sábado, 7 de novembro de 2020

A GRAÇA ATUAL

GRAÇA ATUAL

TEXTOS BÍBLICOS:  1 -"É Deus que opera em nós o querer e o fazer" (Fl II, 13).

                                     2 - "Ora, sendo nós cooperadores (de Cristo) vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus" (II Cr VI, 1).

REFLEXÕES: Deve-se distinguir a graça habitual, que é uma disposição permanente para viver e agir conforme o chamado divino, e as GRAÇAS ATUAIS, que são as intervenções divinas, quer na ordem da conversão, quer no decorrer da obra de santificação. Na verdade, Deus acaba em nós aquilo que Ele mesmo começou: começa com sua intervenção, fazendo com que nós queiramos e acaba cooperando com as moções de nossa vontade já convertida. Como mostrou S. Agostinho, Deus termina premiando os seus próprios dons, porque todo bem vem d'Ele, o Sumo Bem. Daí a oração deste doutor da graça: "Dai-me o que ordenais, e ordenai-me o que quiserdes".

Se na ordem da natureza já temos necessidade do concurso de Deus para agir, com maior razão, na ordem sobrenatural. Para exercitar as nossas faculdades (inteligência e vontade) precisamos de moções divinas: são as graças atuais. São luzes para a inteligência e força para a vontade. Daí a definição dada pelos teólogos: Graça atual é um auxílio sobrenatural e transitório que Deus nos dá para nos iluminar a inteligência e fortalecer a vontade na produção dos atos sobrenaturais. A graça atual eleva e move nossas faculdades espirituais.

Exemplo de graça interior: antes da conversão (justificação) ela ilumina o pecador acerca da malícia e dos temerosos efeitos do pecado, para o levar a detestar tão grande mal. Depois da justificação (conversão), mostra-lhe, à luz da fé, a infinita beleza de Deus e a sua misericordiosa bondade, a fim de levar o convertido a amá-Lo de todo coração.

Exemplo de graças exteriores: Estas graças atingem INDIRETAMENTE  as nossas faculdades espirituais (e quase sempre são acompanhadas de graças interiores). São: leituras espirituais (máxime das Sagradas Escrituras), vida dos Santos, sermões, o bom exemplo de pessoas piedosas, boas conversas, músicas religiosas (como o Gregoriano e as parecidas a este) etc. São coisas que causam impressões favoráveis à conversão e/ou à santificação.

S. Paulo exorta-nos a não recebermos em vão as graças de Deus, porque, na verdade, Deus respeita a nossa liberdade: criou-nos sem nós, mas não nos santifica sem nós; Deus exige a nossa LIVRE COOPERAÇÃO. Cabe-nos acolher com alegria as primeiras iluminações da graça, seguir docilmente as suas inspirações, mau grado os obstáculos, e pô-las em prática, mesmo se exigir grandes sacrifícios. Mas Deus não se deixa vencer em generosidade: quando correspondemos com generosidade, Ele já tem novas graças para nos dar.

"Se aprouve à bondade divina, diz Tanquerey, derramar nas nossas almas uma vida nova, uma participação da sua vida divina, se nos deu virtudes e dons para praticarmos atos sobrenaturais e deiformes; se, pela graça atual, nos convida ao esforço, ao progresso espiritual, ficar-nos-ia mal rejeitar estas amabilidades divinas, levar uma vida medíocre e só produzir frutos imperfeitos".

PARÁBOLA: Uma princesa, órfã de pais, morava num dos castelos dos seus domínios recebidos em herança.. Um dia, a filha de um pobre pedreiro foi procurá-la apressadamente e disse-lhe: Alteza, meu pai está à morte; venha imediatamente vê-lo porque tem algo a dizer-lhe. A orgulhosa princesa não fez caso  do recado dizendo: "que pode ter um pedreiro a dizer-me na hora da morte?" Uma hora mais tarde, chegava de novo a filha do pedreiro ofegante de tanto correr: _ "Alteza _ disse _ venha depressa! Meu pai diz que a mãe da senhora, durante a última guerra mundial, mandara embutir numa parede de um dos castelos, uma grande quantidade de ouro, prata e diamantes. Meu pai tinha ordem de não lhe dizer nada antes que a senhora completasse vinte anos. Mas, como está certo de que vai morrer, quer antes revelar-lhe o secreto local do imenso tesouro".

No mesmo instante a jovem princesa saiu a correr para a casa do agonizante. Aconteceu, porém, que, ao entrar ela no quarto, o pedreiro acabava de expirar.

A princesa empregou grandes esforços para descobrir o tesouro escondido, mas tudo foi em vão. A herdeira do tesouro materno jamais o encontrou.

Lição: Muitos procedem a respeito da graça de Deus como aquela jovem princesa. Fazem deste tesouro divino muito pouco caso. Virá, porém, uma hora em que não mais o encontrarão.  Daí dizer S. Agostinho: "Temo a Jesus que passa em não volta mais".

Ó dulcíssimo Jesus, que a vossa graça nunca seja vã em mim! Amém!

  

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