GRAÇA ATUAL
TEXTOS BÍBLICOS: 1 -"É Deus que
opera em nós o querer e o fazer" (Fl II, 13).
2 - "Ora, sendo nós cooperadores (de Cristo) vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus" (II
Cr VI, 1).
REFLEXÕES: Deve-se distinguir a graça habitual, que é uma disposição
permanente para viver e agir conforme o chamado divino, e as GRAÇAS ATUAIS, que
são as intervenções divinas, quer na ordem da conversão, quer no decorrer da
obra de santificação. Na verdade, Deus acaba em nós aquilo que Ele mesmo
começou: começa com sua intervenção, fazendo com que nós queiramos e acaba
cooperando com as moções de nossa vontade já convertida. Como mostrou S.
Agostinho, Deus termina premiando os seus próprios dons, porque todo bem vem
d'Ele, o Sumo Bem. Daí a oração deste doutor da graça: "Dai-me o que ordenais, e ordenai-me o que quiserdes".
Se na ordem
da natureza já temos necessidade do concurso de Deus para agir, com maior
razão, na ordem sobrenatural. Para exercitar as nossas faculdades (inteligência
e vontade) precisamos de moções divinas: são as graças atuais. São luzes
para a inteligência e força para a vontade. Daí a definição dada pelos
teólogos: Graça atual é um auxílio
sobrenatural e transitório que Deus nos dá para nos iluminar a inteligência e
fortalecer a vontade na produção dos atos sobrenaturais. A graça atual
eleva e move nossas faculdades espirituais.
Exemplo de
graça interior: antes da conversão (justificação) ela ilumina o pecador acerca
da malícia e dos temerosos efeitos do pecado, para o levar a detestar tão
grande mal. Depois da justificação (conversão), mostra-lhe, à luz da fé, a
infinita beleza de Deus e a sua misericordiosa bondade, a fim de levar o
convertido a amá-Lo de todo coração.
Exemplo de
graças exteriores: Estas graças atingem INDIRETAMENTE as nossas faculdades espirituais (e quase
sempre são acompanhadas de graças interiores). São: leituras espirituais (máxime
das Sagradas Escrituras), vida dos Santos, sermões, o bom exemplo de pessoas
piedosas, boas conversas, músicas religiosas (como o Gregoriano e as parecidas
a este) etc. São coisas que causam impressões
favoráveis à conversão e/ou à santificação.
S. Paulo
exorta-nos a não recebermos em vão as graças de Deus, porque, na verdade, Deus
respeita a nossa liberdade: criou-nos sem nós, mas não nos santifica sem nós;
Deus exige a nossa LIVRE COOPERAÇÃO. Cabe-nos acolher com alegria as primeiras
iluminações da graça, seguir docilmente as suas inspirações, mau grado os
obstáculos, e pô-las em prática, mesmo se exigir grandes sacrifícios. Mas Deus
não se deixa vencer em generosidade: quando correspondemos com generosidade,
Ele já tem novas graças para nos dar.
"Se aprouve
à bondade divina, diz Tanquerey, derramar nas nossas almas uma vida nova, uma
participação da sua vida divina, se nos deu virtudes e dons para praticarmos
atos sobrenaturais e deiformes; se, pela graça atual, nos convida ao esforço,
ao progresso espiritual, ficar-nos-ia mal rejeitar estas amabilidades divinas,
levar uma vida medíocre e só produzir frutos imperfeitos".
PARÁBOLA: Uma princesa, órfã de pais, morava
num dos castelos dos seus domínios recebidos em herança.. Um dia, a filha de um
pobre pedreiro foi procurá-la apressadamente e disse-lhe: Alteza, meu pai está
à morte; venha imediatamente vê-lo porque tem algo a dizer-lhe. A orgulhosa
princesa não fez caso do recado dizendo:
"que pode ter um pedreiro a dizer-me na hora da morte?" Uma hora mais
tarde, chegava de novo a filha do pedreiro ofegante de tanto correr: _ "Alteza
_ disse _ venha depressa! Meu pai diz que a mãe da senhora, durante a última
guerra mundial, mandara embutir numa parede de um dos castelos, uma grande
quantidade de ouro, prata e diamantes. Meu pai tinha ordem de não lhe dizer
nada antes que a senhora completasse vinte anos. Mas, como está certo de que
vai morrer, quer antes revelar-lhe o secreto local do imenso tesouro".
No mesmo
instante a jovem princesa saiu a correr para a casa do agonizante. Aconteceu,
porém, que, ao entrar ela no quarto, o pedreiro acabava de expirar.
A princesa
empregou grandes esforços para descobrir o tesouro escondido, mas tudo foi em
vão. A herdeira do tesouro materno jamais o encontrou.
Lição: Muitos
procedem a respeito da graça de Deus como aquela jovem princesa. Fazem deste tesouro
divino muito pouco caso. Virá, porém, uma hora em que não mais o
encontrarão. Daí dizer S. Agostinho: "Temo a Jesus que passa em não volta
mais".
Ó dulcíssimo Jesus, que a vossa graça
nunca seja vã em mim! Amém!
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