Uma das últimas e mais calorosas recomendações que S. Francisco fez aos seus frades foi a de que nunca e fosse por que motivo fosse, abandonassem a Porciúncula: "Se vos expulsarem por um lado, entrai pelo outro, porque "esta é casa de Deus e a porta do Céu".
Seguiram os frades as recomendações do seráfico Patriarca e foi assim que, no decorrer dos séculos, vimos acorrer à Porciúncula uma onda contínua de devotos peregrinos, que aí foram pedir a Deus perdão para os seus pecados e misericórdia para os mortos queridos. Estes devotos experimentavam em Santa Maria dos Anjos o encanto das coisas celestes, um suave transporte por qualquer coisa que não é terrestre e sentiam na verdade que se encontravam, segundo à expressão seráfica, "na casa de Deus e junto à porta do Céu".
A Porciúncula é uma capela gótica muito antiga, que se encontra situada no sopé do monte Subasio e que, segundo reza a tradição, foi construída por quatro eremitas recém-chegados da Terra Santa. Um quadro da Assunção de Nossa Senhora, cercada por grande multidão de anjos, deu à capela o nome de Santa Maria dos Anjos.
Reza uma tradição popular que a mãe de S. Francisco, senhora Pica, antes de dar à luz o filho, ia rezar muitas vezes àquela capela meio desmoronada e que teve aí certeza de que daria à luz um filho que seria, um dia, o restaurador do pequeno santuário. De fato, após a sua conversão e depois das revelações do Crucifixo em S. Damião, S. Francisco restaurou a Porciúncula e fixou nela a sua morada.
Foi na Porciúncula que S. Francisco teve a confirmação da sua vocação à vida religiosa e ao apostolado.
Quando assistia à missa, rezada pelo pároco de S. Damião na igrejinha restaurada havia pouco, no dia 24 de Fevereiro de 1209, o Santo sentiu um baque misterioso ao ouvir uma passagem do Evangelho, que parecia dirigir-se a ele expressamente: "Ide e pregai: o reino de Deus aproxima-se. Sarai os enfermos, ressuscitai os mortos, curai os leprosos, dai gratuitamente.
Não leveis ouro, nem prata, nem outro dinheiro nos vossos bolsos, nem saco para a viagem, nem dois vestidos, nem sandálias, nem bastão, porque todo o operário é digno do seu alimento".
Foi este passo do Evangelho que S. Francisco consideraria depois a sua Magna Carta e a dos seus frades, que determinou a sua dedicação ao apostolado na liberdade de toda coisa supérflua, que prende à terra os espíritos criados para o Céu. Foi a leitura deste passo que lhe fez compreender a sua missão de arauto de paz e de penitência.
A Porciúncula teve as preferências de Francisco e com razão, pois tinha sido restaurada com as suas próprias mãos e fora nesta igrejinha que passara horas de extraordinária beleza, em união com Deus e em companhia da Virgem e dos Anjos e fora dentro destes muros sagrados que ouvira a voz de Deus que o chamava à religião e ao apostolado. Foi para a Porciúncula que Francisco pediu a Deus favores extraordinários.
Numa noite silenciosa de julho do ano do Senhor de 1216, S. Francisco, ajoelhado na terra nua, estava absorvido na doçura profunda da oração. De repente, a igrejinha da Porciúncula, onde orava, foi inundada por uma luz vivíssima, semelhante a um grande raio de sol. No meio daquela quente luminosidade de ouro, apareceram a doce figura de Jesus Cristo e a imagem sorridente de Maria Santíssima, cercada de grande multidão de Anjos, perdidos entre a imensa auréola de esplendores. Sentados sobre um trono real, os dois Personagens celestes vinham visitar o seráfico Francisco e perguntar-lhe o que mais desejava para a salvação eterna das almas. Sem hesitar um momento, S. Francisco respondeu: "Pai nosso Santíssimo, embora eu seja um miserável pecador, peço-Te que a todos aqueles que, devidamente arrependidos, venham visitar esta igreja, lhes concedas um perdão amplo e geral, com remissão completa de todas as suas culpas.
