quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A CERTEZA DA SALVAÇÃO - ( 32 )

   103. A DESIGUALDADE DAS GRAÇAS (a).

   Todo o mal dos Batistas neste ponto (e é também o mal de muitas outras seitas protestantes) é embalar-se com um SONHO e não encarar a REALIDADE: imaginar que a todos são concedidos os FENÔMENOS EXTRAORDINÁRIOS que são limitados a algumas pessoas. Fazem como a criança que, vendo a firmeza com que os equilibristas fazem em cima do arame as mais incríveis acrobacias, ficasse pensando que isto era um sinal de que ela mesma podia fazê-las também, esquecida de que para aquilo se faz mister um dom especial.

   Não há dúvida que nós vemos os PRODÍGIOS operados pela graça nos grandes santos: uns desde a mais tenra infância, outros desde o momento de sua conversão, entraram de cheio no serviço de Deus com uma firmeza inquebrantável, agigantaram-se cada vez mais na vida sobrenatural, e seguiram para o Céu num caminho direto, sem cometerem nenhuma falta, nem mesmo venial, ao menos deliberada. Aos olhos dos homens poderiam parecer impecáveis, mas era uma ação tão abundante do Espírito Santo que lhes infundia, além das virtudes, um horror muito grande ao pecado, que este, fosse qual fosse, se lhes afigurava o que havia de mais inconcebível, e assim era livremente que eles realizavam em si o ideal da perfeição. E o realizavam, apesar das tentações, por vezes bem acerbas, que tiveram de suportar. 

   É fácil notar pelas Escrituras a transformação extraordinária que, a partir do dia de Pentecostes, se verificou no espírito dos Apóstolos, os quais de ignorantes passaram a mostrar-se altamente iluminados, de cobardes se fizeram intrépidos, de mesquinhos em certas atitudes logo se tornaram generosos e santos. Então antes de Pentecostes não tinham a fé verdadeira? Tinham, sim. Mas era tão importante a missão que eles haviam de exercer, lançando, depois de Cristo, as bases da verdadeira Igreja, que era preciso se realizasse na sua inteligência, no seu coração, em toda sua alma, uma ação superabundante e eficacíssima do Divino Espírito Santo, em grau muito mais elevado do que no comum dos fiéis. E esta operação maravilhosa se verificou precisamente no dia em que lhes chegou a vez de saírem pelo mundo, substituindo a Cristo na obra evangelizadora. 

   Mas agora perguntamos: estas transformações extraordinárias se têm que operar necessariamente em todos?

   Não, porque Deus não quer levar todas as almas pelo mesmo caminho.

   Não, porque as graças do Espírito Santo não são distribuídas a todos da mesma maneira, nem na mesma proporção: A cada um de nós foi dada a graça, segundo a medida do dom de Cristo (Efésios IV-7). 

   Não, porque além de não serem iguais as graças concedidas, também é certo que nem todos cooperam com a graça da mesma forma. 

   Haverá injustiça nesta distribuição desigual das graças? Nenhuma: porque, se Deus dá a todos uma GRAÇA SUFICIENTE para a salvação, cada um trate de salvar-se com esta graça que recebeu, nada tem que ver com a maior liberalidade que Deus usa para com outros, pois Deus dá os seus dons a cada um da maneira que bem Lhe apraz. 

(Este assunto será exposto em mais três posts). 

  

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