O comunismo, uma seita
Empregamos intencionalmente a palavra "seita". Não
deveis pensar, com efeito, que o comunismo seja apenas um partido político. Ele
o é, certamente, e suas redes envolvem em muitos países milhares e até milhões
de homens e mulheres organizados politicamente, e que servem de núcleo em torno
do qual gravitam outros milhares de simpatizantes e colaboradores. Mas, o
comunismo é mais do que isso. Ele é uma seita filosófica, que pretende
conquistar o mundo todo para sua maneira de pensar, de querer e de ser. Para
conseguir semelhante conquista, os comunistas se organizam em partido; mas a
arregimentação partidária é apenas um meio, um instrumento para atingir a meta
universal.
O que anima a ação da seita marxista e lhe dá energia
interna, clareza de fins, coesão e consequência é sua ideologia. Vamos expô-la
sucintamente.
Materialismo evolucionista
O sistema comunista é o materialismo levado a suas últimas
consequências. Afirma o marxismo que só existe a matéria. Não há Anjos nem
demônios; não há alma espiritual nem Deus. O homem é pura matéria. Uma força
misteriosa impele esse universo material num processo de desenvolvimento
irreprimível, numa evolução irrefreável. Da matéria anorgânica emanou a vida,
da planta nasceu o animal. Entre os animais houve um aperfeiçoamento lento e
constante, até que apareceu o animal atualmente mais perfeito, cujo cérebro
apresenta o mais alto grau de desenvolvimento. Este animal se chama homem. Com
o tempo, o mesmo processo produzirá outro ser mais perfeito, pois assim como no
passado surgiu o homem vindo do bruto, no futuro deverá surgir um outro ser, um
"super-homem", tanto mais perfeito do que nós quanto nós somos mais
perfeitos do que o macaco. Esta evolução não tem limites.
Tudo é relativo, inclusive a moral
Sendo assim, nossas ideias são relativas. O que me parece
verdade metafísica e moral não tem valor objetivo. É verdade para mim, para meu
estado de evolução. Para um ser mais evoluído, não o será. Em uma palavra, não
há verdade objetiva. Eu crio a verdade; por conseguinte, crio o bem. Logo, não
há metafísica, não há moral. É verdade e é bom o que eu quero que o seja. Não
há Deus. Não há ordem natural que me obrigue. Não há direito natural. Não há
autoridade legítima.
O homem comunista liberta-se de toda aquela maneira de
pensar que tem prevalecido ao longo dos séculos, e estabelece o princípio: a
verdade é o que me convém. É bom o que contribui para meu bem-estar subjetivo.
Ora, a massa é a soma dos indivíduos, dos "eu" que a compõem. Assim,
pois, a expressão máxima do homem é a massa. A massa que mais genuinamente
representa o homem puro, autêntico, é a massa proletária. Portanto, o
proletariado, a massa pobre dos trabalhadores é o árbitro supremo do bem e da
verdade.
Destruição da Igreja, da autoridade, da hierarquia social
Daí se segue que a Religião, a autoridade dos pais e dos
patrões, a propriedade privada, a moral obrigatória e imutável são quimeras
burguesas que se devem apagar da memória dos cidadãos da "era nova".
Igreja, elites sociais, classes tradicionais não têm o menor direito de
existir. Céu, vida futura, ascese, santidade são conceitos que nada representam
de aproveitável.
Ditadura do proletariado
O homem não deve ter nenhuma preocupação religiosa ou moral.
Seu único cuidado deve ser lutar para dar ao proletariado o domínio absoluto da
sociedade e proporcionar aos seus semelhantes, reduzidos todos à condição de
proletários, o bem-estar na terra.
Luta entre os opostos. "Dialética"
A força metafísica que impele o universo para a perfeição é
a luta entre os opostos. Existe nele uma desarmonia constitucional. Do choque
dos elementos opostos brota a síntese, a harmonia momentânea. Mas logo aquilo
que resultou da síntese encontra outro elemento a que se opõe, e eis de novo
uma tese que se defronta com sua antítese para dar origem a uma nova síntese.
Este princípio rege o universo. Rege também a sociedade humana. Poder-se-ia
deixar que o processo que descrevemos se desenvolvesse em seu ritmo natural. A
sociedade lentamente iria realizando suas oposições, à tese contraporia a
antítese, daí resultaria uma síntese, e no fim ter-se-ia necessariamente o
comunismo. Mas este processo necessário pode ser acelerado. O marxismo ensina a
técnica de fazê-lo. É a luta de classes. Descobrindo os opostos, atiça-se a
luta entre eles, lançando um lado contra outro. Assim, um processo que
naturalmente duraria séculos pode desenvolver-se em poucos anos. É a isso que o
marxismo chama "dialética". Joga os pobres contra os ricos, os
colonos contra os fazendeiros, os inquilinos contra os senhorios, os pretos
contra os brancos, os nortistas contra os sulistas, os nacionais contra os
estrangeiros, os leigos contra os Padres,
- eis alguns exemplos de luta
possíveis.
