INTRODUÇÃO: Antes de respondermos a esta pergunta, será necessário lembrar algumas noções sobre a graça.
Primeiramente devemos estar lembrados do seguinte: É de fé que sem a graça interior o homem não pode fazer ato algum sobrenatural, isto é, em ordem à salvação.
É também de fé que Deus quer a salvação de todos os homens (1 Tim. II, 4); e como não podem ser salvos sem a graça, deve-se concluir que Deus estende sua Providência sobrenatural a todos, dando a graça suficiente a todos sem exceção. Falamos aqui das graças atuais. É de fé que sem a graça atual o homem não pode sair do estado de pecado; não pode ter o começo da fé; não pode perseverar até o fim na graça. Ora, a condenação seria injusta se Deus não desse a graça suficiente. Logo, é certo e com certeza de fé que Deus dá as graças atuais suficientes para a salvação de todos. Todos teólogos católicos admitem que a graça suficiente dá verdadeira e realmente ao homem o poder ao menos remoto, de fazer obras sobrenaturais. E isto é o suficiente para justificar a Providência divina.
Noções de graças atuais: Graça suficiente e graça eficaz. Considerada em si mesma, toda graça é eficaz. Mas considerada nos seus efeitos, graça suficiente é aquela, pela qual o homem pode verdadeiramente fazer o bem sobrenatural, mas não o faz na realidade. E graça eficaz é quando o homem realmente faz o ato sobrenatural.
Toda graça considerada em si mesma é eficaz mas em relação ao homem, ela se torna simplesmente suficiente porque o homem lhe resiste. Diz Santo Estêvão aos judeus obstinados: "Vós resistis sempre ao Espírito Santo" (Atos, VII, 51).
Talvez alguém possa perguntar por que a graça não é eficaz em todos os homens? É que Deus quer com isto fazer ver que o homem é livre e que tem necessidade ao mesmo tempo de se humilhar sob a poderosa mão de seu Criador, e de trabalhar na sua salvação com temor e tremor, como diz São Paulo. É, na verdade um mistério. Mas não podemos duvidar da Sabedoria infinita de Deus, mas sim adorar seus desígnios mesmo quando nós não os compreendemos.
Há também uma discussão interminável entre Molinistas e Tomistas de como conciliar a eficácia da graça com a liberdade humana. Não serei eu, anão diante de gigantes, que terei a loucura de pretender resolver esta questão!
É de fé que Deus dá sua graça gratuitamente. Também a graça é dada de maneira desigual. (Depois, se Deus quiser falaremos sobre isto). Outra verdade que devemos ter em mente é a seguinte: a graça não é dada a todo momento, ou seja, tem um tempo oportuno que passa. Por isso diz a Bíblia: "Se hoje ouvirdes a voz de Deus, não queirais endurecer o vosso coração". Santo Agostinho dizia: "Timeo Jesum transeuntem et non redeuntem". "Temo a Jesus que passa e não volta mais".
Depois desta introdução, passemos à questão expressa no título desta postagem.
Vejamos o que dizem os teólogos: Santo Tomás de Aquino Summa Theologica, q. LXXIX, a. 7 apresenta a seguinte questão: Parece que este sacramento (Eucaristia) não aproveita senão a quem o recebe.
Faz as objeções e depois mostra que o certo é o contrário e responde dando a solução. E assim responde cada uma das objeções formuladas. Então diz: "Mas, em contrário (sed contra), na celebração deste sacramento faz-se deprecação por muitos outros. O que seria em vão, se ele lhes não aproveitasse. Logo, este sacramento não aproveita só a quem o recebe.
SOLUÇÃO: Como dissemos (a, 5), este sacramento não é somente sacramento, mas também sacrifício. Pois, enquanto nele se representa a Paixão de Cristo, pela qual Cristo se ofereceu como vítima a Deus, como se diz em Efes., V, 2, tem natureza de sacrifício. Mas enquanto nos confere a graça invisível sob forma visível, tem natureza de sacramento. E assim este sacramento aproveita a quem o recebe, tanto a modo de sacramento, como de sacrifício; pois é oferecido por todos os que o recebem, conforme o reza o cânon de missa: Todos os que, participando deste altar, recebermos o sacrossanto corpo e sangue de Vosso Filho, fiquemos cheios de toda bênção celeste e graça. Mas, dos que não o recebem aproveita a modo de sacrifício, enquanto oferecido pela salvação deles. Por isso também se diz no cânon da Missa: Lembrai-Vos, Senhor, de vossos servos e servas e de todos os que aqui estão presentes, cuja fé e devoção conheceis, e pelos quais Vos oferecemos, ou eles Vos oferecem, este sacrifício de louvor por si e por todos os seus, pela redenção de suas almas , pela esperança de sua salvação e de sua conservação. E uma e outra coisa o Senhor exprime ao dizer, em S. Mat. XXVI, 28: Que por vós, isto é, pelos que o recebem, e por muitos outros será derramado para remissão dos pecados.
