Observação: Transcreveremos, se Deus quiser, em vários posts, a PRIMEIRA PARTE do Livro "LEGÍTIMA INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA" escrito por LÚCIO NAVARRO.
CAMPANHA DE INSTRUÇÃO RELIGIOSA
BRASIL-PORTUGAL
RECIFE
1958
CAPÍTULO PRIMEIRO
DESMANTELO E DESEQUILÍBRIO DA TEORIA PROTESTANTE
A TESE DO PASTOR.
1. Bem se pode imaginar com que ânsia, emoção e contentamento o nosso amigo, pastor protestante, se aproximou do microfone, para fazer a sua dissertação pelo rádio, naquele dia. Tratava-se de uma mensagem sensacional, que ele pensara em transmitir. O seu objetivo era nada mais, nada menos que dar uma bonita rasteira em todas as religiões do mundo, sem respeitar nem sequer a Santa Igreja Católica Apostólica romana, ficando de pé exclusivamente a doutrina dos protestantes. Para isto, idealizou o jovem e fervoroso pastor a argumentação seguinte:
Todas as religiões ensinam que o homem se salva pelas suas próprias obras; o Protestantismo, ao contrário, ensina que o homem se salva pela fé. Ora, sabemos que a Bíblia é a palavra de Deus revelada aos homens; palavra infalível, porque Deus não pode errar. E a Bíblia em inúmeros textos afirma que o homem se salva pela fé. Logo, se vê pela Bíblia que o Protestantismo é a única religião verdadeira, e assim está refutada a doutrina perigosa (perigosa, sim, foi o que disse o pastor, e é o que dizem, em geral, os protestantes) a doutrina perigosa de que o homem alcança a salvação pelas suas obras.
TEXTOS EVANGÉLICOS.
2. Não vamos aqui logo repetir todos os textos citados pelo pastor em abono de sua tese, porque temos que analisá-los cuidadosamente mais adiante (capítulos 4º a 8º), não só os apresentados por ele, senão também outros alegados pelos seus colegas sobre o mesmo assunto. Queremos apenas dar uma amostra de como os textos eram mesmo de impressionar o desprevenido ouvinte que não tivesse um conhecimento completo da verdadeira doutrina do Evangelho. Veja-se, por exemplo, o seguinte trecho do Evangelho de S. João: Assim amou Deus ao mundo, que lhe deu a seu Filho Unigênito, para que TODO O QUE CRÊ N'ELE NÃO PEREÇA, MAS TENHA A VIDA ETERNA, porque Deus não enviou seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. QUEM N'ELE CRÊ NÃO É CONDENADO, MAS O QUE NÃO CRÊ JÁ ESTÁ CONDENADO, porque não crê no nome do filho Unigênito de Deus. (João III - 16 a 18). Textos como estes que asseveram tão abertamente - quem crê em Jesus se salva, que não crê se condena - seriam suficientes para convencer qualquer pessoa: 1º se nã fosse tão ímpio, tão absurdo, e, portanto, tão indigno dos lábios de Jesus o que se quer provar com eles, ou seja, a doutrina de que, para o homem salvar-se, basta que tenha fé em Cristo e nada mais; 2º se não houvesse outros textos, igualmente claros, dos Evangelhos, para nos provar a necessidade das boas obras para a conquista do Céu, como este por exemplo: Bom Mestre, que obras boas devo eu fazer para alcançar a vida eterna? ... SE TU QUERES ENTRAR NA VIDA, GUARDA OS MANDAMENTOS (Mateus XIX -16 e 17).
CONCILIAÇÃO DOS TEXTOS.
3. É claro que fazer uma boa interpretação da Bíblia não consiste em aferrar-se alguém a uns textos, desprezando, esquecendo, refutando, podo de lado outros, igualmente valiosos: tudo quanto está na Bíblia é palavra de Deus. A interpretação imparcial, conscienciosa, legítima, procura harmonizar inteligentemente os textos das Escrituras. E é bastante tomar na devida consideração as duas afirmativas - quem crê em Jesus se salva, quem não crê se condena - para entrar na vida eterna, é preciso guardar os mandamentos - para se chegar à conclusão de que para a salvação eterna, tanto é necessária a fé nas palavras de Cristo, como a obediência aos mandamentos divinos. É o que nos ensina a Igreja Católica, a qual não afirma que o homem se salva só pelas obras, como queria fazer crer o nosso amigo, pastor protestante, baseando a sua argumentação em que todas as religiões assim o ensinam; segundo a teologia católica, a fé no ensino de Cristo que nos é apresentado é também indispensável. Vê-se logo por aí quanto a doutrina da Igreja é desconhecida, até mesmo por aqueles que ardorosamente a combatem. Temos, portanto que expor (e o faremos no capítulo seguinte) a doutrina católica sobre o assunto, máxime porque ele fala de um terceiro elemento, importantíssimo e igualmente indispensável à salvação, como seja, o auxílio da graça de Deus, explicado este ponto, se esclarecem muitos textos da Escrituras que tanta confusão provocam na cabeça dos protestantes.
"... desprezando, esquecendo, refutando, podo de lado outros, igualmente valiosos...".
ResponderExcluir"podo" no lugar de pondo.