CARTA PASTORAL
prevenindo os
diocesanos contra os ardis da seita comunista.
Escrita em 13 de maio
de 1961 pelo então Bispo da Diocese de Campos, D. Antônio de Castro Mayer, de
saudosa memória.
(continuação)
B - ALGUMAS
CARACTERÍSTICAS DOS MOVIMENTOS INFLUENCIADOS PELO COMUNISMO
Conhecidos a
doutrina e os princípios marxistas, será ainda necessário estudar a maneira
como os comunistas agem para chegar ao seu ideal de uma sociedade sem classes
(cf. Enc. cit., ibid., p. 70). Em outras palavras, quais as características
pela quais se conhecem os movimentos comunistas, ou os que, embora não sendo
tais, servem ao comunismo.
Na
impossibilidade de descrever todas estas características, lembremos apenas duas
mais importantes e frequentes.
Ódio e intransigência pessoal
A primeira delas é a odiosa intransigência pessoal dos movimentos
comunistas. Eles tendem sempre a criar e exacerbar a aversão contra uma classe
social cuja existência, segundo a ordem natural das coisas, nada tem de
injusto. Como a subsistência dessa classe constitui um empecilho ao triunfo da
seita, os comunistas a votam ao extermínio. Pode haver motivos para se
condenarem pessoas, sem que, por isso, se falte à justiça e à caridade. O que
não é cristão é investir furiosamente contra uma classe sempre tida como
legítima e necessária à boa ordem social, como se ela não passasse de um câncer
da sociedade, a ser urgentemente extirpado.
Quando, pois, se enceta uma ação contra determinada categoria
social, não com base em princípios definidos ou em fatos concretos e
comprovados, mas com fundamento em doutrinas vagamente humanitárias e acusações
imprecisas, excitando os espíritos à detestação pura e simples da classe em
vista, podemos ter certeza de que há nessa campanha o ódio característico dos comunistas,
ainda que seus promotores não se confessem tais. Sempre que uma campanha se
reveste desse cunho de oposição fanática e incondicional contra uma classe
determinada, há nela dedo comunista. E a colaboração que se dê a semelhante
movimento é, no fundo, uma colaboração para o triunfo do comunismo.
Demagogia e exagero a propósito de problemas secundários
Além disso, como as campanhas marxistas são determinadas por
considerações táticas e não por motivos morais, é muito freqüente não
focalizarem elas a injustiça social mais grave, nem a que é mais urgente
remediar; ou então não a focalizarem nos seus justos termos. Assim, quando se
generaliza uma campanha contra um mal social, uma injustiça, uma situação
deprimente, etc., é preciso examinar e ver se o caso posto em foco existe de
fato, se apresenta a importância que a campanha lhe atribui, se esta o situa
bem no conjunto das atividades sociais, de sorte que se possa afirmar que ela
não é movida por um intuito de oposição sistemática, de acirramento de ódios e
lutas, mas por uma vontade certa e sincera de corrigir um mal existente. Sempre
que não se verifiquem estas características todas, podemos estar seguros de que
a campanha envolve o interesse de fomentar a luta de classes, meio de que se
utilizam os comunistas, como vimos, para implantar o domínio de sua seita.
Colaborar com semelhantes campanhas é colaborar para o triunfo do marxismo.
Exemplo atual: a influência comunista na campanha pró-reforma
agrária [Ainda é atual e até mais forte].
Exemplifiquemos com o que atualmente se observa no
movimento a favor da reforma agrária no País. De fato há entre nós injustiças
no campo, de fato é preciso melhorar, o mais breve possível, as condições de
existência e trabalho do operário agrícola brasileiro. E um movimento que tenda
verdadeiramente a esse fim, só pode ser louvado. O que se nota, no entanto, em
quase toda a presente campanha em prol da reforma agrária, é um esforço para
excitar os espíritos contra a própria estrutura rural hoje existente no Brasil,
acusada, sem provas, de responsável pelos males do campo e pela crise econômica
nacional; e com essa excitação visa-se a levantar a opinião pública contra os
proprietários da terra, sem considerar a inviolabilidade do direito de
propriedade e os imensos benefícios que muitos fazendeiros proporcionaram e
ainda proporcionam à coletividade."
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