- Que pedes, frei Francisco - disse-lhe o Senhor - é grande, mas és digno de maiores coisas e por isso maiores coisas terás. Atendo, portanto, o teu pedido, com a condição de que peças, da minha parte, ao meu Vigário na Terra, a concessão de tal indulgência.
Fácil é de imaginar-se o empenho com que o Poverello procurou, dentro do mais breve espaço de tempo, ir à presença de Honório III, eleito recentemente para a Cátedra de São Pedro, a fim de conseguir dele a confirmação de tudo o que o Céu lhe concedera já.
De fato, no dia seguinte muito cedo, São Francisco, acompanhado de frei Masseo, tomava o caminho de Perugia e apresentava-se ao Papa.
S. Francisco conseguiu a graça desejada para a Porciúncula, que tanto amava. No dia 2 de Agosto desse mesmo ano, festa da sagração de Porciúncula e na presença dos bispos de Assis, de Perugia, de Todi, de Spoleto, de Nocera, de Gubbio e de Foligno, o Santo promulgou pessoalmente a indulgência, comentando a graça concedida com uma frase que traduz bem os desejos ardentes do seu coração seráfico: "Quero mandar-vos a todos para o Paraíso".
A partir de então e no dia intitulado do Perdão de Assis , multidões imensas corriam todos os anos a Santa Maria dos Anjos, a fim de pedirem a Deus perdão dos seus pecados e a fim de purificarem as almas como que num banho místico de perdão e daquela paz que só Deus pode dar.
Eis as exortações de São Francisco de Assis:
"Convertei-vos e que a vossa conversão dê os seus frutos: pois deveis saber que em breve ides morrer. Dai e recebereis. Perdoai e sereis perdoados. Se não perdoardes aos outros as suas faltas, também o Senhor não perdoará as vossas. Confessai todos os vossos pecados. Bem- aventurados aqueles que morrem no estado de conversão, porque esses irão para o reino dos Céus. Infelizes, ao contrário, os que não morrem neste estado; pois esses passarão a ser filhos do demônio para sempre e serão mandados para o fogo do inferno. Acautelai-vos e sede solícitos em evitar o mal e perseverar no bem, até ao último dia".
São estas as exortações daquele que promulgava a indulgência da Porciúncula e que bradava: "Quero mandar-vos a todos para o Paraíso".
Entendemos que "este é o verdadeiro Espírito de São Francisco de Assis".
OBSERVAÇÃO: A Santa Madre Igreja estendeu o "Perdão de Assis" à todo orbe com o nome de "Indulgência da Porciúncula". Consiste no seguinte: No dia 2 de agosto nas igrejas paroquiais, pode ser adquirida a Indulgência plenária da Porciúncula: a obra prescrita para lucrá-la é a piedosa visita à Igreja, onde se rezam o Pai-Nosso e o Credo, sendo necessárias ainda a confissão sacramental, a Santa Comunhão e a oração na intenção do Sumo Pontífice (1 Pai-Nosso e 1 Ave-Maria). Esta indulgência só pode ser lucrada uma vez; a visita à Igreja pode ser feita desde o meio-dia da véspera até à meia-noite que encerra o dia marcado. (Enchr. Indulg., Normas 18, 25-26, nº 65).
OBSERVAÇÃO: A Santa Madre Igreja estendeu o "Perdão de Assis" à todo orbe com o nome de "Indulgência da Porciúncula". Consiste no seguinte: No dia 2 de agosto nas igrejas paroquiais, pode ser adquirida a Indulgência plenária da Porciúncula: a obra prescrita para lucrá-la é a piedosa visita à Igreja, onde se rezam o Pai-Nosso e o Credo, sendo necessárias ainda a confissão sacramental, a Santa Comunhão e a oração na intenção do Sumo Pontífice (1 Pai-Nosso e 1 Ave-Maria). Esta indulgência só pode ser lucrada uma vez; a visita à Igreja pode ser feita desde o meio-dia da véspera até à meia-noite que encerra o dia marcado. (Enchr. Indulg., Normas 18, 25-26, nº 65).
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