Pela própria oração do Ofertório na oblação do cálice, podemos afirmar que o Santo Sacrifício da Missa é oferecido por todos e não somente pelos eleitos, embora se sabe que só os eleitos aproveitam: "Nós vos oferecemos, Senhor, o cálice da salvação, suplicando à vossa bondade que o faça subir como um perfume de suavidade à presença da vossa Majestade, pela nossa salvação e pela salvação de todo o mundo."
Portanto, todos são chamados a tirar proveito do santo sacrifício da Missa. Como já vimos, na Igreja primitiva se faziam orações variáveis segundo as diferentes categorias sociais, ás quais se associavam os assistentes com o amen final. Assim, podemos dizer que pelo Santo Sacrifício da Missa são oferecidas graças atuais a todos, graças estas que se tornam eficazes para aqueles que correspondem, e se tornam simplesmente suficientes para àqueles que lhes resistem.
Diz o teólogo Hervé: "Há um fruto geral em qualquer sacrifício da Missa, que por instituição de Cristo, é oferecido à toda a Igreja militante e padecente; e isto sem precisar de o sacerdote fazer explicitamente a intenção: porque Cristo na Missa se oferece como Cabeça da Igreja em prol de todos os homens, e a Igreja oferece diretamente "em prol de todos os fiéis vivos e defuntos" e indiretamente por todos os demais homens para que se tornem membros da Igreja: "pela nossa salvação e a de todo o mundo". Se, pois, em virtude da Comunhão dos Santos cada uma das boas obras dos membros da Igreja ajuda á toda Igreja, com muito maior razão, o Sacrifício de Cristo e da Igreja ajudará a todos dos quais Cristo é a Cabeça.
Diz, por sua vez o também célebre teólogo Tanquerey: "São beneficiários do Santo Sacrifício até as pessoas que nem em pensamento assistem ao santo sacrifício, mas que nem por isso ficam privadas de todos os seus frutos. A Igreja ora por eles e as suas orações são penhor de graças , que recebem na medida em que as suas almas se abrem aos dons de Deus".
O padre Francisco Spirago no seu CATECISMO CATÓLICO POPULAR afirma: "Como Cristo morreu na cruz por todos os homens, assim há de ser também na renovação do Sacrifício da Missa: também aqui se oferece Cristo por todos. Se não existisse a Missa, por misericórdia de Deus, já todo o mundo teria perecido em virtude da multidão dos pecados cometidos" (São Leão,P. M.).
O padre Francisco Spirago no seu CATECISMO CATÓLICO POPULAR afirma: "Como Cristo morreu na cruz por todos os homens, assim há de ser também na renovação do Sacrifício da Missa: também aqui se oferece Cristo por todos. Se não existisse a Missa, por misericórdia de Deus, já todo o mundo teria perecido em virtude da multidão dos pecados cometidos" (São Leão,P. M.).
Se na celebração do Santo Sacrifício da Missa a Santa Igreja reza por todos, é sinal de que o sacrifício é oferecido em prol de todos, "pela salvação de todo o mundo" (Oração do Ofertório do cálice).
CONCLUSÃO: Devemos dizer que o Santo Sacrifício da Missa, considerado em relação à sua suficiência, é oferecido a todos. E quanto à sua eficiência, aproveita apenas a muitos. No original grego as expressões que indicam o oblação: Isto é meu corpo, que é dado em prol de vós; Este é o cálice de meu sangue,,, que é derramado em prol de vós e em prol de muitos em remissão dos pecados, estas expressões repito, estão no presente. Isto indica que se referem diretamente ao Santo Sacrifício da Missa e , por conseguinte, se referem aos méritos da Paixão de Cristo realmente distribuídos pela Santa Missa. Ora estes frutos realmente só são recebidos pelos que correspondem e não por todos.
