O sacerdote deve ser santo
Meu Padre, tu vives desde sempre no pensamento de Deus, associado a Mim, o Santo dos santos, e à minha Mãe Imaculada. Oh!, como esta nobreza divina te obriga a ser santo!
Durante a Missa vês-me estendido diante de ti sobre o altar, revestido de humildes aparências e inteiramente ao teu dispor.
Não deves tu ser santo e inocente para te inclinares sobre a mesma Santidade e Inocência?
Os teus olhos não devem ser puros e singelos como os da pomba para poderes suportar o olhar da infinita Pureza?
Não devem as tuas mãos ser sem mancha para ousares tocar e oferecer o Cordeiro imaculado?
Considera a que grau de inocência eu elevei minha Mãe para lhe permitir satisfazer as obrigações do seu augusto ofício, para a fazer digna de me albergar no seu seio e levar-me em seus braços.
Mas pensa ao mesmo tempo em ti próprio, tão semelhante a Ela na dignidade e no poder, destinado igualmente a dar-me a existência no altar e a fazer-me nascer nas almas.
Como o humilde José, foste associado à divina Família. Eu quis que ele fosse santo e puro porque em suas mãos havia de por a guarda da minha Mãe e de mim mesmo.
Mas quanto mais santo ainda que o justo José não deverias ser tu! A ti confiei também a honra da minha Mãe, a ti me entreguei eu próprio como criancinha sem defesa; a ti deixei o cuidado de me procurares almas, nas quais eu possa nascer como outrora na gruta de Belém.
Quando celebras, milhares de anjos enchem o meu santuário, abismados na adoração e nos louvores. Eles são meus servidores, mas tu és meu sacerdote. Tu sobes ao altar com plenos direitos; mandas-me descer dos céus e nascer em tuas mãos.
Oh, como eu te preferi aos anjos e como a tua santidade deveria eclipsar a deles!
Tu és mediador comigo entre Deus e os homens. É-lo pela tua ordenação, e para sempre.
Deves apresentar a meu Pai as homenagens de adoração e de reconhecimento das criaturas. Mas, como as aceitaria meu Pai, se as tuas mãos estivessem manchadas?
Estás encarregado de abrandar a cólera do Juiz justamente irritado, e de pedir perdão pelos inumeráveis crimes dos homens. Mas, como aplacarás se tu mesmo és pecador?
Estás na obrigação de alcançar para os teus semelhantes as graças de que estão necessitados. Mas, como te ouvirá Deus, se és seu inimigo?
Eu ti confiei o cuidado das almas resgatadas com o meu sangue, o dever de proteger a inocência daqueles que me pertencem. Mas tem cautela! Se não és um anjo de pureza, o teu hálito fanará a candura destas almas.
Eu vim para lançar fogo à terra, e tu és o facho flamejante que o ateará nas almas. Mas, como atearás tu este fogo nos outros, se o teu próprio coração é de gelo?
Tu foste escolhido para ires à procura das ovelhas desgarradas, carregá-las sobre os teus ombros e trazê-las ao redil. Mas, se tu não és o bom Pastor, as ovelhas fugirão de ti; não conhecem a voz do estranho. E assim eu perderei essas almas queridas pelas quais derramei o meu sangue, e será por tua culpa.
Tu és a luz do mundo. Coloquei-te nas alturas como farol luminoso para que os teus bons exemplos lancem ao longe o seu fulgor. Mas, como iluminarás se está apagado o teu brilho? Não me obrigarás a arrancar do seu lugar o candelabro?
Oh, não te aflijas, meu filho, à vista de tantas responsabilidades! Não percas a coragem, considerando a tua fraqueza!
Bem sei que confiei a minha graça a um vaso frágil. Bem sei que és pó e que a tua natureza te inclina para o mal desde a juventude. Eu conheço o número dos teus inimigos e as ciladas que te armam, precisamente porque és meu sacerdote.
Reza. Recorre a mim sem cessar e obterás o triunfo. Não és sozinho a pedir. A Virgem, minha Mãe, pede contigo. O meu divino Espírito marcou-te com o seu selo e pede dentro de ti com gemidos inenarráveis.
Que tens a temer? Todos os meus bens são teus e os teus interesses são meus. A minha própria glória vai unida ao teu triunfo.
Podia eu confiar-te tanto poder sem te dar a graça de o exerceres dignamente? Quereria impor sobre ti uma obrigação e depois recusar-te a graça para a cumprires?
Não percas a coragem à vista da tua miséria. O inferno nada pode contra mim, nem contra aqueles que põem em mim o seu apoio.
Eu sou o Senhor dos senhores, o Deus dos exércitos. Todos os meus inimigos e os teus são menos que a gota de água que brilha num copo.
Se queres ser santo, podes sê-lo com a minha ajuda. Recomenda-te sem cessar à minha Mãe. Eu a constituí teu Perpétuo Socorro.
Ninguém pode arrancar das minhas mãos as almas que me amam e invocam o meu nome.
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