O comunismo, como já tivemos oportunidade de mostrar, nega a
existência de Deus. Mas, ele não nega a razão humana; e não só não a nega, mas
a exalta de tal maneira que a julga capaz de dominar o universo. Dizem que a
razão humana é suficiente para sujeitar todo este mundo material e para levar a
felicidade à humanidade. Na verdade, a cultura intelectual do comunismo é
inspirada, para não dizer copiada, da filosofia positivista de Augusto Conte. Este
filósofo fazia consistir a filosofia num sistema de conhecimentos universais e
científicos. Segundo ele, estes conhecimentos universais, respondem a todas as
questões que preocupam aos homens atinente à sua existência. E os conhecimentos
científicos só consideram válidas as respostas que podem ser provadas por
experiência, segundo os métodos da ciência moderna. A cultura intelectual,
portanto, para os comunistas é a da filosofia positivista de A. Conte. Também a
literatura e as artes, são capazes de interpretar o ideal científico desta filosofia.
Para o comunismo, o verdadeiro valor do homem consiste em
que é um trabalhador digno de formar uma classe operária. No término da
evolução, o indivíduo será totalmente absorvido por sua classe. Deverá ser
educado por ela desde a sua mais tenra infância. Sua felicidade será exatamente
servir à classe operária, sem nenhum desejo de sequer pensar em ter alguma
coisa como própria e nem pensar em liberdade pessoal. No término desta
evolução, também a mulher deverá ser igual ao homem; a organização social
comunista procurará tornar a maternidade a mais leve possível. E isto
justamente para que também a mulher possa realizar sua função essencial de
operária. É desta concepção comunista que advém a lei do aborto. Segundo os
comunistas, a mulher é dona de si e, assim sendo, só depende dela aceitar ou
não o fruto de uma submissão ao homem, isto é, o resultado da concepção. Fazem
questão de lutar contra o que Deus determinou na Bíblia: "Multiplicarei os teus trabalhos, disse Deus à mulher, e especialmente os teus partos. Darás à luz
com dor os filhos, e estarás sob o poder do marido, e ele te dominará" (Gên.
III, 16). Na verdade, caríssimos, toda a cultura
comunista leva à destruição da família. Para os comunistas, o casamento
indissolúvel vem do capitalismo. É o que ensinava Engels: "O casamento
monogâmico e indissolúvel, nasceu da concentração de grandes riquezas nas mãos
de um só homem, e do desejo de transmitir riquezas por herança aos filhos desse
homem, excluindo os demais... Quando, continua Engels, já os meios de produção
tiverem passado para a propriedade comum, a família individual deixa de ser a
unidade econômica da sociedade. A guarda e a educação dos filhos se torna
pública: a sociedade cuida igualmente de todos os filhos, legítimos ou naturais"
(Livro, "A ORIGEM DA FAMÍLIA").
Segundo o comunismo, ou mais especificamente, para Lenine,
Marx e Engels, não há nada definitivo, absoluto e muito menos sagrado: tudo é
uma sucessão ininterrupta de fenômenos, de modo que a situação presente deve
conduzir-nos necessariamente a outro estado, ou seja, uma vida agrupada natural
e espontânea, e nela, o indivíduo viverá inteiramente para a sociedade.
Verdadeiramente, os comunistas tentam transformar o homem em puro animal. Por
exemplo: a própria união do homem e da mulher não é senão a manifestação
inferior do "instinto sexual", como nos animais. Para os comunistas,
é inteiramente normal, satisfazer a esta necessidade como a de comer e beber.
Daí o casamento tem de deixar de ser um contrato indissolúvel. Pregam a união
livre. É claro que filhos que são do demônio, pai da mentira, enquanto não
puderem consegui-lo, até eles mesmos, por vezes, têm família, mas, em verdade,
o escopo final seria o desaparecimento total da mesma. Querem grande
natalidade, mas não como filhos em família, mas sim como filhotes de animais
domados pelos donos comunistas. Os futuros cidadãos serão logo colocados em
parques infantis para aprender sua vida social, passando logo às fábricas ou às
explorações agrícolas socializadas, a não ser que suas disposições os
encaminhem para os estudos superiores nos quais servirão à sua classe com o
trabalho intelectual.
"Toda a educação, dizia Lenine, toda instrução e toda a
formação da juventude contemporânea, se reduzem no ensinamento da moral
comunista" (A Juventude Comunista, disc. do 3º Congr. P. Russo da
Juventude comunista, 1920). Mas em que
consiste esta moral comunista? É tudo o que contribui para a realização das
ideias comunistas. Em outras palavras: depende inteiramente do interesse do
proletariado e das exigências da luta de classes. E esta moral no término de
sua evolução, será, segundo os comunistas, uma coletividade sem hierarquia; só
ela existirá nos sistemas econômicos. E sua missão única será a produção dos
bens pelo trabalho coletivo. Eis a grande utopia dos comunistas: quando toda a
humanidade for absorvida na classe operária, não haverá mais guerras sobre a
terra porque não haverá diferenças de classes e condições sociais. Será a paz
definitiva, será o altruísmo mundial, será, enfim, o paraíso na terra.
Caríssimos, os comunistas não só negam a existência de Deus
mas consideram que um dos obstáculos essenciais para que haja progresso e paz,
é a religião com sua crença em Deus. A religião é o "ópio do povo"; e
esta sentença de Marx, disse Lenine: "constitui a pedra angular de toda
concepção marxista em matéria de religião"... "é um aspecto da
opressão espiritual que gravita sempre e por toda parte sobre as massas
populares, agrupadas pelo trabalho perpétuo em favor dos outros, pela miséria e
a solidão. A fé em uma vida melhor nasce com tanta necessidade da impotência
das classes exploradas em luta contra os exploradores como a crença nas
divindades, milagres, diabos..., nasce da impotência do selvagem em luta contra
a natureza"... (A Vida Nova, 1905).
"A priori" poderíamos dizer, que tudo isto é pura
utopia falaciosa, porque sem Deus não há ordem, progresso e paz, muito menos
paraíso. E "a posteriori", nos países em que já fora implantado o
regime comunista, vemos sangue derramado, fomes e guerras. Contra fatos não há
argumentos. Mas infelizmente, ainda há muitos que acreditam na mentira!
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