NB: Rudolph A. Mndaweni era da África. Era escritor. Escreveu um livro excelente: "AS CARACTERÍSTICAS DA VERDADEIRA IGREJA". Foi professor e catequista, e, em poucos anos, converteu 160 protestantes. Seu grande argumento era: "Não igrejas, mas a Igreja". Narrando sua conversão, eis um excerto de seus escritos:
"Embora não escreva uma autobiografia, há certos fatores em minha vida que não posso silenciar no relato de minha conversão.
Nascido no protestantismo, correspondiam meus conhecimentos de Deus e seus mandamentos aos de um protestante. Antes de freqüentar, com 17 anos, o ginásio, ignorava até a existência de outras sociedades religiosas. Desejava, então, tornar-me pregador e não pouco orei nesta intenção.
Já pedira matrícula num ginásio protestante quando mudei de ideia e passei a freqüentar um ginásio católico juntamente com um amigo meu que não se pudera matricular no protestante. Neste colégio, pela primeira vez entrei em contato com o catolicismo.
Rejeitei, de antemão, a fé e os costumes católicos. Como todos os homens eivados de preconceitos, acusava os católicos de certas coisas completamente destituídas de base. Sim, devo confessar que, durante os primeiros anos de ginásio, minha atitude era propriamente anti-católica. Sem dúvida era isso, como observei mais tarde, conseqüência de minha ignorância.
Pouco a pouco me familiarizei com os costumes relativos ao culto divino católico. Alarguei também, com o tempo, meus conhecimentos sobre a reforma e suas conseqüências lamentáveis. Não pouco me inquietava a pergunta: - "Por que tantas seitas se separam da Igreja católica?" Procurei de diversos modos, obter a elucidação deste problema. Por outro lado, consolava-me o pensamento de que as outras igrejas, embora separadas da primeira, podiam igualmente ser igrejas de Cristo. Mas em vez de me deixarem com este consolo, os demais estudantes, não raro, me diziam palavras desanimadoras acerca do protestantismo.
À lembrança das numerosas Igrejas espalhadas pelo mundo que, todas, pretendiam ser a verdadeira Igreja de Cristo, fui dominado de uma tremenda confusão espiritual. Em conseqüência da minha convicção da prioridade da Igreja Católica começou a diminuir minha fé na Igreja protestante como instituição sobrenatural de salvação. Não me persuadia da necessidade de tamanha multiplicidade de Igrejas, - e isso me levou a estudar mais a fundo a doutrina católica, tanto que, em breve, era mais católico que protestante.
Convenci-me inteiramente de que Jesus Cristo não queria ser venerado de modos tão diversos. Dizendo a São Pedro: - "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja" - não falou de "Igrejas", e sim de uma Igreja.
Comuniquei minha intenção de me tornar católico aos diretores do colégio, embora nutrisse dúvidas sobre se poderia prosseguir no caminho encetado, porquanto muita coisa ainda me parecia obscura. Fosse como fosse não podia continuar protestante. Após profundo estudo da fé católica cheguei mesmo a sentir aversão aos hábitos protestantes. Isso era tanto mais notável quanto, anteriormente, em discussões com estudantes católicos, quase passara a empregar violência quando meus argumentos resultavam falhos; talvez porque preferisse ser vencedor a vencido. Decorridos três anos, abandonei o ginásio, resolvido firmemente a me tornar católico.
Entrei em contato com diversos protestantes persuadidos e talvez demasiadamente zelosos que me acossaram de todas as maneiras; mas passei pela prova e permaneci no meu propósito. Felizmente, meus pais deixaram-me toda liberdade. Diversos condiscípulos seguiram meu exemplo. Eu era o primeiro da grande missão protestante que se tornou católico. Sendo ainda catecúmeno, não me era nada fácil professar a fé católica em meio a adversários fortes e argutos; não obstante, fiz tudo para continuar fiel à minha nova religião. Durante todo este tempo rezei fervorosamente ao Senhor para que me mostrasse o caminho em que Lhe deveria servir e, caso fosse a Igreja Católica a verdadeira, que me desse coragem de suportar heroicamente os aborrecimentos que talvez seguissem à minha conversão, como de fato seguiram. Todo o mal que se dizia contra a minha nova religião, tornava-se-me um estímulo para defendê-la com ardor e bons resultados.
Um ano depois de terminado o estudo consegui emprego como auxiliar de escritório num lugar distante três milhas da missão católica, emprego oportuno que me aproximava cada vez mais da possibilidade imediata de minha conversão. Não coube em mim de satisfação quando, antes de passar um ano, me veio a oferta de lecionar naquela missão, dos Padres Beneditinos. Novamente se confirmaram minhas convicções anteriores. Aprofundei-me no estudo e tomei aulas de religião.
Para sempre me serão inesquecíveis os belos dias em que recebi os santos sacramentos da Igreja e Deus me desembaraçou do véu de minha ignorância. Confessei-me, pela primeira vez, em 16 de abril de 1927. Recebi a primeira comunhão a 24 de abril e a crisma a 5 de junho do mesmo ano. Impossível me é descrever a alegria experimentada naqueles dias singulares.
Desde então sinto ter recebido, realmente, uma vida nova e superior. Entraram em minha alma tranqüilidade e contentamento. Recentemente convertido, era tamanho meu entusiasmo que nada de mais belo podia imaginar do que trabalhar, como católico, por Deus. O conhecimento da infalibilidade, legitimidade e santidade da Igreja confere à minha vida uma sagração superior, um sentido profundo para todo o resto da vida.
Sou, agora, professor e catequista, cargo esse que já desempenho há bom número de anos. Aqui cheguei como pequeno pioneiro de Cristo e meus trabalhos foram bem sucedidos, graças a Deus. Cá, a princípio, não havia um só católico; entretanto, uma comunidade florescente já se formou justificando as melhores esperanças.
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