sábado, 21 de maio de 2016

OS SACERDOTES DE CRISTO

   Quis o Divino Redentor que a vida sacerdotal, iniciada por Ele no seu corpo mortal com as suas orações e o Seu Sacrifício, se não interrompesse, no decorrer dos séculos, no seu Corpo Místico, que é a Igreja; e, portanto, instituiu um sacerdócio visível para oferecer em toda parte a oblação pura (Malaquias, I, 11), para que, do Oriente ao Ocidente, os homens libertos do pecado servissem a Deus por dever de consciência, espontâneamente e de boa vontade. 
   Contra os erros protestantes definiu o Concílio de Trento: "se alguém disser que com estas palavras: "Fazei isto em memória de mim", Jesus Cristo não instituíu seus Apóstolos sacerdotes e não ordenou que eles, como os demais sacerdotes, ofercessem seu Corpo e Seu Sangrue - seja anátema. Portanto, segundo a fé católica, somente o que foi  ungido com o Sacramento da Ordem consagra a eucaristia. Este sacerdócio não se transmite nem por herança, nem por descendência carnal, não provém de comunidade cristã, nem da delegação popular. Vem de Deus e é pois, sobrenatural. É conferido pelo sacramento da Ordem. Quando o homem chamado por Deus foi ungido sacerdote, disse-lhe o Bispo: "Recebe o poder de oferecer o Sacrifício a Deus e de celebrar a Missa, tanto para os vivos como para os defuntos, em nome do Senhor".
   Ministro da Igreja, o sacerdote recolhe as homenagens de adoração, ação de graças, desagravo e prece do Corpo Místico. Ao Sacrifício do Esposo une o Sacrifício da Esposa. E, por isso que consagra na pessoa de Cristo e oferece em nome da Igreja, a sua ação nunca privada, e malgrado a sua indignidade pessoal, a Missa conserva pleno valor.
   A mediação única de Jesus Cristo se prolonga na terra, através dos tempos, justamente pelo ministério dos sacerdotes. O padre oferece a Deus em nome dos fiéis, sobre o altar, o sacrifício eucarístico; do altar distribui ao povo a Vítima sagrada, o pão da vida, e, com ele, todos os dons e todas as graças.
   O Altar é, na terra, o centro da religião de Jesus, como o Calvário é o remate e a culminação da Sua vida. Todos os mistérios da existência terrestre de Jesus convergem para a imolação da Cruz; todos os estados de Sua  vida  gloriosa aí vão haurir o seu esplendor.
   É por isso que a Igreja não comemora nem celebra mistério algum de Jesus sem oferecer o Santo Sacrifício da Missa. Afinal, todo culto público organizado pela Igreja gravita em torno do altar. Seja, pois, qual for o mistério de Jesus que celebremos, não podemos participar nele de modo mais perfeito nem prepararmos melhor para dele colhermos os frutos, do que participando com fé e amor do Sacrifício da Missa, e unindo-nos, pela Comunhão, à Vítima Divina por nós imolada sobre o altar.

EXEMPLO
   Nos primeiros decênios do século XV, piratas de terra e de mar haviam invadido a Groelândia, passando a fio de espada uma parte da população cristã, reduzindo o resto à escravidão. Todas as igrejas tinham sido arrasadas até ao solo, e todos os sacerdotes mortos.
   Muitas vezes os pobres Groelandeses tinham recorrido a Roma, onde era Papa Inocêncio VIII, mas inutilmente. O mar em toda a volta da sua inóspita praia gelara, de modo que, havia oitenta anos, nehuma nau estrangeira ali tinha podido aproar. Privados de bispos e de sacerdotes, muitos já haviam esquecido a fé de seus pais, retornando aos vícios do paganismo.
   Só poucos tinham sabido conservar-se fiéis à religião. Esses tinham achado um corporal, aquele sobre o qual repousara o Corpo do Senhor na última Missa celebrada pelo último padre groelandês. Todo ano eles o expunham à veneração pública: em torno dele os velhos, tremendo e chorando, rezavam; em torno dele as mães conduziam seus filhos para aprenderem a conhecer a Jesus. Em torne dele todos se comprimiam como famintos en torno de uma branca mesa sobre a qual não tinha ficado mais do que o perfume da comida. E exclamavam: "Senhor! envia-nos depressa o sacerdote que consagre, dá-nos ainda, uma vez ao menos, a Tua Carne a comer e Teu Sangue a beber, do contrário também nós perderemos a fé e morreremos como pagãos". (L. PASTOR, História dos Papas, vol. III, págs. 448 e 449).

Um comentário:

  1. Parabéns por esta postagem sobre os sacerdotes! Pena que hoje em dia, muitos deles visam muito a parte financeira, prezam viver na riquesa, muito diferente de seu mestre Jesus. Um grande exemplo é o padre Fábio de Melo, tão sábio, mas já virou estela, e perto de nós também existem tantos que até dispensam mais atenção àqueles que lhes podem doar um dízimo maior.Também muitos hoje tem medo de pregar a verdade mais parecidos com os anglicanos de outrora que ficaram do lado do rei e contra a Igreja, e quem realmente morreu pela fé foi um leigo: São Tomás More, o homem que não vendeu sua alma.Parabéns pelo artigo e pela coragem de escrever. Não sei se lembra de mim.
    Isabel Menezes

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