quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

DOUTRINA CATÓLICA SOBRE A SALVAÇÃO - 2º A NOSSA CONTRIBUIÇÃO ENTRELAÇADA COM A AÇÃO DE DEUS

   20. A REGENERAÇÃO DAS CRIANÇAS PAGÃS.

   Em consequência da culpa de Adão, nascemos com o pecado original e, portanto, sem a graça santificante: Assim como por um homem entrou o pecado neste mundo e pelo pecado a morte, assim passou também a morte a todos os homens por um homem, no qual TODOS PECARAM  (Romanos V-12). O texto grego traz assim: a morte passou a todos os homens, POR ISTO QUE TODOS PECARAM. Mas não altera o sentido. De qualquer forma se exprime que todos os homens estão sujeitos à morte PORQUE TODOS PECARAM EM ADÃO, em virtude da solidariedade entre Adão, cabeça do gênero humano e seus descendentes. As criancinhas, que não cometeram nenhum pecado pessoal, estão também sujeitas à morte, porque pecaram em Adão. Um pouco mais adiante ainda diz o Apóstolo: Pelo pecado dum só, incorreram todos os homens na condenação... pela desobediência dum só homem foram muitos feitos pecadores ( Romanos V-19) ( 3 ). O texto grego traz OS MUITOS (HOI POLLÓI) o que significa a totalidade; por isto a versão da Sociedade Bíblica do Brasil não hesitou em colocar TODOS: pela desobediência de um só TODOS  foram constituídos pecadores (Romanos V-19).
   Sendo assim, mesmo a criança que não tem o uso da razão precisa, para conseguir a visão beatífica, receber a graça santificante pelo Batismo, que produz um verdadeiro renascimento espiritual: Na verdade, na verdade te digo que não pode ver o reino de Deus senão aquele que renascer de novo... Quem não renascer da água e do Espírito Santo não pode entrar no reino de Deus (João III-3 e 5).
   Esta é, segundo a própria norma traçada por Cristo, a condição para que se lhe aplique o benefício da Redenção. As crianças que morrem sem atingir o uso da razão e sem receber o Batismo, não vão gozar da visão beatífica, mas não sofrem nenhuma pena pessoal, podem mesmo gozar duma felicidade natural, sem a direta visão de Deus e sem ter ideia da felicidade sobrenatural que perderam. Nisto não há injustiça, porque a felicidade do Céu está acima de sua natureza e elas não fizeram nenhum ato livre pelo qual pudessem merecê-la, desde que não chegaram a atingir a luz da razão. 
   Como a vida das crianças é muito frágil, a Igreja manda que os pais providenciem para que seus filhos se batizem quanto antes, afim de que não se prive o Céu de mais um feliz habitante. ( 4 ).

NOTAS: ( 3 ) - "Pela desobediência de um só TODOS  foram constituídos pecadores". Não haverá contradição entre estas palavras de São Paulo e o dogma da imaculada Conceição de Maria Santíssima, ou seja, de que ela foi concebida sem o pecado original? Nenhuma.
   Se Adão e Eva não tivessem pecado, todas as crianças teriam, segundo os desígnios de Deus, a graça santificante POR UM DIREITO DE HERANÇA; seríamos descendentes de um homem que se tinha conservado no elevado estado em que Deus o criou. Mas Adão, antes de gerar, decaiu deste estado. Dizendo que TODOS PECARAM,  TODOS INCORRERAM NA CONDENAÇÃO, São Paulo está mostrando que toda a Humanidade sem exceção alguma, INCLUSIVE MARIA SANTÍSSIMA, perdeu este direito por herança. Acontece, porém, que aquilo a que não temos direito por herança, nós podemos receber por uma DÁDIVA, e assim puderam os homens novamente receber de Deus a graça santificante, em virtude dos merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, que um dia havia de morrer por nós na cruz. Mas Deus é senhor absoluto das suas dádivas; Ele não estava proibido de dar a graça santificante a uma pessoa, mesmo antes que esta pessoa nascesse. Assim é que São João Batista já foi santificado, já recebeu a graça santificante e se libertou do pecado original antes de seu nascimento: já desde o ventre de sua mãe será cheio do Espírito Santo (Lucas I-15). Tudo indica que esta regeneração de João Batista se deu no próprio momento em que Maria Santíssima visitou a Santa Isabel, pois esta diz à Santíssima Virgem: assim que chegou a voz da tua saudação aos meus ouvidos, logo o menino deu saltos de prazer no meu ventre (Lucas I-44). Pois bem, Maria Santíssima foi santificada também no ventre de sua mãe, Sant'Ana, porém no próprio instante da sua conceição, não houve um só instante em que estivesse sujeita ao pecado original; isto aconteceu, não em virtude de um direito seu, mas por concessão de um privilégio especial de Deus e em virtude de um direito seu, mas por concessão de um privilégio especial de Deus e em virtude dos futuros merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Jesus foi, portanto, o Salvador, o Redentor para ela, como foi para todos os homens; e a Redenção foi para ela uma Redenção preservativa. 

  ( 4 ) - A doutrina que acabamos de expor sobre a sorte das crianças que morrem sem o batismo antes do uso da razão, não  foi definida como dogma. Existem muitos teólogos antigos e modernos, alguns de grande autoridade teológica, que são de opinião que não existe o LIMBO DAS CRIANÇAS, ou seja, as crianças que morrem sem o batismo antes do uso da razão , por uma DÁDIVA  de Nosso Senhor Jesus Cristo e em virtude de Seus merecimentos, como são, segundo o próprio Jesus os seus prediletos (Deixai vir a mim as criancinhas porque delas é O REINO DOS CÉUS) são libertadas do pecado original, levando em conta  unicamente os sofrimentos da doença e da morte. É mister, no entanto, deixar bem claro que a Santa Igreja sempre defende a necessidade de se batizar as crianças o quanto antes. Afinal, o santo Batismo é sempre o meio ordinário de salvação. Devemos ter em mente outrossim que as crianças batizadas e morrem antes do uso da razão vão para o céu e  têm uma glória maior do que aquela que, na hipótese de não existir o limbo, vai para o céu sem o batismo.
   Esta questão da existência ou não do limbo das crianças não deve causar estranheza a ninguém, porque antes de ser algo definido como dogma, pode-se discutir a questão e ter inclusive opinião diferente daquela que a Igreja aprova comumente (sem ainda ter definido). Por exemplo: O dogma da Imaculada Conceição só foi definido em 1854. Pois bem, a Igreja desde longos séculos tinha até a festa da Imaculada Conceição, mas não tinha ainda definido como dogma. A Igreja, no entanto, não condenou nenhum teólogo (entre eles o grande Santo Tomás de Aquino), que tinha opinião diferente, ou seja, não conseguia entender a doutrina da imaculada Conceição de Maria Santíssima. 
     Leiam por gentileza no meu outro blog VIA-VERITAS-VITA o post O LIMBO DAS CRIANÇAS, SEXTA-FEIRA, 4 DE NOVEMBRO DE 2011.
   Só a Igreja, no entanto, tem a última palavra. Só ela pode definir. Nenhum teólogo pode impor sua opinião como a doutrina certa e definitiva. E a Igreja é infalível em se tratando de definição de um dogma. 

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