ao Santíssimo e diviníssimo Sacramento". E pronto!
  Peleja como valente soldado; e se alguma vez caíres por fraqueza de coração, entra outra vez no combate, ainda mais valoroso que dantes, persuadido de que a graça de Deus te sustentará mais fortemente, sobretudo a graça sacramental da confissão humilde. Guarda-te, porém, muito da vã complacência e soberba. Sirva-te de exemplo e de motivo de humilhares a ruína dessas almas soberbas que loucamente presumem de si. 
  O ramalhete espiritual de hoje será: "Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu o seu Filho único".

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