Respondendo às objeções
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. [Assim foi formulada: Parece inexata a definição da fé que dá São Paulo: Pois nenhuma qualidade é substância. Ora, a fé, sendo uma virtude teologal, é uma qualidade. Logo, não é substância.]
R.: No texto em questão não se toma substância como gênero generalíssimo, dividido, por oposição, dos outros gêneros. Mas enquanto que, em qualquer gênero, se encontra uma certa semelhança de substância. Assim, ao primeiro, em qualquer gênero, que contém virtualmente, em si, as mais subdivisões dele, se chama substância delas.
RESPOSTA À SEGUNDA OBJEÇÃO. [Assim foi formulada: Virtudes diversas têm objetivos diversos. Ora, o que esperamos é objeto da esperança. Logo, não deve entrar na definição da fé, como seu objeto.]
R.: Pertencendo a fé ao intelecto, enquanto imperado pela vontade, há de necessariamente ordenar-se como ao fim, aos objetos das virtudes pelas quais a vontade é aperfeiçoada. Entre elas está a esperança. Por onde na definição da fé inclui-se o objeto da esperança.
RESPOSTA À TERCEIRA OBJEÇÃO. [Assim foi formulada: A fé mais se aperfeiçoa pela caridade do que pela esperança, porque a caridade é a forma da fé. Logo devia-se introduzir, na definição da fé, a coisa que devemos amar, de preferência à que devemos esperar.]
R.: O amor pode recair tanto sobre o visível como sobre o invisível, sobre o presente como sobre o ausente. Por isso, o amável não se adapta à fé tão propriamente como o esperado, porque a esperança recai sempre sobre um objeto ausente e invisível.
RESPOSTA À QUARTA OBJEÇÃO. [Assim foi formulada: Uma mesma coisa não deve entrar em gêneros diversos. Ora, substância e argumento são gêneros diversos sem subalternação. Logo, inconveniente é dizer que é a fé substância e argumento.]
R.: A substância e o argumento, enquanto incluídos na definição da fé, não implicam gêneros diversos dela, nem atos diversos. Mas relações diversas de um ato para objetos diversos, como do sobredito resulta.
RESPOSTA À QUINTA OBJEÇÃO. [Assim foi formulada: Um argumento manifesta a verdade daquilo a que se aplica. Ora, chama-se aparente ao que é de verdade manifesta. Logo, há uma oposição implicada no dito - argumento das coisas que não aparecem. Portanto a fé está inconvenientemente definida.]
R.: O argumento fundado nos princípios próprios de uma verdade faz que ela se apareça visível. Mas o fundado na autoridade divina [como é a fé] não a torna aparente. Ora, é um argumento dessa espécie que entra na definição da fé. Logo, a fé é aí definida de maneira conveniente.
Observação: É normal e óbvio que as pessoas não conhecedoras da linguagem filosófica e teológica, terão certa dificuldade em entender Santo Tomás de Aquino. Mas, como faremos, se Deus quiser, muitas outras exposições sobre a fé numa linguagem mais popular, todos terão condições de entender bem o que seja a fé. Estamos no Ano da Fé (inicia-se dia 11). Depois do Concílio Vaticano II sobretudo, vivemos uma crise de fé. Como sem fé é impossível a salvação, pois, sem ela não se agrada a Deus, é sumamente útil e necessário que tenhamos noções bem claras e exatas da fé. É o que procuraremos dar, se Deus quiser e com sua graça, aos caríssimos leitores, durante o decorrer do Ano da Fé.
Nenhum comentário:
Postar um comentário