CARTA PASTORAL (3)
prevenindo os
diocesanos contra os ardis da seita comunista.
Escrita em 13 de maio
de 1961 pelo então Bispo da Diocese de Campos, D. Antônio de Castro Mayer, de
saudosa memória.
I - OS OBJETIVOS "HUMANITÁRIOS" DOS
COMUNISTAS E A COLABORAÇÃO COM OS CATÓLICOS
6 - Insinceridade
fundamental do "humanitarismo" comunista
"Os comunistas não querem a reparação dos males, das
injustiças sociais. O regime que eles aplaudem é a mais tremenda tirania,
arvorada em sistema de governo. O que eles desejam é produzir um ambiente de
luta, de exacerbação contra as elites. Seu fim imediato é provocar a
inquietação social, a desunião dos espíritos. Não os perturba, de modo nenhum,
a violação da lei moral. Para eles não existe lei moral (cf. Enc. "Divini Redemptoris,
A. A. S., vol. 29, pp. 70 e 76). O que lhes é sobremaneira útil é excitar e
manter a luta de classes, luta de extermínio, sem qualquer tentativa de
conciliação harmoniosa como quer a Igreja. Eis o que se lê na História do
Partido Comunista da URSS, publicação oficial dos soviets: "Para não se enganar em política, é preciso ser revolucionário e
não reformista [...]. É preciso seguir uma intransigente política proletária de
classe, e não uma política reformista de harmonia de interesses do proletariado
e da burguesia, não uma política conciliadora de INTEGRAÇÃO do capitalismo no
socialismo" (apud "Itinéraires", de Paris, nº 52, p. 99). Na
Encíclica "Divini Redemptoris", por seu lado, Pio XI consigna que o
ideal que visam os esforços dos marxistas é exacerbar a luta de classes (A. A.
S., vol. 29, p. 70).
7 - A seita comunista
oculta ao grande público suas verdadeiras doutrinas
Hoje, a propaganda dos comunistas não apresenta nem sua
doutrina, nem seus objetivos de modo claro, patente ao grande público. Fê-lo no
começo, ma logo percebeu que assim afastava os povos do marxismo (cf. Enc.
ibid. p. 95), tão brutal é a essência deste. Por isso, a seita "mudou de tática, e procura
ardilosamente seduzir as multidões, ocultando os próprios intuitos atrás de
ideias em si boas e atraentes" (Enc. cit., ibid. p. 95). É assim que os
comunistas, "mantendo-se firmes em
seus perversos princípios, convidam os católicos a colaborar com eles, no campo
chamado humanitário e caritativo, procurando, por vezes, coisas em tudo até
conformes ao espírito cristão e à doutrina da Igreja" (Enc. cit., ibid. p. 95).
8 - Colaborar com as
campanhas da seita marxista é fazer-lhe o jogo
De onde se vê que toda colaboração prestada a uma campanha
na qual se empenham também os comunistas
- ainda quando não se apresentem
como tais - é uma colaboração que se dá à implantação do
marxismo. O exemplo doloroso de Cuba nos adverte, e a simples observação da
maneira de agir da seita nos convence.
Cumpre distinguir, a esse propósito, entre colaboração mútua
e ocasional convergência de esforços. Há colaboração quando católicos e
comunistas, trabalhando para o mesmo objetivo imediato, se auxiliam uns aos
outros, ou, pelo menos, calam temporariamente o fundamental e recíproco
antagonismo em que se encontram. A colaboração redunda sempre em proveito dos
marxistas. Pode acontecer, entretanto, que os católicos iniciem uma determinada
campanha, e, fortuita ou ardilosamente, os comunistas também se movimentem no
mesmo sentido. Haverá então, como adiante veremos, uma convergência de esforços
ocasional, que poderá não trazer vantagem para os comunistas, se os católicos
recusarem articular qualquer ação com eles, bem como estabelecer com o
comunismo um armistício ainda que temporário.
Os asseclas de Marx jamais trabalham senão para favorecer a
sua causa. Se há um movimento totalitário no mundo, no qual não se desperdiça
força alguma, no qual tudo, absolutamente tudo, é calculado em função do fim
colimado, é o dos comunistas. Assim, onde quer que haja ação destes, há aí um
interesse do comunismo, e é infantil pretender desviar-lhes a atividade, uma
vez que o comunista, enquanto permanece tal, não abandona seu ponto de mira, e
habitualmente não se engana nos seus cálculos. Não por outro motivo condenou
Pio XI qualquer colaboração com os marxistas.
9 - ... mesmo quando ela
propõe planos conformes à doutrina católica
Ainda mesmo quando eles propõem - o
que o Papa [Pio XI] prevê - "projetos
em todos os pontos conformes ao espírito cristão e à doutrina da Igreja", ainda
nesses casos (e, atendendo-se ao espírito da "Divini Redemptoris",
mais especialmente nesses casos, "NÃO SE PODE PERMITIR EM CAMPO ALGUM A
COLABORAÇÃO RECÍPROCA COM O COMUNISMO" (Enc. cit. ibid., p. 96). A
proibição de Pio XI é categórica, e não admite exceções: é preciso que não haja
colaboração recíproca em nada - NULLA IN RE
- com esta seita execrável.
E a razão é que, quando os comunistas aliciam os católicos,
à sua maneira, isto é, com "projetos
em todos os pontos conformes ao espírito cristão e à doutrina da Igreja", eles
nada mais fazem do que preparar uma armadilha, porquanto, como diz o Papa,
procuram "ardilosamente seduzir as
multidões, ocultando os próprios intuitos atrás de ideias em si boas e
atraentes" (Enc. cit., ibid., p. 95).
De toda essa lição de Pio XI se deduz que os fiéis que se
unem aos comunistas na busca de objetivos inteiramente "conformes ao espírito cristão e à doutrina da Igreja", caem
numa cilada e colaboram para a implantação do comunismo no mundo."
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