CARTA PASTORAL
prevenindo os
diocesanos contra os ardis da seita comunista.
Escrita em 13 de maio
de 1961 pelo então Bispo da Diocese de Campos, D. Antônio de Castro Mayer, de
saudosa memória.
1 - A Igreja
perseguida em vários países
Na alocução consistorial de 16 de janeiro próximo passado
[1961], o Santo Padre gloriosamente reinante, João XXIII, referiu-se com
angústia e dor a nações em que os poderes públicos criam obstáculos à ação da
Igreja, particularmente no plano educacional, sujeitando muitas escolas
católicas, fundadas e mantidas pelas vigílias, suores e angústias dos
missionários, a medidas de coerção e compressão (cf. A.A.S., vol. 53, p. 67).
2 - A perseguição
comuno-fidelista
As palavras do Augusto Pontífice aplicam-se, sem sombra de
dúvida, à nação cubana, convulsionada pela situação nela criada com a revolução
de Fidelio Castro, ou Fidel Castro, como é geralmente conhecido.
A - NO PLANO RELIGIOSO
Com aparências de movimento renovador, cuja intenção seria
unicamente restaurar a ordem jurídica tradicional, gravemente lesada pelo
arbítrio de um governo pessoal despótico, a revolução fidelista colimava de fato a instauração, na grande
Antilha, de um regime comunista, sem respeito às liberdades fundamentais
inerentes à pessoa humana, entre as quais tem primazia a de crer e praticar a
Religião verdadeira . Pois, de acordo com o testemunho dos Prelados cubanos,
essa foi a obra encetada desde seus primórdios pelo governo de Fidel Castro.
Em 4 de dezembro passado [1960], todo o Episcopado de Cuba
enviou uma carta ao primeiro ministro denunciando a caráter enti-cristão do
novo regime (cf. "Cristandad", de Barcelona, nº 358, p. 297). Agora,
alguma dúvida que ainda pudesse subsistir sobre o cunho da revolução fidelista
desapareceu de todo. Em 1º de maio deste ano, Fidel Castro proclamou Cuba
Estado socialista, confiscou todas as escolas católicas da ilha, prepondo-lhes
dirigentes revolucionários, e ultimamente decretou a expulsão dos Padres
estrangeiros, prenúncio natural de perseguição mais atroz contra a Igreja, como
tem acontecido em outros países.
B - NO PLANO SOCIAL
Paralelamente a esses golpes desferidos diretamente contra a
Religião, a revolução cubana atacou a fundo duas instituições básicas da
civilização cristã, isto é, a propriedade e a família. A primeira ficou
praticamente abolida por sucessivas reformas, fundamentadas no falso princípio
de que o Estado pode, a seu talante, dispor dos bens particulares: a reforma
agrária, que feriu de morte a propriedade rural, a reforma urbana, que suprimiu
a propriedade imobiliária nas cidades, e a reforma industrial, que confiscou as
fábricas. A família, de seu lado, foi vulnerada pela lei que tirando aos pais o
direito de escolher livremente as escolas para seus filhos, os privou de uma das
mais importantes prerrogativas do pátrio poder.
3 -
Oração e reparação pelo povo cubano
No momento, o que de melhor podemos fazer, à vista destes
fatos dolorosos, é redobrar nossas orações e boas obras, sacrifícios e
penitências, a fim de que Deus Nosso Senhor conceda aos católicos de Cuba a
coragem e a fortaleza de que precisam para imitarem os mártires dos primeiros
séculos, os quais nutriram com seu sangue a semente cristã, e contribuíram para
dar-lhe o vigor de espalhar-se por toda a terra. Orações, boas obras e
sacrifícios nessa intenção, e também para que a misericórdia divina se apiede
da nação irmã, purgue-a logo de seus pecados, lhe dê em breve a alegria de nova
alvorada de liberdade cristã no santo temor de Deus, ali pregado por
missionários da envergadura de Santo Antônio Maria Claret.
