LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA
O Sacrossanto
Concílio de Trento assim define a contrição: "É uma dor da alma e
detestação do pecado cometido, com o propósito de não mais pecar para o
futuro". A contrição foi necessária em todos os tempos para obter o
perdão, e é ela que prepara o homem para a remissão dos pecados. Daí o mesmo Concílio Tridentino declarar que
a contrição não compreende somente a cessação do pecado e o começo de uma vida
nova, mas ainda o ódio `a vida passada, segundo estas palavras do Espírito
Santo: "Lançai para longe de vós
todas as vossas iniquidades, e fazei em vós um coração novo e um espírito
novo" ( Êxodo, XVIII, 31).
E, na verdade, quem considerar atentamente estes lamentos
dos santos: "Pequei contra vós só, ó
meu Deus, fiz o mal em vossa presença" (Salmo 50); "Todas as noites
rego meu leito com lágrimas; recordarei todos os anos da minha vida na amargura
do minha alma" (Salmo 6).
Caríssimos, todo aquele que meditar bem nestes lamentos dos
santos, compreenderá que eles provêm de um verdadeiro ódio à vida passada e de
uma profunda detestação dos seus pecados. E justamente por força deste
arrependimento interno, não perdiam oportunidade de fazer penitências
exteriores, e aceitavam todos os sofrimentos e tribulações como merecidas pelos
seus pecados. O exemplo clássico que se dá no Antigo Testamento é o do Rei
Profeta Davi. É muito salutar meditarmos nos Salmos penitenciais que, pela
Vulgata tradicional, são: 6, 31, 37, 50, 101, 129, 142. Os dois mais
conhecidos são: O "Miserere"
(Salmo 50) e o "De Profundis"
(Salmo 129).
A dor ou arrependimento dos pecados cometidos é de tal modo
necessária para se obter a remissão deles, que, sem esta disposição, Deus não
perdoa. Nosso Senhor Jesus Cristo disse: "Se
não fizerdes penitência, todos perecereis". E, como já explicamos,
trata-se primeiro da penitência interior, ou seja, a dor ou contrição do
coração. Como dizia o Espírito Santo pelo profeta Joel: "Rasgai os vossos corações e não as vossas vestes" (Joel,
II, 13).
Pode acontecer que alguém se salve sem exame de consciência
e sem confissão, como quando, não podendo confessar-se, por falta de tempo ou
de sacerdote, faz um ato de verdadeira contrição perfeita à hora da morte; mas
sem arrependimento é impossível salvar-se, mesmo que conte direitinho todos os
pecados.
É preciso assinalar aqui o erro de certos penitentes que, em
sua preparação para a confissão, não procuram senão lembrar-se dos seus
pecados, e não se aplicam absolutamente a conceber uma verdadeira dor. Esta dor
devemos nós pedi-la insistentemente a Deus; antes de nos apresentarmos ao
confessionário, tenhamos cuidado de dirigir uma Ave-Maria à Santíssima Virgem,
Mãe das Dores, afim de que nos obtenha um verdadeiro arrependimento dos nossos
pecados. Lemos na vida do Santo Cura d'Ars como ele avisava sempre seus
paroquianos sobre isso. Costumo pregar nos retiros que antes de tomarmos o
caminho do confessionário, devemos fazer mentalmente três viagens: irmos até ao
Céu que perdemos; até ao inferno que merecemos; até ao Calvário onde vemos
Jesus chagado e morto na cruz por causa de nossos pecados. Amém!
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