51. E ERA ASSIM?...
O primeiro comentário que não podemos conter é este: E era com esta doutrina que Lutero queria reformar a Igreja?!!!
Como sabemos, a Igreja tem o seu lado divino e o seu lado humano. Ela foi fundada por Cristo, cabe-lhe a guarda do depósito da fé; é a coluna e firmamento da verdade (1 Timóteo III-15). REFORMA DOUTRINÁRIA não pode haver na Igreja, pois Cristo garantiu a firmeza e a estabilidade de sua doutrina, prometendo que as portas do inferno não prevalecerão contra ela ( Mateus XVI-18). É o seu lado divino.
Mas a Igreja é constituída por homens que, como tais, estão sujeitos a pecar, por maior que seja a sua dignidade. Tem produzido grandes santos, muitos de seus membros levam uma vida altamente edificante e piedosa, mas dentro dela há também homens que erram, que são pecadores, porque o reino dos céus é semelhante a uma rede lançada no mar que colhe toda espécie de peixes; e depois de estar cheia, a tiram os homens para fora, e, sentados na praia, escolhem os bons para as vasilhas, e deitam fora os maus. Assim será no fim do mundo: sairão os anjos e separarão os maus dentre os justos e lançá-los-ão na fornalha de fogo" (Mateus VIII-47 a 50). Se os próprios santos nunca estão satisfeitos consigo mesmos, sempre acham que deveriam amar e servir a Deus muito mais, que se dirá então dos pecadores? Em todas as épocas, portanto, os membros da Igreja sentem necessidade de uma REFORMA MORAL, para cuja realização encontram meios na própria Igreja: na sua doutrina e nos seus sacramentos.
E é muito significativo o que nos inícios da Igreja escreve o livro do Apocalipse em repreensão e advertência aos anjos das Igreja de Éfeso (II-4 e 5), de Pérgamo (II-14-16), de Tiatira (II-20) de Sardes (III-1 a 3) e de Laodiceia (III-15 e 16). Ou se interprete como sendo censuras feitas diretamente aos bispos destas igrejas ou às comunidades cristãs por eles dirigidas, o fato é que já naqueles tempos do primitivo fervor, aí se prega a reforma de certas fraquezas e se aconselha a penitência. A Igreja, que viveu cerca de 2.000 anos passou por várias vicissitudes e teve suas épocas, umas melhores, outras piores. E é possível que no começo de século XVI os seus membros precisassem de uma reforma moral, mais do que em outra qualquer época de sua história. Mas era com esta doutrina de que o homem não pode fazer outra coisa senão pecar e basta crer em Cristo para salvar-se, de que crendo em Cristo fica livre de todas as leis, de que só há um pecado que condena o cristão, o pecado da incredulidade, era com esta doutrina que se podia trazer aos membros da Igreja a reforma moral de que eles necessitavam?
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