domingo, 4 de janeiro de 2015

DOUTRINA CATÓLICA SOBRE A SALVAÇÃO: O que Jesus mereceu por nós

1º - A PARTE REALIZADA POR JESUS CRISTO (término).

   17. O QUE JESUS MERECEU POR NÓS.

   Jesus Cristo morreu por todos os homens: Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos DE TODO MUNDO (1ª João II-2).

   Oferecendo sua vida por nós, no sacrifício da cruz, Jesus Cristo: 
  • 1º  ofereceu uma reparação íntegra, condigna e perfeita pela ofensa feita a Deus, não só pelo pecado de Adão e Eva, mas também por todos os pecados, passados, presentes e futuros. Foi do agrado do Pai... reconciliar por Ele a si mesmo todas as coisas (Colossenses I-19 e 20). Sendo nós inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho (Romanos V-10;
  • 2º  restaurou a Humanidade no seu destino sobrenatural, dando aos homens o direito de receberem a graça santificante neste mundo, tornando-se filhos adotivos de Deus para chegarem a ser herdeiros de Deus no Céu pela visão beatífica. A todos os que O receberam, deu Ele poder de se fazerem filhos de Deus (João I-12) E se somos filhos, também herdeiros; herdeiros verdadeiramente de Deus e co-herdeiros de Cristo (Romanos VIII-17);
  • 3º  mereceu para todos os homens a graça necessária para alcançarem a salvação, de modo que todas as graças recebidas pelos homens e que dizem respeito à sua salvação provêm da morte redentora de Cristo. Nós vimos a sua glória como de Filho Unigênito do Pai, CHEIO DE GRAÇA E de verdade... E todos nós participamos da sua plenitude e GRAÇA POR GRAÇA (João I-14 e 16). Ficará mais salientada esta contribuição de Cristo, quando falarmos na influência e necessidade da graça de Deus em todos os nossos atos meritórios para o Céu (nº 24 a 30). 
    Esta Redenção, Cristo a realizou abundantíssima e generosissimamente: Onde abundou o pecado, superabundou a graça (Romanos V-20). Bastaria uma gota de seu sangue, bastaria um suspiro seu para redimir toda a Humanidade, mas Ele quis sofrer todas as dores e todas as ignomínias por nosso amor.

       Agora naturalmente ocorrem ao espírito do leitor duas perguntas. A primeira é sobre

OS QUE VIVERAM ANTES DE CRISTO.

18. Passaram-se milhares e milhares de anos, antes de Jesus Cristo vir ao mundo. Aqueles que viveram antes de Cristo, como podiam salvar-se, se Cristo ainda não tinha morrido por eles?

      Como já dissemos, com a simples promessa do Redentor, os homens passaram a receber novamente o dom sobrenatural da graça, na previsão dos merecimentos de Jesus Cristo que um dia havia de morrer por todos. É o que se mostra claramente pelas palavras de São Pedro, no Concílio de Jerusalém, em que o Apóstolo mostra que seus antepassados foram salvos pela graça de Jesus Cristo: Por que tentais agora a Deus, pondo um jugo sobre as cervizes dos discípulos, que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? Mas nós cremos que pela graça do Senhor Jesus Cristo somos salvos, assim como ELES TAMBÉM O FORAM (Atos XV-10 e 11). Deus já distribuía a graça a todos pelos futuros merecimentos de Jesus Cristo, assim como (perdoe-se a comparação) um homem que distribuísse cheques sacando para o futuro, em vista de uma riqueza que infalivelmente lhe seria oferecida. 

   Esta graça, é claro, também os gentios a recebiam, pois a ninguém Deus torna impossível a salvação. Os gentios podiam salvar-se crendo em um Deus remunerador e fazendo o que estivesse ao seu alcance, pela observância da lei natural impressa em seus corações, uma vez que não haviam recebido a revelação mosaica.

Ao morrer a alma de Jesus desceu ao LIMBO
DOS JUSTOS. Em hebraico Sheol; em latim:
Inferna; em português: Infernos (no plural).
O corpo de Jesus, pouco depois da morte
desceu à morada dos mortos, ou seja, ao
sepulcro.
   Sim; os homens podiam salvar-se antes de Cristo, e salvar-se em virtude da futura morte do Redentor. Mas daí não se segue que entrassem logo no Céu, no gozo da visão beatífica; a morte de Cristo ainda não lhes havia aberto as portas do Céu. Depois de purificadas, as almas justas eram felizes sem ver a Deus face a face, num lugar que é designado na parábola de Lázaro e o mau rico como o seio de Abraão (Lucas XVI-22) e que nós, católicos, chamamos o limbo. É a este mesmo lugar que Jesus Cristo alude quando diz ao bom ladrão: Hoje mesmo estarás comigo no paraíso (Lucas XXIII-43), porque o limbo com a presença de Cristo seria um paraíso e a alma de Cristo ali desceu (enquanto o corpo aguardava no sepulcro a ressurreição) para anunciar àquelas almas, que em breve entraria no Céu triunfalmente com todas elas.

A PARTE DE DEUS E A NOSSA.
   19.  A outra pergunta é esta: Se Cristo ofereceu uma satisfação condigna e perfeita pelos nossos pecados, então que nos resta mais fazer? não se segue daí que todos estamos salvos e vamos todos para o Céu?

   Absolutamente não! Se Cristo viesse morrer por nós neste sentido de que pagou por nós, fez tudo em nosso lugar, não nos resta fazer mais nada e nos salvamos de qualquer maneira, isto seria a licença ampla para todos os crimes, todos os pecados, todas as perversidades, todas as misérias. A obra realizada por Cristo seria neste caso não uma obra regeneradora, mas o incentivo para a mais desbragada corrupção. A salvação de Cristo tem outro sentido.

   Somos todos pecadores. Todos nós tropeçamos em muitas coisas (Tiago III-2). Mas, por maiores e mais graves que tenham sido os nossos pecados, não devemos desesperar da salvação, temos a Deus de braços abertos para nos perdoar, contanto que façamos o que é da nossa parte para nos pormos novamente no caminho da vida eterna, o que não é possível se não nos voltarmos de todo o coração para Deus. E se Ele está pronto a nos reabilitar, foi porque a sua ira foi aplacada pela morte de Cristo. Cristo é o autor da salvação eterna para todos os que Lhe obedecem (Hebreus V-9). Cabe, portanto ao próprio Cristo que não só nos veio abrir a porta do Céu, oferecendo a reparação a Deus, mas também mostrar-nos o verdadeiro caminho, ensinar-nos a doutrina da salvação, cabe a Ele indicar em que condições nos são aplicados os méritos infinitos de sua Paixão, ou, em outras palavras, em que condições poderemos salvar-nos e conquistar o Céu. É o que veremos nos próximos posts. 

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