quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

CARTA PASTORAL


CARTA PASTORAL
prevenindo os diocesanos contra os ardis da seita comunista.
Escrita em 13 de maio de 1961 pelo então Bispo da Diocese de Campos, D. Antônio de Castro Mayer, de saudosa memória.
1 - A Igreja perseguida em vários países

Na alocução consistorial de 16 de janeiro próximo passado [1961], o Santo Padre gloriosamente reinante, João XXIII, referiu-se com angústia e dor a nações em que os poderes públicos criam obstáculos à ação da Igreja, particularmente no plano educacional, sujeitando muitas escolas católicas, fundadas e mantidas pelas vigílias, suores e angústias dos missionários, a medidas de coerção e compressão (cf. A.A.S., vol. 53, p. 67).

2 - A perseguição comuno-fidelista

As palavras do Augusto Pontífice aplicam-se, sem sombra de dúvida, à nação cubana, convulsionada pela situação nela criada com a revolução de Fidelio Castro, ou Fidel Castro, como é geralmente conhecido.

A - NO PLANO RELIGIOSO
Com aparências de movimento renovador, cuja intenção seria unicamente restaurar a ordem jurídica tradicional, gravemente lesada pelo arbítrio de um governo pessoal despótico, a revolução fidelista  colimava de fato a instauração, na grande Antilha, de um regime comunista, sem respeito às liberdades fundamentais inerentes à pessoa humana, entre as quais tem primazia a de crer e praticar a Religião verdadeira . Pois, de acordo com o testemunho dos Prelados cubanos, essa foi a obra encetada desde seus primórdios pelo governo de Fidel Castro.

Em 4 de dezembro passado [1960], todo o Episcopado de Cuba enviou uma carta ao primeiro ministro denunciando a caráter enti-cristão do novo regime (cf. "Cristandad", de Barcelona, nº 358, p. 297). Agora, alguma dúvida que ainda pudesse subsistir sobre o cunho da revolução fidelista desapareceu de todo. Em 1º de maio deste ano, Fidel Castro proclamou Cuba Estado socialista, confiscou todas as escolas católicas da ilha, prepondo-lhes dirigentes revolucionários, e ultimamente decretou a expulsão dos Padres estrangeiros, prenúncio natural de perseguição mais atroz contra a Igreja, como tem acontecido em outros países.

B - NO PLANO SOCIAL
Paralelamente a esses golpes desferidos diretamente contra a Religião, a revolução cubana atacou a fundo duas instituições básicas da civilização cristã, isto é, a propriedade e a família. A primeira ficou praticamente abolida por sucessivas reformas, fundamentadas no falso princípio de que o Estado pode, a seu talante, dispor dos bens particulares: a reforma agrária, que feriu de morte a propriedade rural, a reforma urbana, que suprimiu a propriedade imobiliária nas cidades, e a reforma industrial, que confiscou as fábricas. A família, de seu lado, foi vulnerada pela lei que tirando aos pais o direito de escolher livremente as escolas para seus filhos, os privou de uma das mais importantes prerrogativas do pátrio poder.

3  -  Oração e reparação pelo povo cubano

No momento, o que de melhor podemos fazer, à vista destes fatos dolorosos, é redobrar nossas orações e boas obras, sacrifícios e penitências, a fim de que Deus Nosso Senhor conceda aos católicos de Cuba a coragem e a fortaleza de que precisam para imitarem os mártires dos primeiros séculos, os quais nutriram com seu sangue a semente cristã, e contribuíram para dar-lhe o vigor de espalhar-se por toda a terra. Orações, boas obras e sacrifícios nessa intenção, e também para que a misericórdia divina se apiede da nação irmã, purgue-a logo de seus pecados, lhe dê em breve a alegria de nova alvorada de liberdade cristã no santo temor de Deus, ali pregado por missionários da envergadura de Santo Antônio Maria Claret.

(...)

4 - Levantar em prol dos cabanos perseguidos a opinião pública

Este fervor haurido na oração deve frutificar em atos. Se cada fiel, nos ambientes que frequenta, se valer de todas as ocasiões para manifestar sua repulsa à revolução comunista de Fidel Castro, e para acender no próximo uma santa indignação contra ela, se todos em conjunto aproveitarem as oportunidades que se apresentarem para dar solene e público testemunho de sua reprovação à perseguição religiosa naquela ilha, terão feito quanto em si está para combater o comuno-fidelismo, e se portarão como autênticos membros do Corpo Místico de Cristo, sensíveis a todos os golpes que esse Corpo recebe em qualquer parte da terra, como filhos amorosos da Igreja que não suportam seja Ela perseguida em qualquer nação do mundo.

5 - Aproveitar a lição que nos vem de Cuba

Entretanto, não pensemos só em Cuba. Não estamos livres de sofrer também uma revolução marxista. O exemplo das Antilhas constitui ameaça para toda a América Latina, e não vemos reação proporcionada à gravidade do perigo. Muito pelo contrário, assistimos a um recrudescimento de ousadia por parte dos comunistas, e de simpatia, mais ou menos generalizada em vários setores da sociedade, pelo mundo socialista. De onde a urgência em tirarmos proveito da lição que nos vem do Norte, meditando atentamente sobre a doutrina marxista, sua propaganda e seus ardis. Com efeito, a Providência, permitindo a eclosão do comunismo em Cuba, dá às demais nações católicas do continente um sinal, altamente expressivo, da gravidade da situação em que elas mesmas se encontram. Tomar na devida conta esse sinal corresponde, pois, a um dos mais sérios deveres do momento.

6 - ... especialmente a lição sobre os ardis comunistas

Mais especialmente, amados filhos e Cooperadores, pareceu-nos importante chamar vossa atenção para os ardis da propaganda vermelha. Por meio deles, a minoria comunista, seita tenebrosa, fanatizada e disciplinada, mas incapaz, por seu pequeno número, de impor seu jugo a um país tão vasto e católico como o nosso, pretende instaurar entre nós a chamada ditadura do proletariado. (Continua nas próximas postagens),

Nota minha: Não esqueçamos que D. Antônio de Castro Mayer escrevia em 1961, antes, portanto do Concílio Vaticano II. Já neste Concílio totalmente atípico, o grande Bispo de Campos, juntamente com D. Geraldo de Proença Sigaud, então Arcebispo de Diamantina, puderam perceber o perigo que significava a Teologia da Libertação já ventilada e planejada para o Brasil principalmente por D. Hélder Câmara ali no Concílio. E logo depois do Concílio Vaticano II, D. Antônio já não considerava pequeno o perigo comunista no Brasil, e via Sua Excelência  (e outros Bispos conservadores e também padres) que o perigo era grande, e tão grande que, embora houvesse necessidade da tomada do Poder pelos militares, o que, graças a Deus, aconteceu já antes do término do Concílio, mas, quiçá, os próprios governos militares, não puderam perceber que os comunistas através de infiltrações na Igreja e pela Mídia continuavam a envenenar as mentes dos brasileiros, até chegar a este ponto crítico atual. E agora, que Deus nos deu esta graça de reverter o rumo de nosso País, mister se faz que os anti-comunistas não durmam, porque os comunistas, diabólicos que são, continuarão provocando divisões entre os da direita e trabalhando coesa e sub-repticiamente para voltarem ao poder. Explorarão como escândalos enormes as mínimas falhas dos da direita, mesmo que comparadas às dos partidos de esquerda, sejam quais grãos de areia diante de montanhas.  Tal a afã dos comunistas pela volta ao poder, que não se vexam de explorar até os defuntos.

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