Em outras palavras: O Santo Sacrifício da Missa a todos oferece os merecimentos infinitos da Paixão e Morte de Cristo na Cruz, que seriam suficientes para salvar a todos. Mas, na realidade, muitos resistem a estas graças e não tiram proveito da Santa Missa. E assim, a Missa não beneficia a todos, mas apenas a muitos, e isto, é óbvio por culpa das pessoas, porque o Santo Sacrifício da Missa é de valor infinito e suficiente em si mesmo para salvar a todos. E ainda mais: como diz São Paulo, "onde abundou o pecado, superabundou a graça".
Talvez alguém pergunte por que tanta dissertação para uma questão tão simples?! Respondo que seria simples na hipótese de não haver heresias e extremos igual e terrivelmente errôneos. Por exemplo os Jansenistas acusam a Igreja Católica de semipelagianismo por ensinar que Cristo morreu por todos os homens quando, na verdade, (dizem eles) não mereceu para todos as graças verdadeiramente suficientes para a salvação. Um padre ou bispo (Jansênio era bispo) jansenista celebrando a Missa, se celebrar em latim, vai dizer sempre na fórmula da consagração do vinho "pro multis", e, se celebrar em vernáculo vai traduzir sempre "por muitos" entendendo com estas palavras que Jesus Cristo só morreu pelos eleitos e a Missa portanto é oferecida só em benefício dos eleitos.
Se, ao contrário um padre ou bispo ultra progressista ou rahneriano, segundo os quais Jesus com sua Paixão e morte já salvou automaticamente a todos os homens, quer saibam quer não saibam,(o chamado cristão anônimo) quer queiram quer não queiram, (e portanto, se o inferno existir, está vazio) vai celebrar a Missa Nova traduzindo o "pro multis" sempre "por todos" entendendo que todos sem exceção são salvos pela Missa. É claro que estou alertando para uma possibilidade apenas; não posso julgar ninguém. Só Deus vê as intenções. Mas, por outro lado, também é verdade que não podemos dormir, do contrário, o homem inimigo semeia a cizânia entre o trigo. Por isso o Santo Padre, o Papa tem alertado para a tradução do "pro multis" não por todos mas por muitos. Pelo que eu sei, não obrigou e talvez para a maioria dos progressistas as advertências do Santo Padre, caíram no vazio, infelizmente. Digo isto porque o perigo do Jansenismo hoje é mínimo, em comparação do perigo tão atual e atuante dos ultra progressistas.
Caríssimo leitor! se, por acaso restou ainda alguma dúvida, não deixe de perguntar. Obrigado!
Talvez alguém pergunte por que tanta dissertação para uma questão tão simples?! Respondo que seria simples na hipótese de não haver heresias e extremos igual e terrivelmente errôneos. Por exemplo os Jansenistas acusam a Igreja Católica de semipelagianismo por ensinar que Cristo morreu por todos os homens quando, na verdade, (dizem eles) não mereceu para todos as graças verdadeiramente suficientes para a salvação. Um padre ou bispo (Jansênio era bispo) jansenista celebrando a Missa, se celebrar em latim, vai dizer sempre na fórmula da consagração do vinho "pro multis", e, se celebrar em vernáculo vai traduzir sempre "por muitos" entendendo com estas palavras que Jesus Cristo só morreu pelos eleitos e a Missa portanto é oferecida só em benefício dos eleitos.
Se, ao contrário um padre ou bispo ultra progressista ou rahneriano, segundo os quais Jesus com sua Paixão e morte já salvou automaticamente a todos os homens, quer saibam quer não saibam,(o chamado cristão anônimo) quer queiram quer não queiram, (e portanto, se o inferno existir, está vazio) vai celebrar a Missa Nova traduzindo o "pro multis" sempre "por todos" entendendo que todos sem exceção são salvos pela Missa. É claro que estou alertando para uma possibilidade apenas; não posso julgar ninguém. Só Deus vê as intenções. Mas, por outro lado, também é verdade que não podemos dormir, do contrário, o homem inimigo semeia a cizânia entre o trigo. Por isso o Santo Padre, o Papa tem alertado para a tradução do "pro multis" não por todos mas por muitos. Pelo que eu sei, não obrigou e talvez para a maioria dos progressistas as advertências do Santo Padre, caíram no vazio, infelizmente. Digo isto porque o perigo do Jansenismo hoje é mínimo, em comparação do perigo tão atual e atuante dos ultra progressistas.
Caríssimo leitor! se, por acaso restou ainda alguma dúvida, não deixe de perguntar. Obrigado!
Nenhum comentário:
Postar um comentário