quinta-feira, 17 de março de 2016

O PAI-NOSSO - "DÍVIDAS" - EXPLICAÇÃO DO CATECISMO DE TRENTO.

   CATECISMO ROMANO OU DE SÃO PIO V OU TAMBÉM CHAMADO "CATECISMO DO CONCÍLIO DE TRENTO. Parte IV, capítulo XIV, § III.
   Nº [12] - Explicação verbal e real: Qual o sentido de "DÍVIDAS". Pode ter três sentidos: a) como obrigação; b) como transgressão; c) como objeto de perdão divino. (O catecismo Romano explica os três sentidos).
   (Os párocos) ... façam os fiéis compreenderem o que neste lugar se entende por "dívidas", para que se não enganem com a ambiguidade do termo, e peçam coisa diferente do que devem pedir.
   a) "dívida" entendida como obrigação: Antes de tudo, importa saber que, de nenhum modo, pedimos dispensa da absoluta obrigação de amar a Deus, de todo coração, de toda nossa alma, de todos os nossos sentimentos.A solvência  (o pagamento) desta dívida é indispensável para a salvação.
   Por dívida se entende também obediência, culto, adoração a Deus, e outras obrigações da mesma natureza. Delas tão pouco, não pedimos livramento.

   b) "dívida entendida como transgressão: Na verdade, o que pedimos é que nos livre de nossos pecados. Assim o entendia São Lucas, quando em lugar de "dívidas" escreveu "pecados"; certamente, porque nos tornamos culpados diante de Deus, quando os cometemos, e nos expomos às penas devidas, que temos de resgatar, quer pela satisfação, quer pelo sofrimento.
   Desta natureza era a dívida, a que Cristo Nosso Senhor se referia pela boca do Profeta (Davi, Salmo LXVIII, 5 - Nota do Cat. R. : Cristo sofreu inocente pelos pecados dos homens). "Tive de pagar o que não roubei". Esta palavra de Deus nos faz compreender que somos, não só devedores, mas até devedores insolventes, porque o pecador não pode, de modo algum, satisfazer por si mesmo.

 c) como objeto de perdão divino [13] Por isso, devemos recorrer à misericórdia de Deus. Ora, esta se põe em igualdade com Sua justiça, da qual Deus é guarda zelosíssimo. Devemos, portanto, valer-nos da oração, e patrocinar-nos com a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, sem a qual ninguém jamais conseguiu o perdão de seus pecados; dela promana, como de uma fonte, toda a eficiência de qualquer satisfação.
   Na verdade, o preço que Cristo Nosso Senhor pagou na Cruz, e nos comunica pelos sacramentos, quando realmente os recebemos, ou desejamos recebê-los, é tão grande, que nos alcança e nos outorga o objeto desta petição: o perdão de nossos pecados.
   [14] Aqui não pedimos apenas a remissão de pecados leves, muito fáceis de perdoar, nas também dos graves e mortais. Naturalmente, quanto aos pecados graves, a oração não terá este efeito, como já dissemos, se não for acompanhada pela recepção real do Sacramento da Penitência, ou pelo vivo desejo de recebê-lo.

 EXEMPLO
A MULHER DE TÉCUA
   Por causa de uma culpa grave caíra Absalão, filho de Davi, no desagrado do pai, que o condenara a ser exilado para uma terra estranha. Joab, general de Davi, e a quem Absalão era muito querido, aplacou a ira do rei por este modo. Mandou ao rei uma mulher de Técua, para lhe pedir graça a favor de Absalão, e ensinou à mesma as precisas palavras que havia de dizer. Logo que a mulher concluiu, Davi fez-lhe esta pergunta:"Não é verdade que a mão de Joab anda contigo em tudo isto?" Respondeu a mulher: "Teu servo Joab é quem deu esta ordem, e quem pôs todas as palavras na boca da tua serva". E o rei acrescentou logo: "Eis aí eu aplacado te concedo o que pedes". (2 Reis, XIV).
   Ora, quanto mais facilmente não atenderá o Senhor as nossas súplicas, quando oramos não com palavras nossas ou dum servo fiel, mas com as de Seu próprio Filho!

Nenhum comentário:

Postar um comentário