"A religião pura e sem mácula aos olhos de Deus e nosso Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas, nas suas tribulações, e conservar-se puro da corrupção do mundo" (Tiago, I, 27).
Antes de fazermos as reflexões sobre este versículo 27, achamos por bem dar uma explicação geral desta leitura da Epístola no 5º domingo depois da Páscoa: Caríssimos irmãos, diz São Tiago, sede cumpridores da palavra de Deus e não apenas ouvintes. Do contrário, estariam se enganando a si mesmos. Pois, para se salvar, não basta ouvir a palavra do Santo Evangelho; é mister colocá-la em prática. Agora, quem medita atenciosa e profundamente o Evangelho, a nova lei que nos livrou do pecado e nele persevera não esquecendo e, sim, praticando o que ouviu, este será bem-aventurado neste e no outro mundo. Se alguém se tiver em conta de homem religioso, mas não refrear a língua, e entregando à maledicências, detrações e calúnias, este engana a si mesmo, e a sua religião de nada vale.
E assim, depois de desmascarar o erro dos que pecam contra a caridade, o Apóstolo passa a enumerar os sinais da verdadeira religião: Consta de duas coisas: a caridade desinteressada e a pureza. Há, na verdade, uma falsa religiosidade estéril e inativa e que não leva em conta a caridade para com o próximo. Nosso Senhor quer, outrossim, que seja servido com um coração reto e puro, livre da corrupção deste mundo onde reina a tríplice concupiscência: orgulho, avareza e luxúria. Caridade e pureza devem estar sempre juntas na prática da verdadeira religião. Pois, reduzida apenas a atos de caridade, a Religião não passaria de sociedade filantrópica, o que os espíritas e maçons também fazem. Limitada, porém, à pureza, sem a prática da caridade, seria quando muito, simples seita filosófica ou moralista. Quão errados andam, pois, aqueles que se julgam religiosos tão somente por boas obras de caridade mas se conformando inteiramente ao espírito deste mundo colocado no maligno, e inundado de corrupção e impurezas. Devemos estar bem avisados contra estes modernistas que só falam em obras de misericórdia, mas procuram tranquilizar as consciências em pecados até mortais e grandes como o adultério, o sacrilégio e os escândalos. Devem estar lembrados de que existem 14 obras de misericórdia, sendo 7 delas, espirituais. E, entre estas está: CORRIGIR OS QUE ERRAM. Assim fez S. João Batista a Herodes: "Não te é lícito viver como estais vivendo" i, é, no adultério.
Cada coração cristão seja um altar onde o fogo da caridade é perfumado pelo incenso da pureza. E, portanto, resumimos: Na palavra de Deus ouvida com atenção e interesse sobrenatural, na vigilância sobre a língua, na caridade operosa e na pureza conservada em meio da corrupção generalizada deste mundo, nesses preceitos, antes que mais nada, se forma o homem religioso que será bem-aventurado nesta e na outra vida. Amém!
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