(...)
4 - Levantar em prol
dos cabanos perseguidos a opinião pública
Este fervor haurido na oração deve frutificar em atos. Se
cada fiel, nos ambientes que frequenta, se valer de todas as ocasiões para
manifestar sua repulsa à revolução comunista de Fidel Castro, e para acender no
próximo uma santa indignação contra ela, se todos em conjunto aproveitarem as
oportunidades que se apresentarem para dar solene e público testemunho de sua
reprovação à perseguição religiosa naquela ilha, terão feito quanto em si está
para combater o comuno-fidelismo, e se portarão como autênticos membros do
Corpo Místico de Cristo, sensíveis a todos os golpes que esse Corpo recebe em
qualquer parte da terra, como filhos amorosos da Igreja que não suportam seja
Ela perseguida em qualquer nação do mundo.
5 - Aproveitar a
lição que nos vem de Cuba
Entretanto, não pensemos só em Cuba. Não estamos livres de
sofrer também uma revolução marxista. O exemplo das Antilhas constitui ameaça
para toda a América Latina, e não vemos reação proporcionada à gravidade do
perigo. Muito pelo contrário, assistimos a um recrudescimento de ousadia por
parte dos comunistas, e de simpatia, mais ou menos generalizada em vários
setores da sociedade, pelo mundo socialista. De onde a urgência em tirarmos
proveito da lição que nos vem do Norte, meditando atentamente sobre a doutrina
marxista, sua propaganda e seus ardis. Com efeito, a Providência, permitindo a
eclosão do comunismo em Cuba, dá às demais nações católicas do continente um
sinal, altamente expressivo, da gravidade da situação em que elas mesmas se
encontram. Tomar na devida conta esse sinal corresponde, pois, a um dos mais
sérios deveres do momento.
6 - ... especialmente
a lição sobre os ardis comunistas
Mais especialmente, amados filhos e Cooperadores,
pareceu-nos importante chamar vossa atenção para os ardis da propaganda
vermelha. Por meio deles, a minoria comunista, seita tenebrosa, fanatizada e
disciplinada, mas incapaz, por seu pequeno número, de impor seu jugo a um país
tão vasto e católico como o nosso, pretende instaurar entre nós a chamada
ditadura do proletariado. (Continua nas próximas postagens),
Nota minha: Não esqueçamos que D. Antônio de Castro Mayer
escrevia em 1961, antes, portanto do Concílio Vaticano II. Já neste Concílio totalmente
atípico, o grande Bispo de Campos, juntamente com D. Geraldo de Proença Sigaud,
então Arcebispo de Diamantina, puderam perceber o perigo que significava a
Teologia da Libertação já ventilada e planejada para o Brasil principalmente
por D. Hélder Câmara ali no Concílio. E logo depois do Concílio Vaticano II, D.
Antônio já não considerava pequeno o perigo comunista no Brasil, e via Sua Excelência (e outros Bispos conservadores e
também padres) que o perigo era grande, e tão grande que, embora houvesse
necessidade da tomada do Poder pelos militares, o que, graças a Deus, aconteceu
já antes do término do Concílio, mas, quiçá, os próprios governos militares,
não puderam perceber que os comunistas através de infiltrações na Igreja e pela Mídia continuavam a envenenar as mentes dos brasileiros, até chegar a este ponto
crítico atual. E agora, que Deus nos deu esta graça de reverter o rumo de nosso
País, mister se faz que os anti-comunistas não durmam, porque os comunistas,
diabólicos que são, continuarão provocando divisões entre os da direita e trabalhando
coesa e sub-repticiamente para voltarem ao poder. Explorarão como escândalos
enormes as mínimas falhas dos da direita, mesmo que comparadas às dos partidos
de esquerda, sejam quais grãos de areia diante de montanhas. Tal a afã dos comunistas pela volta ao poder,
que não se vexam de explorar até os defuntos.