A ciência da Revolução
O comunismo desenvolve uma ciência nova: a ciência da
Revolução. Assim, cientificamente promove a luta dos opostos. Tem esta luta
dois aspectos: um tático e outro estratégico. Este último consiste em apressar
cientificamente a destruição daquelas oposições que, naturalmente, não se
destruiriam antes de séculos, primeiro de coexistência, depois, de luta. A
ciência da revolução estuda, além disso, o aspecto tático. Entre as muitas
lutas possíveis, os dirigentes do comunismo escolhem aquelas que destroem
classes e ordens que mais tenazmente impedem o nivelamento total da sociedade.
Igualitarismo completo
O objetivo final dos sectários de Marx é, portanto, o
nivelamento total, a abolição das classes, o igualitarismo. Esse igualitarismo
é essencial ao comunismo, e é por ser igualitário que ele destrói e suprime o
direito de herança, a família, a propriedade privada, as elites sociais, a
tradição.
Negação total da Religião Católica
Como acabamos de ver, é pois, por uma razão profundíssima
que o comunismo, além de ateu, é revolucionário, violento, cínico, traidor,
mentiroso, implacável, imoral, contrário à família e à propriedade. É por isto
que ele é intrinsecamente mau, como declarou Pio XI 9cf. Enc. "Divini
Redemptoris", ibid., p. 96).
É impossível conciliar o comunismo com o Catolicismo. Ele é
uma seita filosófica que nega radicalmente tudo o que o Cristianismo ensina, e
destrói o próprio fundamento deste, de todo o direito e de toda a filosofia. É
a mais completa negação de Deus (cf. Enc. cit., p. 76).
Paraíso ateu
Desta negação total do bem e da verdade, e da esperança
satânica de realizar o paraíso na terra, sem Deus, sem Cristo, sem a Igreja e
sem autoridade, provém a força interna, o dinamismo obsedante e diabólico que
empolga os comunistas e os faz soldados que não conhecem trégua nem quartel em
sua luta para demolir a ordem baseada no bem e na verdade, baseada em Deus e em
Cristo, que chamamos de Cristandade.
O partido Comunista
Nessa campanha contra a civilização cristã tem um papel
central e preponderante o Partido Comunista. Realmente, ele se arvora em único
representante genuíno da massa proletária. De maneira que se arroga, EM
CONCRETO, o poder ditatorial sobre a
verdade e o bem que, em tese, o comunismo atribui ao proletariado.
Socialismo, comunismo aparentemente mitigado
Após a exposição da teoria do marxismo, convém dizer uma
palavra sobre o socialismo. A realização mais conseqüente deste é o marxismo.
Mas, ao lado do socialismo marxista, há variantes que procuram implantar a
sociedade igualitária, materialista, sem lançar mão dos recursos brutais que
geralmente são preconizados e usados por ele. Essas variantes preferem os meios
legais, as transformações lentas, de modo que, num processo mais suave, mas
igualmente irreprimível, sejam destruídas as instituições da sociedade sem
classes, igualitária, em que o Estado tudo prevê, providencia e domina. Assim,
às vezes o socialismo é o próprio comunismo nu e cru. Outras vezes, adotando
aspecto pacífico e marcha gradual, ele introduz na sociedade sub-repticiamente
o comunismo, e é a ponte, a porta pela qual este penetra na Cristandade. (Excertos da Carta Pastoral de D. Antônio de Castro Mayer, de santa memória, "CONTRA OS ARDIS DA SEITA COMUNISTA).
NB.: Nossa Senhora profetizou em
Fátima que o Comunismo espalharia seus erros pelo mundo todo. É o que
verificamos com tristeza. Estudando atentamente as doutrinas comunistas, como acima
tão magistral e claramente as expõe D. Mayer, constatamos que, talvez por uma
metamorfose ideológica inadvertida, muitos católicos (e até entre os nossos que
se creem tradicionais), estão contaminados pela doutrina comunista. Estes
católicos desgraçadamente também ajudaram o PT, por vários anos, a levar o
nosso querido Brasil ao caos total ou quase. Peçamos a Nossa Senhora Aparecida,
Rainha e Padroeira do Brasil, que nos livre mais uma vez do comunismo. Amém!
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