"Conhecidos a doutrina e os princípios marxistas, será ainda
necessário estudar a maneira como os comunistas agem para chegar ao seu
ideal de uma sociedade sem classes (cf.
Enc. cit., ibid., p. 70). Em outras palavras, quais as características pelas
quais se conhecem os movimentos comunistas, ou os que, embora não sendo tais,
servem ao comunismo.
Na impossibilidade de descrever todas estas características,
lembremos apenas duas mais importantes e frequentes.
Ódio e intransigência pessoal
A primeira delas é a odiosa intransigência pessoal dos
movimentos comunistas. Eles tendem sempre a criar e exacerbar a aversão contra
uma classe social cuja existência, segundo a ordem natural das coisas, nada tem
de injusto. Como a subsistência dessa classe constitui um empecilho ao triunfo
da seita, os comunistas a votam ao extermínio. Pode haver motivos para se
condenarem pessoas, sem que, por isso, se falte à justiça e à caridade. O que
não é cristão é investir furiosamente contra uma classe sempre tida como
legítima e necessária à boa ordem social, como se ela não passasse de um câncer
da sociedade, a ser urgentemente extirpado.
Quando, pois, se enceta uma ação contra determinada
categoria social, não com base em princípios definidos ou em fatos concretos e
comprovados, mas com fundamento em doutrinas vagamente humanitárias e acusações
imprecisas, excitando os espíritos à detestação pura e simples da classe em
vista, podemos ter certeza de que há nessa campanha o ódio característico dos
comunistas, ainda que seus promotores não se confessem tais. Sempre que uma
campanha se reveste desse cunho de oposição fanática e incondicional contra uma
classe determinada, há nela dedo comunista. E a colaboração que se dê a
semelhante movimento é, no fundo, uma colaboração para o triunfo do comunismo.
Demagogia e exagero a propósito de problemas secundários
Além disso, como as campanhas marxistas são determinadas por
considerações táticas e não por motivos morais, é muito freqüente não
focalizarem elas a injustiça social mais grave, nem a que é mais urgente
remediar; ou então não a focalizarem nos seus justos termos. Assim, quando se
generaliza uma campanha contra um mal social, uma injustiça, uma situação
deprimente, etc., é preciso examinar e ver se o caso posto em foco existe de
fato, se apresenta a importância que a campanha lhe atribui, se esta o situa
bem no conjunto das atividades sociais, de sorte que se possa afirmar que ela
não é movida por um intuito de oposição sistemática, de acirramento de ódios e
lutas, mas por uma vontade certa e sincera de corrigir um mal existente. Sempre
que não se verifiquem estas características todas, podemos estar seguros de que
a campanha envolve o interesse de fomentar a luta de classes, meio de que se
utilizam os comunistas, como vimos, para implantar o domínio de sua seita.
Colaborar com semelhantes campanhas é colaborar para o triunfo do marxismo.
Exemplo atual: a influência comunista na campanha pró-reforma agrária [Ainda
é atual e até mais forte]
Exemplifiquemos co o
que atualmente se observa no movimento a favor da reforma agrária no País. De
fato há entre nós injustiças no campo, de fato é preciso melhorar, o mais breve
possível, as condições de existência e trabalho do operário agrícola
brasileiro. E um movimento que tendo verdadeiramente a esse fim, só pode ser
louvado. O que se nota, no entanto, em quase toda a presente campanha em prol
da reforma agrária, é um esforço para excitar os espíritos contra a própria
estrutura rural hoje existente no Brasil, acusada, sem provas, de responsável
pelos males do campo e pela crise econômica nacional; e com essa excitação
visa-se a levantar a opinião pública contra os proprietários da terra, sem
considerar a inviolabilidade do direito de propriedade e os imensos benefícios
que muitos fazendeiros proporcionaram e ainda proporcionam à coletividade." (Extraído
da CARTA PASTORAL prevenindo os diocesanos contra os ardis da seita comunista,
escrita por D. Antônio de Castro Mayer em 13 de maio de 1961).
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